Estande e distribuição longitudinal do milho em sistema de manejo do solo e velocidade de semeadura


Autores: Marcelo L. Schmidt Júnior, Caio R. Folini, Sálvio N. S. Arcoverde, Jorge W. Cortez
Publicado em: 31/10/2018

Introdução

O sistema de semeadura direta (plantio direto) tem como princípio a realização da semeadura em solo sem preparo prévio, visando à obtenção de menor mobilização do solo e à redução do tráfego de máquinas sobre a área de semeadura (Trogello et al., 2013). Aliado a isso, visa à produção e manutenção de grande quantidade de massa vegetal para cobertura de solo, que contribui para a prevenção da erosão hídrica, conservação e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo e no aumento de sua capacidade de armazenamento de água, resultando em aumento da produtividade e melhoria de características agronômicas da cultura do milho (Possamai et al., 2001).

Outros fatores, porém, relacionados à operação de semeadura devem ser considerados, uma vez que podem acarretar em erro na distribuição, deposição e profundidade das sementes feita pela semeadora.

Neste contexto, tais erros operacionais são reduzidos quando da escolha adequada da velocidade de semeadura do milho, diretamente relacionada à uniformidade de distribuição longitudinal de sementes, que é essencial para um estande adequado de plantas e, consequentemente, para a melhoria da produtividade das culturas (Santos et al., 2011). Diante do exposto, objetivou-se avaliar os sistemas de manejo do solo e velocidades de semeadura sobre à distribuição longitudinal de plantas de milho.

Material e Métodos

O trabalho foi conduzido na Fazenda Experimental de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, no município de Dourados, MS. O local situa-se em latitude de 22º14’S, longitude de 54 º59’W e altitude de 434 m.

O clima é do tipo AW, segundo a classificação de Köppen. O solo da área é um Latossolo Vermelho distroférrico. Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso no esquema de parcela subdividida com e quatro repetições (4 blocos). Os seis sistemas de manejo, aplicados nas parcelas foram: sem mobilização (plantio direto - PD), escarificado a 0,35 m (E), escarificado a 0,35 m mais a gradagem destorroadora-niveladora (E+GR), escarificado cruzado a 0,35 m mais uma gradagem destorroadora-niveladora (EC), gradagem destorroadora-niveladora (GR), aração a 0,4 m com arado de aivecas seguido de duas gradagens destorroadora-niveladoras (preparo convencional - PC).

E as velocidades aplicadas nas subparcelas no momento da semeadura, pelo escalonamento de marchas do trator, resultando nas velocidades médias de 3,3; 4,7; 6,4 km/h. A semeadura do milho foi em 22/03/2016 com uma semeadora-adubadora do tipo disco horizontal com haste sulcadora para adubo e disco duplo para semente. As sementes foram semeadas a 0,05 m de profundidade com densidade de 5 sementes por metro do cultivar AG9000VTPRO3. A adubação foi com base em análise de solo prévia da área com 270 kg/ha de 8-20-20.

O estande foi avaliado a partir da contagem do número de plantas na fileira central de cada subparcela em dois metros. Na avaliação de distribuição longitudinal ou uniformidade de espaçamentos entre plântulas, foi utilizado uma fita métrica, com precisão de 0,5 cm, sendo as leituras realizadas na fileira central de cada subparcela em dois metros.

A porcentagem de espaçamentos normais, falhos e duplos foi obtida de acordo com as normas da ABNT (1984) e Kurachi et al. (1989), considerando-se porcentagens de espaçamentos: “duplos” (D): 1,5 o Xref. Em seguida, os dados foram analisados pela análise de variância, e quando significativa com o teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparação de médias.

Resultados e Discussão

Analisando-se os valores médios de estande e distribuição longitudinal de plantas em espaçamentos normal, falho e duplo, observa-se que houve diferença significativa entre as médias para estande de plantas, entre as velocidades de semeadura (Tabela 1).

Com relação a este componente, a velocidade de 3,3 km/h foi a que promoveu o maior estande de plantas, mas não se diferenciou da maior velocidade (6,4 km/h). Esperava-se, porém, que, com o incremento da velocidade de semeadura do milho, ocorresse aumento do percentual de espaçamentos falhos e redução dos normais (Santos et al., 2011; Melo et al., 2013; Dias et al., 2014) e consequentemente menor estande de plantas (Nascimento et al., 2014).

No entanto, Mahl et al. (2008) observaram que, o incremento de velocidade de 4,4 a 9,8 km/h não influenciou significativamente o estande de plantas. Esse comportamento mostra que, na condição deste estudo, outros fatores podem ter influenciado de forma mais significativa à distribuição longitudinal de sementes, independente da velocidade.

Ou seja, o erro na distribuição pode ter sido aleatório, em razão de fatores operacionais, como disco inadequado para a peneira do híbrido, pressão imprópria no sistema pneumático, falta ou excesso de grafite, tratamento de sementes com elevada abrasividade, posicionamento das sementes dentro do sulco, ataque de pragas, umidade do solo inadequada para semeadura, abertura e fechamento do sulco (Weirich Neto et al., 2015).

Observaram-se menores valores de espaçamentos normais e maiores valores de espaçamentos falhos nos sistemas de plantio direto (PD) (Tabela1), que pode estar associado a maior quantidade de palha no sistema. Segundo Trogello et al. (2013), a qualidade de semeadura pode estar associada ao manejo da palhada do solo, salientando que fatores como uniformidade e fracionamento da mesma pode garantir melhor desempenho do conjunto mecanizado. Houve efeito significativo (p < 0,05) da interação entre manejo (M) e velocidade (V) na porcentagem de espaçamento normal (Tabela 2).

Apesar de verificada interação significativa entre manejo e velocidade para espaçamento normal, não houve efeito significativo dos manejos do solo em cada combinação de velocidade. De maneira geral os maiores valores de porcentagem de espaçamento normal nos manejos foi combinado com a velocidade de 6,4 km/h.

Esse resultado indica que, em quase todos os manejos estudados, a operação de semeadura do milho em maior velocidade (6,4 km/h), além de aumentar a capacidade de campo, aumenta a distribuição longitudinal de plantas em espaçamento normal, mesmo que de forma não significativa.

Conclusão

A semeadura do milho pode ser realizada na velocidade de operação de 6,4 km/h nos sistemas de manejo do solo, pois não afeta a distribuição longitudinal e o estande de plantas.

Referências

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WEIRICH NETO, P. H.; FORNARI, A. J.; JUSTINO, A.; GARCIA, L. C. Qualidade na semeadura do milho. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 35, n. 1, p. 171- 179, 2015.