Pó-de-rocha funciona? Dá resultado?


Autores: Equipe Editorial Revista Plantio Direto
Publicado em: 31/10/2018

Pó-de-rocha funciona? Dá resultado?

Depende. O pó-de-rocha (ou farinha de rocha) é menos solúvel do que fertilizantes convencionais, como cloreto de potássio e super fosfatos. Por isso, a liberação dos nutrientes na rocha é naturalmente mais lenta, dependendo da ação de chuvas e da biologia do solo para que os nutrientes fiquem disponíveis para a planta. Isso deve ser levado em consideração, pois solos com pouca atividade biológica podem disponibilizar menos nutrientes.

Há estudos a respeito da inoculação de microorganismos específicos e misturas com adubação orgânica para aumentar a Perguntas & Respostas Pó-de-rocha funciona? Dá resultado? disponibilização dos nutrientes da rocha (Arbieto, 2005). Considerando que os nutrientes são disponibilizados de forma mais lenta, o pó-derocha para culturas anuais pode não ter o efeito desejado. Um dos pesquisadores da Embrapa que estuda o assunto, Dr. Eder de Souza Martins afirma que o pó-de-rocha não tem o objetivo de substituir o fertilizante convencional, ainda mais em culturas anuais (Batista et al, 2017; de Oliveira, 2017; Alovisi e Lima., 2015). Inclusive, em certas ocasiões o pó-derocha pode reduzir os efeitos do fósforo, por exemplo (Prates et al., 2010).

Um dos objetivos do pó-de-rocha é fornecer nutrientes de uma fonte de lenta liberação e que não seja perdida por lixiviação, sendo que estudos mostram que há uma melhoria na atividade biológica e na estrutura do solo com a aplicação do pó-de-rocha (Gabos et al., 2017; dos Santos et al., 2017). Culturas de grãos, como soja e milho, que exportam grandes quantidades de macro e micronutrientes por área todo ano, podem vir a perder produtividade caso a adubação convencional seja substituída pela fertilização com pó-de-rocha.

Também pode ocorrer em alguns casos que o solo possui grandes reservas de nutrientes essenciais de as lavouras permanecerem por anos sem necessitar adubação convencional. Deve-se sempre atentar para as análises de solo. Além desses pontos, é importante que o produtor analise se é uma prática realmente viável do ponto de vista econômico. O custo do pó-de-rocha, por ser um resíduo de empresas que trabalham com mineração, é muito menor do que o custo do fertilizante solúvel. Porém, por possuir quantidades menores e ser de muito lenta liberação, a pesquisa recomenda aplicar quantidades altas de farinha de rocha por área (Grecco et al., 2012).

Outra questão é que rochas diferentes tem quantidades de nutrientes diferentes. O pó-de-rocha que é resíduo de uma região “A” pode ter quantidades de nutriente diferentes do resíduo da região “B”. Isso deve ser levado em consideração, e se possível deve ser feito uma análise do material. Outro cuidado é que dependendo da região, determinadas empresas podem vender farinha de rochas que naturalmente contêm elementos tóxicos para as plantas. Como conclusão, recomenda-se que o agricultor que deseja testar o produto comece em áreas menores para verificar o resultado, acompanhando se possível as análises de solo feitas naquela área.

Referências

Referências

ALOVISI, A. M. T.; LIMA, B. F. Produtividade da soja em resposta a utilização de pó de rochas. In: ENEPEX ENCONTRO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO. UFGD, Dourados. 2015.

ARBIETO, Elsa Aurora Mendoza de. Biodisponibilização de nutrientes de rochas por microrganismos do solo. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Bioctecnologia. Florianópolis, 2005.

BATISTA, NFF et al. Atributos químicos de um latossolo vermelho amarelo sob cultivo de soja e sorgo submetido ao uso de basalto moído. In: Embrapa CerradosArtigo em anais de congresso (ALICE). In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ROCHAGEM, 3., 2016, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Brasília, DF: Embrapa Cerrados; Assis, SP: Triunfal, 2017., 2017.

DE OLIVEIRA, M. I. L. et al. Uso de mistura de agrominerais silicáticos (blends) como fonte de K para a cultura da soja. In: Embrapa Cerrados-Artigo em anais de congresso (ALICE). In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ROCHAGEM, 3., 2016, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Brasília, DF: Embrapa Cerrados; Assis, SP: Triunfal, 2017., 2017.

DOS SANTOS, L. F. et al. Nutrição de milho após adição de sienito e substâncias húmicas. In: Embrapa Cerrados-Artigo em anais de congresso (ALICE). In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ROCHAGEM, 3., 2016, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Brasília, DF: Embrapa Cerrados; Assis, SP: Triunfal, 2017., 2017.

GABOS, M. B. et al. Uso de sienitos processados hidrotermicamente (hydropotássio) como fontes de K e condicionadores de solo. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ROCHAGEM, 3., 2016, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Brasília, DF: Embrapa Cerrados; Assis, SP: Triunfal, 2017.

GRECCO, M. F.; BERGMANN, M.; BAMBERG, A. L.; SILVEIRA, C. A. P.; MARTINAZZO, R. Potencial de uma rocha dacítica para remineralização de solos. In: WORKSHOP INSUMOS PARA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL, 2012, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2012.

MORAES, Vivian de. Pó de rocha será nova fonte de potássio para agricultura. Embrapa Cerrados. Disponível em: 

PRATES, Fabiano Barbosa de Souza et al . Crescimento de mudas de maracujázeiroamarelo em resposta à adubação com superfosfato simples e pó de rocha. Rev. Ceres, Viçosa , v. 57, n. 2, p. 239- 246, Apr. 2010 . Disponível em: