Bruna San Martin Rolim Ribeiro, Eduardo Daniel Friedrich, Luiz Felipe Vieira Sarmento, Simone Puntel, Isabeli Wolski Brendler, Francisco Tonetto, Nereu Augusto Streck, Isabela Bulegon Pilecco, Isadora Brondani, Paula de Souza Cardoso, Ioran Guedes Rossato, Camila Menegheti, Larissa Pozzer, Giovana Ghisleni Ribas, Letícia Miranda Cechin, Rogério Cechin, Alencar Junior Zanon
1. A lacuna de produtividade na cultura do milho
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho (Zea mays), sendo superado apenas pela produção da China e dos Estados Unidos. O Rio Grande do Sul (RS) é o terceiro maior produtor do Brasil com uma produção de aproximadamente 5 milhões de toneldas em uma área de 750 mil hectares (CONAB, 2019). Apesar do contínuo aumento da produtividade média da milho no RS, ainda há uma considerável diferença entre as produtividades medidas em experimentos (25,0 t/ha) e da produtividade média atual no RS (7,6 t/ha) (CONAB, 2019). Esta lacuna é um incentivo para continuar os esforços científicos visando minimizá-la. O potencial de produtividade (PP) é a produtividade máxima de uma cultura em determinado ambiente, sob condições em que não há limitação de nutrientes, de fatores biótico (doenças, plantas daninhas e insetos) e água (EVANS, L.T. & FISCHER, R.A. 1999).
A lacuna de rendimento (LR), do inglês yield gap, é a diferença entre PP e as produtividades médias dos agricultores (RM) (LOBELL et al., 2009). Os estudos de lacunas de produtividade permitem identificar os principais fatores de manejo que limitam o aumento do rendimento dos agricultores e direcionar novas linhas de pesquisa, além de aprimorar as atuais práticas de manejo. Neste sentido, um dos fatores mais importantes no milho é a densidade populacional, pois sendo bem ajustada, a interceptação da radiação solar é maximizada, ocorrendo assim um aumento na produtividade.
2. O que foi avaliado?
A Equipe FieldCrops em parceria com produtores de milho do RS realizou um trabalho na safra 2018/2019 com o objetivo de: (i) estimar a produtividade de milho por planta e (ii) avaliar se existe variação na produtividade de milho em função da densidade de plantio. Foi utilizado um milho híbrido de alto potencial produtivo com grupo de maturação superprecoce nas densidades de semeadura: 60, 80, 100, 120 e 140 mil plantas/ha, que compreendem a faixa de densidade utilizada no RS. Foram analizadas 20 plantas por densidade.
- Foi estimado o quanto produziria uma lavoura de milho se todas as plantas seguissem o padrão da melhor planta. - Foi feito a contagem do número de grãos que iniciaram o enchimento, mas não encheram completamente (chamado de “grãos degenerados”), assim, foi possível quantificar a perda de produtividade.
3. Qual a melhor densidade de semeadura?
A menor variabilidade entre plantas ocorreu nas densidades de 60 e 80 mil plantas/ha (Figura 1A e 1B), sendo está a faixa de densidade de semeadura recomendada para a maioria dos híbridos no RS pela maior estabilidade de plantas.
As maiores produtividades foram encontradas na densidade de 120 mil plantas/ha, porém, não significa que esta seja uma densidade adequada, pois a partir da densidade de 100 mil plantas/ha tivemos perda de espigas/m² pela ocorrência de esterilidade feminina para este híbrido. Além disso, na densidade de 100 mil plantas/ha observamos maior variabilidade entre plantas, o que resultou em uma lacuna de produtividade de 16,8 ton/ ha (diferença entre a maior e a menor produtividade – Figura 1C). Nesse sentido, com alta densidade de semeadura (Figura 1C, 1D e 1E) ocorreu um aumento do número de grãos degenerados devido a competição entre plantas, por nutrientes, água e luz.
Isso também pode ser observado na Figura 2, onde temos a variação do número de grãos por fileira e tamanho de espiga de milho em relação a densidade populacional. O híbrido utilizado no experimento possui a característica de alto potencial produtivo e tolerância à densidade, isso explica a pequena diferença entre a média de produtividade por planta (linha tracejada em preto) quando exposto a diferentes populações (Figura 1A, 1B, 1C, 1D e 1E). Entretanto, para a escolha da melhor densidade é preciso estudar a viabilidade econômica em função do custo obtido para a aquisição de sementes.