David Peres da Rosa
Quando falamos em dimensionamento, logo vem em nossa mente: construção, dimensões, algo que parte do zero, ou de algo parcial que será ampliado. Mas na verdade, quando falamos em dimensionamento agrícola, podemos ter duas premissas:
Projetar equipamentos;
Planejar o uso de equipamentos.
O Projetar Equipamentos, que se refere a partir do zero, verificamos qual a demanda necessária para atingir objetivo da produção agrícola daquela fazenda, ou daquela operação para qual está sendo necessário um novo equipamento, já o Planejar o Uso de Equipamentos, partimos de algo pré-existente, levando ao dimensionamento do seu uso.
Este tema cada vez mais está sendo demandado naquelas fazendas ditas Empresas rurais, o qual cada vez mais buscam inovar, bem como se organizar e otimizar o processo. Infelizmente, as propriedades menores, até mesmo de médio porte, são incomuns de ter pessoas, técnicos realizando esta ação, assim como empresas especializadas nessa área.
Embora tenhamos algumas entidades públicas ou escritórios de projetos de custeio agrícola, infelizmente não utilizam de uma metodologia padrão e correta que iremos mostrar aqui, claro, que muitas vezes são condicionados à falta de organização da propriedade.
Vamos tentar abordar nessa matéria a explicação destes dois objetivos do dimensionamento agrícola.
Existem alguns métodos de planejamento de uma lavoura agrícola, onde a função de cada um é facilitar o planejamento do sistema motomecanizado. Este método passo a passo é o mais utilizado pelos, digamos “Planejadores de mecanização agrícola”, em função de ser um método prático e retro-alimentativo, ou seja, pode ser alimentado ao longo do tempo, visto que com o passar do tempo, com o ganho de experiência do projetista, pode ser incorporado ao método como um estabelecimento da implantação de uma operação com mais precisão.
Um problema muito frequente que há no campo é o superdimensionamento, quando a máquina ou implemento agrícola está além da necessidade real da propriedade, muitas vezes fadada ao fato de que o produtor deseja realizar uma atividade em pouco tempo. Um exemplo que temos é a semeadura, momento inicial de instalação de uma cultura, aqui, se analisarmos, ao escolher uma variedade, teremos acesso ao seu zoneamento, quais os períodos que podemos realizar a sua instalação, esta por sua vez, geralmente ocorre em algumas semanas, chegando alguns locais, há meses.
Contudo, mesmo que se tenha disponível, por exemplo, 60 dias de semeadura, os produtores desejam realizar tal ação em menos de uma semana. Claro, deve ser levado cada caso em análise, não existe um padrão a ser considerado aqui, mas iremos tentar explicar nesse artigo alguns procedimentos que devem ser levados em consideração.
Vivemos uma atual conjectura em que o Agro está cada vez mais importante no Brasil. Se analisarmos a evolução do produto interno bruto (PIB) do Brasil, é uma linear crescente, salve o impacto que tivemos em 2020 com o COVID-19, o qual pode ser observado na Figura 1, uma redução do crescimento. Chegamos em 2020 a R$ 1.891.735,00, sendo que no ano de 2019, a participação do agronegócio no PIB foi de 21,4%, um volume muito expressivo.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais que são produzidos por um país, estado ou cidade durante um ano. Esta participação do agronegócio só aumenta a pressão da cadeia produtiva, ainda mais com desafio de aumentar a produção agrícola em 70%, em face do aumento da demanda mundial por alimentos, que segundo o relatório da Organização da Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2012), no ano de 2050 chegará a 9 bilhões de pessoas.
Nesse contexto, é primordial o dimensionamento correto de qualquer implemento ou máquina na propriedade, independente do tamanho desta. Tentaremos explicar alguns procedimentos que estão envolvidos no dimensionamento: inicialmente, será explicado o dimensionamento de algo novo, e após, a situação contrária, algo já pré-existente, o gerenciamento e planejamento.
Quando iremos dimensionar algum equipamento na propriedade, necessitamos primeiramente estabelecer um cronograma de operações, vamos enumerar como:
Se a opção for alterar a velocidade, nesse caso necessitamos acelerar a operação, para poder anteder a demanda. Se a opção for ampliar o cronograma, temos que analisar todas as operações, pois mexendo nesse, irá afetar toda a cadeia, conforme falamos aqui, é uma corrente, cada elo afeta o próximo. Na alteração da velocidade, é necessário avaliar as implicações com as perdas na operação, dano mecânico, redução da plantabilidade? Nessa situação, aumentar tanto a jornada quanto um pouco da velocidade podem ser a melhor opção.
Podemos ver que, diferente de uma receita pronta de uma comida, aqui tudo irá depender. Cada ano será um planejamento, pois estamos trabalhando com intempéries que são altamente variáveis e com pessoas, desta forma, tudo se resume ao planejamento das atividades.
Referências
FAO. Status of the World & Soil Resources. Acessed 15 jan 2018. Available: http://www.fao.org/3/a-i5199e.pdf
ANDA. Principais indicadores 2018. Accessed 15 jun 2018. Available: http://anda.org.br/wpcontent/uploads/2018/10/Principais_Indicadores_2018.pdf.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES INIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA – FAO. Demanda mundial por alimentos. Disponível em: . Acesso em: 12 de abril de 2017.