Introdução
Com o início de mais uma safra de soja no Brasil, registrase que a pesquisa agropecuária tem fortalecido muito o cultivo em todas as regiões, inserindo ciência e tecnologia no sistema de produção. Para difundir um pouco do que a pesquisa em soja gera no país, a Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola traz uma coletânea dos resultados mais importantes de pesquisa desse ano, incluindo os ensaios em rede para ferrugem-asiática e mofo-branco, e também alguns dos trabalhos divulgados no Congresso Brasileiro de Soja de 2018. Os resultados dos trabalhos estão apresentados de forma resumida e divididos em seções.
Plantas Daninhas
1) Foi realizado um trabalho em Piracicaba/SP para avaliar diferentes tratamentos químicos para o controle de capimbranco (Chloris elata, sin.: Chloris polydacyta). Na tabela 1 podem ser conferidos os resultados de controle dos diferentes tratamentos, aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação. As associações herbicidas foram eficazes, sobretudo glifosato SI + haloxyfope ou setoxydim ou cletodim, e ainda glyphosate SP + cletodim, com porcentagens de controle maiores que 90% (Silva et al., 2018).
2) Foi realizado um estudo na Embrapa Soja de Londrina/ PR para avaliar o controle químico de espécies de crotalária na cultura da soja. Os tratamentos com lactofen, fomesafem e clorimurom controlaram Crotalaria spectabiles. O clorimuron e a mistura de imazapic + imazapyr apresentaram controle na faixa de 80% para Crotalaria ochroleuca. Com exceção do glifosato, os demais produtos estudados, que são comumente utilizados na cultura da soja, não controlaram satisfatoriamente a Crotalaria juncea (Adegas et al. 2018).
3) Foi realizado um estudo no estado de São Paulo sobre alternativas de controle para o Fedegoso (Senna obtusifolia) na cultura da soja. A partir dos resultados obtidos sobre o controle em pré-emergência, pode-se constatar: a eficácia do metribuzin inibindo 100% o estabelecimento das plantas de fedegoso; a sensibilidade ao flumioxazin, sulfentrazone e clomazone e a ineficácia de clorimuron-ethyl, diclosulam e s-metolachlor. Com base nos resultados, o fedegoso foi considerado tolerante ao glifosato principalmente em estádios de crescimento avançado e o metribuzin aplicado em pré emergência mostrou ser uma alternativa de controle para a espécie (Araújo et al. 2018).
Pragas
1) Pesquisadores de Rio Verde/GO estudaram o efeito de determinados inseticidas nas vespas do gênero Trichogramma, que são agentes de controle biológico de lagartas na soja. Os resultados demonstraram que inseticidas contendo tiametoxam + lambdacialotrina, clorpirifós, clorfenapir, e bifentrina + carbosulfano diminuem o efeito de parasitismo dessas vespas (Pires et al., 2018).
2) Estudo feito no Paraná demonstrou que mariposas da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis) não diferenciam soja Bt de soja não-Bt quanto à escolha do local de oviposição, porém preferem ovipositar na face adaxial (face de cima da folha) dos terços superior e médio das plantas (Gonçalves e Bueno, 2018).
3) No sudoeste goiano, um estudo testou os inseticidas Clorfenapir (240 i.a/ha); Indoxacarbe (60 i.a/ha); Benzoato de emamectina (7,5 i.a/ha); Benzoato de emamectina (10 i.a/ha); Espinetoran (38,4 i.a/ha); Benzoato de emamectina + Metoxifenozida (7,5 + 22,5 i.a/ha) para controle da lagarta falsa-medideira. Os tratamentos com Indoxacarbe e Benzoato de emamectina + Metoxifenozida se mostraram mais eficientes após 21 dias. Os demais tratamentos não tiveram diferença entre si (Castro et al., 2018).
4) Avaliando tratamentos de semente para controle da lagarta Spodotopera frugiperda, pesquisadores de Minas Gerais encontraram que entre os tratamentos fipronil (200 mL p.c./100 kg de sementes); clorantraniliprole (100 mL p.c./100 kg de sementes); ciantraniliprole + tiametoxam (80 + 250 mL p.c./100 kg de sementes) e ciantraniliprole (80 mL p.c./100 kg de sementes), ciantraniliprole + tiametoxam, ciantraniliprole isolado e clorantraniliprole ocasionaram menor proporção de plântulas com danos aos 16 e 22 dias após a semeadura e foram os únicos tratamentos que não ocasionaram a morte de plântulas. O trabalho foi conduzido sem restrições hídricas, assim provavelmente, em condições de seca e no campo os resultados poderiam ser diferentes (Marucci et al., 2018).
5) Foi feito um estudo em casa de vegetação a respeito de danos em vagens de soja, testando diferentes intensidades de injurias. Com 5, 10, 15, 20 e 25% de injurias nas vagens no estádio de desenvolvimento R4 (plena formação de vagens), a soja apresentou a mesma produtividade e a mesma qualidade de grãos produzidos pela soja sem injúrias. Nas condições deste estudo, pode-se concluir que as plantas de soja têm a capacidade de tolerar até 25% de injúria nas suas vagens, sem comprometer a produtividade e a qualidade dos grãos (Bueno A.F et al., 2018).
6) Em Chapadão do Sul/MS, foram estudados os efeitos de alguns inseticidas nas lagartas falsa-medideira (Chrysodeixis includens) e Helicoverpa armigera. A eficiência de cada produto testado nesse ensaio está nas tabelas 1 e 3. As eficiências ao longo das datas avaliadas apresentam certa variação para cada inseticida, em função do seu modo de ação, e por isso, com as informações geradas pelo trabalho, a assistência junto com o produtor deve analisar e adequar ao seu manejo adotado (Camargo et. al, 2018).
7) Um estudo no Paraná a respeito da eficiência de alguns inseticidas para o percevejomarrom da soja (Euschistus heros) concluiu que os inseticidas imidacloprido + betaciflutrina; tiametoxam + lambdacialotrina; imidacloprido + bifentrina e acefato aos 2, 4, 7 e 10 dias após a primeira e segunda aplicação apresentaram eficiência igual ou superior a 80% no controle de adultos e ninfas de percevejo marrom, na cultura da soja (Bellettini et al., 2018).
8) Também, em Selvíria/MS, houve estudo sobre a eficácia do bioinseticida a base de Baculo Vírus para lagarta Spodoptera, falsamedideira (Chrysodeixis includens) e Helicoverpa armígera. Como resultados, a aplicação em R4 (plena formação de vagem) de Surtivo Plus (AcMNPV4 + ChinNPV + HearNPV + SfMNPV) proporcionou proteção as plantas contra desfolha causada pela lagarta Spodoptera eridania na cultura da soja Bt (Papa et al., 2018). Pg. 184. Além disso, concluiu-se que a aplicação em R3 do bioinseticida Surtivo Plus (AcMNPV4 + ChinNPV + HearNPV + SfMNPV), nas doses de 140mL/ha e 200 mL/ha e Surtivo Soja (ChinNPV + HzNPV), nas doses de 100 e 200 ml/ha associado a uma aplicação de chlorantraniliprole, proporcionaram proteção das plantas contra desfolha causada pela lagarta Chrysodeixis inclundes e proteção as vagens contra danos de Helicoverpa armígera (Zanardi Jr. et al., 2018).
9) Pesquisadores na Embrapa de Londrina estudaram os seguintes inseticidas para tratamento de semente (TS) e dosagens por 100kg sementes no controle de raspador da soja (Sternechus subsignatus): 120g de imidacloprido (Gaucho®, Bayer); 52,5g de tiametoxam (Cruiser 350 FS®, Syngenta); 70g de tiodicarbe (Tiodicarbe®, Rotam); 50g de Fipronil (Standak®, Basf); 50g de Abamectina (Avicta®, Syngenta) e 105g de imidacloprido + 305g de tiodicarbe (CropStar®, Bayer). Na ocasião, o Fipronil em tratamento de sementes é o produto que proporciona menor intensidade de ataque da praga às plantas de soja (Matsumoto et al., 2018).
10) Foi estudado o efeito do inseticida-acaricida Espiromesifeno (produto comercial Oberon®) no controle do percevejo marrom da soja, juntamente com azadiractina e inseticida padrão. Os resultados permitiram concluir que o Espiromesifeno na dose de 600 mL/ha de produto comercial proporciona elevada mortalidade de ninfas e adultos de E. heros, semelhante ao inseticida padrão, imidacloprido + betaciflutrina. No entanto, o Espiromesifeno na dose de 300 mL/ha de produto comercial não causou elevada mortalidade do percevejo.
A Azadiractina não afetou a mortalidade, desenvolvimento, assim como a maioria dos parâmetros reprodutivos dessa praga. Atualmente, espiromesifeno e azadiractina são registrados em soja apenas para o controle de ácaros e moscabranca, não podendo ser recomendados para o controle de percevejos, mas sua utilização na lavoura, para o controle das suas pragas-alvo, pode contribuir para a redução populacional de E. heros na cultura (Alves et al., 2018).
11) Um estudo foi feito em casa de vegetação para avaliar o efeito sistêmico do inseticida imidacloprido + betaciflutrina em planta de soja em diferentes estádios de desenvolvimento na mortalidade do percevejo-marrom E. heros. A partir dos dados obtidos no experimento é possível concluir que o inseticida em estudo é translocado na planta de soja no sentido ascendente, proporcionando mortalidade de percevejos expostos indiretamente, de forma sistêmica. A ação sistêmica é maior em plantas jovens, no início da fase reprodutiva, do que em plantas mais velhas, no final do enchimento de grãos (Lobak et al., 2018).
Doenças
1) Foi realizado um trabalho em Maracaju/MS com o objetivo de avaliar a influência do pH da calda de pulverização no controle da ferrugem da soja. Foram testados diferentes fungicidas registrados para a doença, e 6 faixas de pH da calda: 3,0; 4,0; 5,0; 6,0; 7,0 e 8,4. Os resultados demonstraram que o pH influencia na eficácia de controle de ferrugem, e os pH que apresentaram maior controle e produtividade de grãos foram a 5,0; 6,0 e 7,0 (Grigolli et al., 2018).
2) Em condições de laboratório, foram testados diferentes fungicidas e doses para controle de antracnose (Colletotrichum truncatum). Os resultados obtidos mostram que os fungicidas piraclostrobina; difenoconazol e benzovindiflupir mostraram maior eficiência na inibição do fungo causador da antracnose, em condições de laboratório (Magalhães et al., 2018).
3) Foram avaliados tratamentos com fungicidas para mofo-branco nas condições do estado de Goiás. Em todos os tratamentos, foram feitas duas aplicações, a primeira em R1 (início do florescimento), e a segunda 10 dias após R1, alterando o ingrediente ativo. Os melhores níveis de controle químico foram observados nos seguintes tratamentos:
I. Primeira aplicação: Dimoxistrobina + boscalida/Segunda aplicação: Dimoxistrobina + boscalida.
II. Primeira aplicação: Procimidona/Segunda aplicação: Procimidona
III. Primeira aplicação: Fluazinam/Segunda aplicação: Fluazinam
IV. Primeira aplicação: Carbendazim/Segunda aplicação: Fluazinam
V. Primeira aplicação: Fluazinam/Segunda aplicação: Carbendazim. (Bueno J.N. et al., 2018).
4) Foi realizado experimento para avaliar controle químico da mancha-alvo, em Rio Verde/ GO. Nesse estudo, a utilização dos ingredientes ativos piraclostrobina, fluxapiroxade e epoxiconazol, em mistura, reduziram a severidade da doença, conforme mostra a tabela 4 (Ribeiro et al., 2018).
5) Outro trabalho envolvendo o controle de mancha-alvo foi um ensaio realizado em Sinop/ MT, com os mesmos tratamentos. Foram feitas 3 aplicações em cada tratamento. A severidade da doença e a desfolha de plantas foi maior no tratamento com Carbendazim e Piraclostrobina + Fluxapyroxade do que nos demais tratamentos, embora não houve diferença significativa de rendimento e peso de grãos (Miguel-Wruck et al., 2018).
6) Em outro ensaio para controle da mancha-alvo, em Campo Novo do Parecis/MT, também com os mesmos tratamentos, a intensidade da doença foi menor no tratamento com protioconazol + trifloxistrobina + bixafen, seguido pelos tratamentos com o produto Piraclostrobina + Epoxiconazol + Fluxapyroxade e o produto Piraclostrobina + Fluxapyroxade (Carlin et al., 2018).
7) Foi realizado um estudo em Goiânia/GO, com o microorganismo Ascophyllum nodosum em soja, para investigar os efeitos desse na antracnose e no crescimento da planta. A aplicação desse microorganismo no momento da semeadura e no inicio do florescimento influenciou no crescimento da planta (parte aérea e raízes) e no número de vagens por planta, mas nesse estudo, os resultados mostraram que esse microorganismo não interfere na supressão da antracnose, embora mais estudos a campo devem ser realizados para confirmar essa ideia. (Almeida et al., 2018).
8) Em Londrina/PR, foi conduzido um trabalho para testar se a utilização de inseticidas na mesma calda de pulverização dos fungicidas interfere no controle da ferrugem da soja. A partir dos resultados obtidos, a associação dos inseticidas aos tratamentos com fungicidas não afetam o controle da ferrugemasiática (Soares e Roggia, 2018).
Resultados do ensaio em rede para controle da Ferrugem Asiática
Com o objetivo de avaliar a eficiência dos fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) e das novas misturas que estão em fase final de avaliação, foram realizados 39 ensaios nas principais regiões produtoras, na safra 2017/18, por 29 instituições. Não foram avaliados o efeito do momento da aplicação e o residual dos diferentes produtos. Os fungicidas dos tratamentos 2 a 14 e 19 apresentam registro no MAPA para o controle da ferrugem, os fungicidas dos tratamentos 15, 16, 18 e 20 apresentam Registro Especial Temporário (RET) III e os fungicidas dos tratamentos 17, 21 e 22 apresentam RET II.
A menor eficiência de controle foi observada para o tratamento com azoxistrobina + ciproconazol (T2, 28%), sendo inferior aos demais tratamentos e superior a testemunha sem fungicida. Os demais fungicidas apresentaram eficiência igual ou superior a 49% de controle. O maior controle foi de 80% do tratamento 17 (impirfluxam + tebuconazol), que é um produto ainda não registrado. Entre os produtos registrados, o maior controle foi dos tratamentos 10 e 11 (73% de controle), que são os produtos Vessarya® (picoxistrobina + benzovindiflupir) e Ativum® (piraclostrobina +epoxiconazol + fluxapiroxade).
Resultados do ensaio em rede para controle do Mofo-branco
Os ensaios da safra 2017/18 foram realizados em 11 locais distribuídos nos Estados do Paraná, de Goiás, da Bahia, do Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais, com o objetivo de avaliar a eficiência de fungicidas no controle do mofo-branco da soja (Sclerotinia sclerotiorum).
Entre os produtos já registrados, o melhor nível de controle químico foi de 81% no tratamento com duas aplicações do fungicida dimoxistrobina + boscalida (Spot®), e o pior nível de controle (exceto a testemunha) foi o tratamento com 4 aplicações de tiofanato metílico (Cercobin®), com 58%.
Fisiologia, Climatologia e Práticas Culturais
1) Em Palmas, um estudo foi realizado testando a aplicação de cobalto e molibdênio em tratamento de sementes ou via foliar em V5 (planta com 5 folhas trifolioladas). Como fonte de cobalto e molibdênio se utilizou o produto comercial CoMo®, na dosagem de 100 ml para cada 50 kg de sementes. A matéria seca da parte aérea e o número de nódulos da planta tiveram um aumento com aplicação do cobalto e molibdênio, tanto foliar quanto em tratamento de semente (Gonçalves et al., 2018).
2) Foi realizado um trabalho no município de Nazareno, em Minas Gerais, para testar métodos de descompactação do solo. O experimento foi conduzido em um Latossolo Vermelho Amarelo argiloso (solo profundo e com alto teor de argila). Nessa área, o sistema de plantio direto é feito há 10 anos.
Foi testado subsolagem profunda a cada dois anos e a cada três anos (60 cm de profundidade); subsolagem juntamente com corretivos de solo; e escarificação a 25 cm de profundidade, todos comparados com área sem subsolagem/escarifcação, com cobertura vegetal e também com aplicação de gesso. No caso estudado, a operação de subsolagem (60 cm de profundidade) foi benéfica para a produtividade da soja no primeiro ano de cultivo, embora a escarificação superficial não foi suficiente para romper a compactação. No caso das culturas de trigo e milho que haviam sido testadas, não houve resposta à subsolagem (Moreira et al., 2018).
3) Foi feito estudo para determinar a eficiência do uso da água pela cultura da soja e a quantidade de água necessária ao longo do ciclo para altas produtividades. Os resultados demonstraram que a quantidade de água que a soja necessita para atingir altas produtividades é de aproximadamente 800 mm ao longo do ciclo, sendo que os períodos críticos em que não pode ocorrer deficiência hídrica são no estabelecimento da cultura, na formação de legumes e enchimento de grãos (Zanon et al., 2018).
4) Foram realizados experimentos para investigação da duração do ciclo de cultivares com diferentes grupos de maturação no Rio Grande do Sul. A tabela 9 demonstra a duração estimada do ciclo (em dias) de diferentes grupos de maturação de soja no Rio Grande do Sul (Bexaira et al., 2018).
5) Em Passo Fundo, foi conduzido um estudo a respeito do movimento das folhas de soja ao longo do dia e sua influência na aplicação de defensivos. Os resultados demonstraram que próximo ao meio dia, as folhas estão anguladas de forma a permitir maior deposição de gotas nos terços inferior e médio das plantas. Em condições climáticas favoráveis, a aplicação no horário próximo ao meio dia pode ser uma alternativa para melhor deposição de produtos (Müller et al., 2018).
6) Um experimento foi feito com objetivo de avaliar a aplicação de bioestimulante foliar (25% de ácidos fúlvicos, 50% de ácidos húmicos, 20% de aminoácidos e 2% de nitrogênio solúvel em água) em soja com déficit hídrico. Não foi observado efeito significativo da aplicação foliar do bioestimulante sobre as variáveis analisadas neste trabalho. É possível que o intervalo de tempo de 17 dias entre a aplicação foliar do bioestimulante e a coleta dos dados não seja suficiente para que os seus possíveis efeitos na planta possam ser observados (Tavares R.L.C. et al., 2018).
7) Em Piracicaba, foi realizado estudo em casa de vegetação sobre o uso de fungicidas no tratamento de sementes e seu efeito na fixação biológica de nitrogênio. Foram testados piraclostrobina e tiofanato-metílico; tiabendazol, fludioxonil e metalaxil-m; carbendazim e tiram, para nodulação e parte aérea da planta. Não houve diferença entre os produtos no armazenamento de 0 dias. Já com 30 dias de armazenamento, a molécula de tiram foi inferior à piraclostrobina e fludioxonil na nodulação (Sanches et al., 2018).
8) Pesquisadores de Mato Grosso realizaram experimento para testar a aplicação de aminoácidos na forma do produto comercial Delfan Plus® em soja. Nesse experimento, a aplicação foliar de aminoácidos na cultura da soja não influenciou a altura de plantas, a altura de inserção da primeira vagem, o número de grãos por vagem e a massa de 100 grãos, mas de acordo com os resultados obtidos, a aplicação foliar de aminoácidos aumenta o número de vagens por planta de soja, e que a aplicação foliar de 2,22 L/ha de aminoácidos, fracionada nos estádios V4 e R2, pode resultar em maior produtividade (Schirmer et al., 2018).
9) Com a intenção de avaliar a eficácia de inoculantes para soja aplicados com água da irrigação, foi realizado um trabalho no município de Riolândia/ SP. Nesse trabalho, concluiu-se que o uso de inoculante via água de irrigação na cultura da soja na fase R1-R2 (florescimento da soja) não foi eficiente para elevar a produtividade de grãos. Contudo, há necessidade de mais avaliações para confirmar essa constatação (Tavares L.G. et al., 2018).
10) Segundo estudos realizados em Mato Grosso do Sul, a implantação da soja em sucessão ao milho consorciado com feijão-guandu proporcionou produtividades de grãos maior quando comparadas ao cultivo em sucessão ao feijão guandu, ao consórcio milho com braquiária e braquiária solteira. O consórcio de braquiária com feijão-guandu proporcionou produtividade maior em relação a braquiária solteira. O cultivo em NEOSSOLO QUARTZARÊNICO, em solos com baixos níveis de fertilidade sobre pastagem degradada, em região com presença de períodos de veranicos mesmo na estação chuvosa, no qual o risco da implantação do milho é elevado, o uso da braquiária consorciada com feijão-guandu pode ser uma boa opção como planta de cobertura no período de entressafra antecedendo a cultura da soja (Kaneko et al., 2018).
11) Foi feito um experimento em Londrina para avaliar o efeito do herbicida Lactofem na redução do acamamento de soja. Os resultados demonstraram que o lactofem funciona para manejo de acamamento de cultivares de soja, mas há que se considerar variações em razão do ambiente e da cultivar. O melhor manejo para redução do acamamento nesse estudo foi com a aplicação sequencial de duas doses de 90 g/ha de lactofem nos estádios fenológicos V4 e R1 (Foloni et al., 2018a).
Microbiologia, Fertilidade e Nutrição de Plantas
1) Foram realizados ensaios em rede pela Embrapa com a intenção de avaliar os efeitos do Boro nas culturas. Na ocasião, em nenhum local houve resposta significativa à aplicação de Boro, nem foi possível ajustar modelos que demonstrassem efeito de doses. No caso de micronutrientes, em que tanto a demanda das culturas quanto a exportação dos desses nutrientes com os grãos é baixa, é necessário a manutenção de experimentos de campo de longa duração para estabelecer os níveis críticos e refinar os métodos de avaliação da disponibilidade (Oliveira Jr. et al., 2018).
2) Foi realizado um estudo por pesquisadores de São Paulo com o objetivo de avaliar a reaplicação de calcário e gesso para soja. Os resultados mostraram que a aplicação em superfície de doses mais altas de calcário pode ser uma alternativa viável para cultivos em longo prazo, sem necessidade de novas aplicações em curto período de tempo. Foi concluído que a reaplicação em superfície de até 6,0 t/ha de calcário proporciona maior produtividade na cultura da soja após dois anos (Lazarini et al., 2018).
3) Um trabalho conduzido em duas localidades, em Primavera do Leste/MT (tropical) e Taquarituba/SP (subtropical) teve o objetivo de verificar a influência da adubação nitrogenada em soja na fixação biológica do nitrogênio. Foi demonstrado que com o aumento de dose de N, houve maior nitrogênio do fertilizante na planta e menos nitrogênio do solo. Também, o nitrogênio da fixação biológica reduziu em clima subtropical, mas permaneceu constante em clima tropical (Pierozan Jr. et al., 2018).
4) Experimento feito em São Paulo teve o objetivo de verificar a absorção e translocação do nitrogênio aplicado via foliar em soja. Os resultados mostraram que baixas doses de N foliar são incapazes de incrementar a produtividade. Efeitos como maior absorção de N total foram observados na parte aérea das plantas, mas não refletiram em ganhos de produtividade. Nesse caso, incentivar o fornecimento de N mineral via aplicação foliar em baixas doses não é uma alternativa para suplementar o N pela soja durante o período reprodutivo (Maciel et al., 2018a).
5) Em Piracicaba, foi realizado um estudo para verificar o efeito da co-inoculação de Azospirillum no crescimento de raízes e absorção de nitrogênio em soja. Nesse estudo, a co-inoculação não aumentou a área total do sistema radicular ou o acúmulo total de N na planta inteira. Mesmo assim, a coinoculação de Bradyrhizobium e Azospirillum brasilense pode ser uma alternativa para melhorar a absorção de N pelas raízes da planta, bem como para aumentar a área de raízes médias e finas, especialmente na dose de 5,0 x 105 células de Azospirillum por semente. Estudos adicionais sobre as doses de Azospirillum brasilense associadas à inoculação de Bradyrhizobium são necessários para avaliar possíveis benefícios da coinoculação e determinar seus efeitos sob condições limitantes de água ou de N (Maciel et al., 2018b).
6) Um trabalho feito no Paraguai teve a intenção de avaliar doses e épocas de aplicação de molibdênio (Mo) foliar e em tratamento de semente para soja. Nessa ocasião, a aplicação de Mo na dose de 54 g/ha proporcionou maior número de vagens. A época de aplicação que teve menor resposta foi em R5 (enchimento de grãos), e em V4 (quatro folhas) houve aumento no rendimento de grãos. Também há aumento no teor de proteína com a aplicação de Mo no tratamento de semente e em V4 (Gunzel Jr. et al., 2018).
7) Em casa de vegetação, com solo coletado de Tapurah/ MT, foi realizado um experimento para verificar a influência da calagem no nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus). Os resultados demonstraram que a calagem reduz a densidade populacional do nematoide das lesões em raízes de soja, independentemente da textura do solo. Também se observou que solos arenosos favorecem a multiplicação desse nematoide (Debiasi et al., 2018).
8) Foi conduzido um estudo em Chapadão do Sul/MS para verificar a influência da aplicação de Silicio via foliar e no sulco de plantio na soja. Foram testadas três doses do produto comercial “ZunSil” (0, 500 e 1000 mL/ ha, correspondendo respectivamente a 0, 100 e 200 mL/ha de Si na forma líquida de ácido monosilícico) pulverizados de forma foliar e quatro doses de “Silcoat” (0, 2.5, 5 e 10 kg/ha, correspondendo respectivamente a 0, 0.5, 1 e 2 kg/ha de Si, na forma de ácido monosilícico em pó) aplicado no sulco de plantio. Nos resultados não foi constatada diferença para nenhum dos parâmetros avaliados, independente do tratamento utilizado. Neste sentido, alterações na metodologia para disponibilização deste elemento para a cultura, como novas fontes de Si, aumento da dose, épocas de aplicação, parcelamento de aplicação são necessárias (Souza et al., 2018).
9) Na fazenda da Embrapa em Ponta Grossa/PR, foram realizados experimentos por três anos com a intenção de avaliar a calagem e a adubação de fósforo (P) e potássio (K) antecipada na cultura de inverno. Os resultados mostraram que a adubação de sistema na sucessão trigo/ soja é viável, com antecipação de toda a adubação de P e K da soja na cultura antecessora de inverno, desde que os teores destes nutrientes no solo estejam em níveis elevados (Foloni et al., 2018b).
10) Em um experimento de longa duração em Botucatu/SP, foram testadas diferentes plantas de cobertura no desempenho da soja, além de testar pousio com escarificação. A crotalária e o milheto em sucessão ao triticale e girassol foram as espécies de planta de cobertura com maior produção de palha. A crotalária caracteriza-se pelo maior aporte de N depositado em superfície chegando a 2,6 vezes a mais que os demais tratamentos. A relação C/N observada da crotalária foi muito inferior em relação às outras plantas de cobertura deste experimento. Esse menor valor da relação C/N pode, neste caso, disponibilizar nutrientes em tempo hábil para a cultura da soja subsequente. O maior rendimento de soja foi observado no tratamento com o cultivo de sorgo seguido por milheto e escarificação/pousio (Frare et al., 2018a).
11) Em estudo similar dos mesmos autores, foi avaliada a matéria orgânica do solo e desenvolvimento de raízes. A menor quantidade de matéria orgânica do solo (MO) foi verificada quando em pousio com escarificação. A matéria orgânica do solo na camada 0-60 cm entre os tratamentos milheto e sorgo, obtiveram os maiores valores, mas não diferiram estatisticamente da crotalária. Além disso, as raízes de soja se desenvolveram melhor na área do milheto em relação aos demais sistemas de manejo do solo (Frare et al., 2018b).