A efetividade no manejo de plantas daninhas é fundamental para que as mesmas não provoquem interferência nas culturas de interesse econômico. A técnica de manejo mais empregada é o controle químico, com a utilização de herbicidas, normalmente de amplo espectro de ação e alta efetividade.
O objetivo do uso dos herbicidas é eliminar as espécies de plantas daninhas antes da semeadura da cultura ou na pós-emergência, além disso, dependendo do tipo da molécula, o seu uso diminui a emergência de novos fluxos de plantas daninhas em um determinado período de tempo, devido seu efeito sobre o banco de sementes do solo, interferindo diretamente na germinação e/ou estabelecimento de novas plantas.
Quando ocorre a semeadura e emergência de uma cultura, como a soja, na ausência de plantas daninhas, não há a competição interespecífica, ou seja, os recursos disponíveis no ambiente serão utilizados apenas para que a planta expresse seu potencial produtivo.
Entre os herbicidas, o glifosato é o mais utilizado para a dessecação em pré-semeadura da soja, mas devido a presença de espécies de difícil controle, outros mecanismos de ação são inseridos no manejo, como os Mimetizadores de Auxína, Inibidores de ALS, Fotossistema I, Protox, Glutamina Sintase entre outros. Com a disponibilidade de diferentes mecanismos de ação é importante adotar uma estratégia de rotação de ativos, com o objetivo de diminuir a seleção de populações de plantas daninhas com resistência aos herbicidas.
Problemas recorrentes
O emprego de uma prática de manejo isolada, como o controle químico, associado a um sistema de produção com baixa diversidade de espécies favorece a seleção de populações com resistência aos herbicidas.
Além da necrose, algumas populações de buva com resistência ao 2,4-D não apresentam sintomas característicos de epinastia de um herbicida auxínico. Desta forma, os efeitos da molécula na planta não ocorrem, impedido que se tenha o controle efetivo da mesma. Após 14 a 21 dias da aplicação, a planta inicia o processo de recuperação, emitindo novas folhas e retomando seu desenvolvimento.
A constatação do biótipo de buva com resistência ao 2,4-D foi realizada no ano de 2017, com a coleta de uma população da planta no município de Assis Chateaubriand – PR. Para agravar a situação, esta população apresenta resistência múltipla a cinco diferentes herbicidas (glifosato, 2,4-D, diurom, saflufenacil e paraquat), provocando maior dificuldade de manejo para os produtores.
Para o manejo de buva com resistência múltipla, o custo de produção aumenta mais de 5 vezes (Figura 2), pois é necessário mais de uma aplicação de herbicida e associação de diferentes mecanismos de ação para o controle efetivo da planta.
Os herbicidas mais utilizados para o manejo da resistência ao 2,4-D, são produtos à base de dicamba e triclopyr, também pertencentes aos mimetizadores de auxína, que vem se apresentando como uma boa alternativa de manejo, pois mesmo pertencendo ao mesmo mecanismo de ação, não são observados sintomas de necrose rápida e os estudos realizados até o momento não demonstram resistência cruzada a estes herbicidas.
Resultados Experimentais
Devido à dificuldade de manejo de buva, o Centro de Pesquisa Agrícola da Copacol (CPA Copacol), localizado no município de Cafelândia-PR, realizou um trabalho com o objetivo de encontrar alternativas de manejo de biótipos de buva com resistência ao 2,4-D.
O experimento foi realizado em plantas de buva em estádio avançado de desenvolvimento, com altura média de 20 à 25 cm, com a utilização de equipamento costal de aplicação pressurizado com CO2 e volume de calda de 200 L/ha. Os tratamentos, doses e resultados obtidos estão descritos na Tabela 1.
Além disso, o herbicida paraquat não é mais utilizado na agricultura devido a seu banimento, e o uso de saflufenacil e glufosinato de amônio deve aumentar para o controle de buva em ambientes com a presença da planta daninha.
Além do controle químico, a adoção de práticas de manejo cultural, como a rotação de culturas, que aumentem a diversidade do sistema e produção de biomassa (palha) sobre solo, tem grande contribuição para o manejo de plantas daninhas, principalmente em espécies fotoblásticas positivas como a buva, resultando em uma maior sustentabilidade no sistema de produção.