Perguntas e Respostas: Existe alguma forma de consórcio de plantas de cobertura que trabalhe na inibição/antagonismo do mofo branco?


Autores: Equipe Editorial Revista Plantio Direto
Publicado em: 28/02/2019

O mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) é uma doença que requer um manejo no sistema como um todo, não apenas focando na cultura, e não dependendo de uma única ferramenta. O controle químico, juntamente com controle biológico, e utilização de práticas como mudança na densidade de população, e uso de cultivares de diferentes ciclos, são todas ferramentas que podem auxiliar no manejo da doença.

Uma vez instalado na área, o objetivo é buscar reduzir o inóculo ao máximo possível, pois a erradicação desse patógeno na área é muito difícil. A utilização de rotação de culturas e plantas de cobertura específicas pode ajudar na redução do mofo branco.

Esse fungo atinge mais de 500 espécies de plantas, principalmente das famílias das leguminosas (ex: soja, feijão, ervilhaca, crotalária), crucíferas (ex: nabo forrageiro, canola) e asteraceas (ex: girassol), além de outras espécies como algodão.

Por isso, em um programa de redução do mofo branco, deve-se priorizar o uso de gramíneas na rotação com culturas comerciais, como trigo, cevada, aveia, milho, e na entressafra, quando for possível, utilizar plantas de cobertura como aveias, centeio, braquiária, capins para pastagem em geral, entre outras espécies gramíneas.

Quando for feita utilização de “coquetéis” de sementes de plantas de cobertura em áreas que já se sabe que há mofo branco presente, deve-se priorizar misturas com maior proporção de gramíneas do que leguminosas e outras espécies.

O aumento da diversidade de espécies de plantas cria um ambiente favorável ao desenvolvimento de microorganismos antagonistas do mofo branco, e inclusive a entressafra com plantas de cobertura diversas pode ser um momento para utilização de agentes de controle biológico específicos, como o fungo Trichoderma.

Há escassez de pesquisas em relação a quais plantas tem melhor desempenho, mas alguns resultados indicam que o uso de braquiária como planta de cobertura, seja ela isolada ou no Sistema Santa Fé (consorcio de milho e braquiária), tem efeito na redução de inóculo do mofo branco na área

 

Referências

GÖRGEN, C. A.; SILVEIRA NETO, A. N. DA, CARNEIRO, L. C., RAGAGNIN, V., LOBO JUNIOR, M. Controle do mofo-branco com palhada e Trichoderma harzianum 1306 em soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 44(12), 1583-1590. 2009.

GÖRGEN, C. A.; CIVARDI, E. A.; RAGAGNIN, V. A.; SILVEIRA NETO, A. N. DA; CARNEIRO, L. C.; LOBO JUNIOR, M. Redução do inóculo inicial de Sclerotinia sclerotiorum em soja cultivada após uso do sistema Santa Fé. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.45, n.10, p.1102-1108, out. 2010.

VIEIRA JUNIOR, J. A. L. ; FIORENTIN, O. A.; VASQUES, P. C. Mofo-branco em soja. Revista Plantio Direto, Passo Fundo, n. 163, p. 14-19, 2018.