As plantas de soja podem ser atacadas por pragas desde a germinação das sementes e emergência das plantas até a fase de maturação fisiológica, sendo esses organismos constituídos por diferentes grupos de artrópodes (insetos e ácaros), diplópodes (piolhos-de-cobra) e moluscos (lesmas e caracóis). Neste artigo, são abordadas as principais espécies de pragas que atacam a soja, no cerrado.
Os problemas se iniciam com os insetos de solo, seguido pelas pragas de superfície que atacam especialmente as plântulas. Em seguida vêm as lagartas que se alimentam de folhas, flores e até mesmo de vagens e, finalmente, os insetos sugadores que atacam as folhas, as vagens ou os grãos em formação.
Pragas iniciais
Caracterizam-se com pragas iniciais da soja, aqueles organismos que atacam a cultura até por volta dos 30-40 dias após a sua emergência, danificando especialmente as raízes, os nóduos de fixação biológica e as plântulas.
Pragas de solo
São representadas, principalmente, pelos corós e os percevejos castanhos. Esses dois grupos de insetos apresentam normalmente, uma forte associação com o solo onde ocorrem e podem destruir ou sugar as raízes da soja, afetando negativamente o estabelecimento da cultura, o desenvolvimento inicial das plantas e, consequentemente, a sua produtividade.
Os danos de corós na soja (Figura 1) são causados pelo consumo de raízes ou até mesmo dos nódulos de fixação biológica de nitrogênio, acarretando redução na capacidade das plantas de absorver água e nutrientes, ingredientes essenciais para o seu desenvolvimento e produção de grãos e até a morte das mesmas. A intensidade de danos é maior em plantas jovens de soja cultivadas em condições de déficit hídrico.
Já os danos causados por percevejos castanhos na soja são decorrentes da sucção contínua da seiva nas raízes, o que pode levar ao enfraquecimento, amarelecimento ou até mesmo a morte das plantas (Figura 2).
Pragas de plântulas e hastes
Caracterizam-se essas pragas os insetos e outros artrópodes que atacam a cultura logo após a sua emergência até a formação das primeiras folhas trifoliadas, podendo esse ataque, afetar negativamente o estande, o vigor, a uniformidade das plantas e, consequentemente, o rendimento de grãos da cultura.
A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda causa danos em plântulas (Figura 3), quando esta praga já estiver previamente em uma espécie vegetal utilizada como cobertura e que será dessecada para a semeadura da cultura. Já o bicudo ou tamanduá-da-soja, Sternechus subsignatus (Figura 4), as larvas podem causar injúrias na cultura, provocando a interrupção ou redução da circulação da seiv através da haste principal, reduzindo assim o vigor das plantas e a sua produtividade.
Os adultos atacam a parte apical das plantas, dilacerando seu tecido o que pode levar secamento e morte da planta. A lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus (Figura 5), é outra praga que também pode danificar plantas jovens de soja, especialmente quando o inseto já estiver presente na cultura anterior ou na cobertura a ser dessecada (ex. trigo, braquiária, aveia, tiguera de milho) para a semeadura da soja.
As larvas penetram no colo da planta, um pouco abaixo do nível do solo, onde constroem galerias ascendentes na haste central, obstruindo do transporte de água e de nutrientes do solo para a parte aérea, podendo causar a murcha e morte da planta, com consequente redução de estande da cultura.
Já as lesmas e caracóis (Figura 6) são moluscos da classe Gastropoda, que raspam o tecido do caule, dos cotilédones ou até mesmo das folhas de plântulas de soja, sendo suas injúrias semelhantes àquelas causadas por insetos desfolhadores. Esses danos podem reduzir o estande da cultura e afetar a sua produtividade.
Manejo de pragas iniciais
Para que o manejo efetivo de pragas que atacam as raízes da soja (corós e percevejo-castanho) e das demais pragas iniciais (lagartas, brocas etc.), é necessário fazer o monitoramento dessas pragas antes mesmo da instalação da lavoura, uma vez que todas as táticas de controle a serem utilizadas são preventivas.
A aplicação de inseticidas tais como fipronil, imidacloprido + tiodicarbe, ciantraniliprole + tiametoxam e clorantraniliprole nas sementes constitui alternativa eficiente para o manejo de corós, da lagarta-elasmo, do tamanduáda-soja e da lagarta-do-cartucho especialmente em sistemas conservacionistas, como é o plantio direto. No caso do percevejo-castanho, inseticidas aplicados nas sementes não têm mostrado uma tática eficiente.
No entanto, trabalhos conduzidos pela Fundação MT evidenciaram que o cultivo de crotalárias em rotação de culturas, especialmente com a espécie Crotalaria spectabilis, pode afetar negativamente o desenvolvimento do percevejo castanho no solo, reduzindo assim a sua população na área infestada.
Para o controle de lesmas e caracóis, produtos na forma de iscas à base de metaldeído são eficientes, mas além de terem um preço elevado, não tem registro no MAPA para uso na soja.
Trabalhos conduzidos pela cooperativa COAMO, em Campo Mourão/ PR, evidenciaram que a mistura de abamectina + leite integral impregnados em quirelas de milho constituiu uma isca efetiva para o controle de caramujos na cultura da soja.
Sugere-se que qualquer aplicação para o controle de caramujos em soja seja realizada durante a noite, período em que essas pragas apresentam maior atividade devido às condições favoráveis de umidade e de temperatura e, dessa forma, são mais vulneráveis à ação dos produtos químicos.
Pragas que atacam as folhas
As principais espécies de pragas desfolhadoras com potencial de danos na soja na região CentroOeste são: a lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis; a lagarta-falsamedideira, Chrysodeixis includens; a lagarta-das-maçãs, Heliothis virescens; a lagarta Helicoverpa armigera e as lagartas do gênero Spodoptera tais como S. frugiperda, S. cosmioides e S. eridania.
Essas pragas podem se alimentarem de folhas, flores ou até mesmo de vagens dependendo da espécie. A lagarta-da-soja (Figura 7) apresenta grande potencial de injúrias, podendo causar 100% de desfolha, caso não seja controlada, e afetar significativamente a taxa fotossintética das plantas e o rendimento de grãos da cultura, sendo esses danos mais acentuados na fase reprodutiva da soja.
Já as lagartas conhecidas popularmente por falsas-medideiras compreendem basicamente três espécies: Crhysodeixis includens, Trichoplusia ni e Rachiplusia nu. A espécie R. nu é encontrada, com maior freqüência, na região Sul do Brasil (RS e SC), enquanto que C. includens (Figura 8) tem sido observada em todas as regiões tradicionais de cultivo da soja, bem como nas áreas atuais de expansão da cultura (Nordeste e Norte).
No passado, a espécie C. includens era considerada praga de importância secundária na cultura da soja, quando raramente exigia medidas de controle. Todavia, após a safra 2001/2002, grandes mudanças ocorreram no sistema de produção da soja, como a detecção da ferrugem-asiática, que contribuiu para transformar a espécie em uma praga-chave chave nas diferentes regiões do Brasil.
O uso de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática, que também afeta negativamente os fungos benéficos como Nomuraea rileyi (doençabranca), associado ao emprego de inseticidas não seletivos na cultura, são considerados os principais fatores que proporcionaram a mudança do status de C. includens na cultura da soja.
Manejo de pragas que atacam as folhas
O sucesso do manejo integrado de pragas (MIP) na soja tem como base as estratégias e táticas empregadas para o controle de lagartas, especialmente nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura. Essas tecnologias empregadas na lavoura de soja devem sempre buscar o equilíbrio biológico no agroecossistema.
Deve-se ter também consciência de que nem todos os organismos que causam desfolha na soja necessitam de controle, haja vista que a cultura tolera certos níveis de desfolha sem que haja redução significativa da produção. Dessa forma, o controle é somente justificado quando a densidade populacional das pragas ou a intensidade de desfolha na cultura forem iguais ou superiores aos níveis de ação recomendados pela pesquisa.
O controle de lagartas desfolhadoras, especialmente a lagarta-da-soja e a falsa-medideira na soja, deve ser realizado quando forem encontradas, em média, 20 lagartas grandes (igual ou maior que 1,5 cm) por metro de fileira ou quando a desfolha atingir 30% antes da floração ou 15% tão logo apareça as primeiras flores.
No entanto, tem-se observado que a sensibilidade ao desfolhamento da soja poderia ser menor, devido ao ciclo curto, baixo índice de área folhar e alta capacidade produtiva das novas cultivares, especialmente em condições de estiagens, necessitando assim dos ajustes desses níveis de desfolha.
Outra estratégia importante é ter em mente que quanto mais tempo for possível retardar a primeira aplicação de inseticidas na cultura, maior será a probabilidade de sucesso no manejo de lagartas e outras pragas uma vez que essa atitude proporciona condições para o estabelecimento dos primeiros inimigos naturais das pragas no agroecossistema, os quais se multiplicam sobre a primeira geração de lagartas, que se estabelecem na cultura.
Em adição, o controle de lagartas não deve ser feito com inseticidas não seletivos, como são os piretróides, visto que, nestas condições poderá ocorrer alta mortalidade dos inimigos naturais, prejudicando a ação do controle biológico natural no agroecossistema. Informações sobre os inseticidas recomendados para o manejo de lagartas da soja estão contidas nas recomendações de inseticidas da Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil (RPSRCB).
No caso da lagarta-das-maçãs, ainda não existe recomendação de inseticidas para o seu manejo, porém, trabalhos conduzidos em Mato Grosso do Sul evidenciaram que os produtos metomil, tiodicarbe, espinosade, flubendiamida e clorantraniliprole proporcionaram boa eficácia no controle dessa praga. O controle químico da falsamedideira tem sido relativamente difícil, por se tratar de uma espécie mais tolerante às doses de inseticidas normalmente utilizadas na soja.
Outro fator limitante para o controle efetivo da falsa-medideira está relacionado ao seu hábito. Como as lagartas ficam situadas, geralmente, no baixeiro e/ ou no terço médio das plantas, os inseticidas aplicados sobre a cultura, normalmente, não atingem o ambiente onde o inseto está alojado. Dessa forma, as lagartas ficam protegidas da ação dos produtos, especialmente quando a cultura estiver fechada.
Trabalhos conduzidos na Embrapa Agropecuária Oeste evidenciaram que a lagarta falsamedideira se desloca verticalmente durante o dia no dossel foliar da soja, ficando mais exposta no terço superior das plantas de madrugada e a noite, momentos estes mais adequados para a aplicação de inseticidas visando o seu controle.
Os inseticidas pertencentes ao grupo dos carbamatos, diamidas, avermectinas, espinosinas, oxadiazinas e análogo de pirazol são, em geral, os mais promissores para serem empregados no controle da lagarta-falsa-medideira. As plantas transgênicas Bt constituem uma tecnologia importante para ser empregada no controle de lagartas na cultura da soja.
Com o emprego da soja Intacta RR2 Pro, que expressa a proteína Cry1Ac de Bacillus thuringiensis, o manejo de lagartas na cultura da soja foi profundamente alterado.
É de conhecimento público que a soja Intacta apresenta bom controle da lagarta da soja, falsamedideira e lagarta-das-maçãs, mas tem-se mostrado pouco efetiva para as lagartas do complexo de Spodoptera. Todavia, duas novas biotecnologias devem chegar ao mercado brasileiro em breve, pois estão em fase final de desenvolvimento.
A primeira é a soja INTACTA 2 XTEND que apresenta três proteínas para o controle de lagartas (Cry1A105 + Cry 2Ab2 + Cry 1Ac), a segunda é a soja Conkesta, que apresenta duas proteínas (Cry 1F + Cry 1Ac). As duas biotecnologias já estão aprovadas no Brasil e aguardando a liberação comercial da China para serem comercializadas no território nacional.
A utilização exclusiva da soja Intacta nas áreas de cultivo poderá proporcionar o desenvolvimento de lagartas resistentes às proteínas Bt, podendo inviabilizar essa tecnologia em médio prazo especialmente em razão de expressar apenas uma proteína (Cry1Ac).
Para que não ocorra o desenvolvimento de resistência das lagartas às cultivares de soja Bt e, consequentemente, prolongar a vida útil dessa tecnologia, é imprescindível a implantação de áreas de refúgios nas unidades de produção agrícola.
Assim, recomenda-se a adoção de refúgios estruturados em pelo menos 20% da área cultivada com a soja transgênica Bt, utilizandose nestas áreas materiais convencionais (não Bt) que apresentam fenologia e ciclo semelhante ao genótipo transgênico. Nas áreas de refúgio, o controle de lagartas deverá ser realizado sempre que o inseto atingir o nível de controle.
Pragas sugadoras
A mosca-branca, Bemisia sp. (Figura 9) é uma importante praga sugadora da soja que pode causar intensa injúria direta e indiretamente na cultura. Os danos são causados tanto pelos adultos quanto pelas ninfas (formas jovens), na fase vegetativa ou reprodutiva da soja, quando se alimentam nas plantas, através da sucção da seiva, causando debilidade ou até mesmo a sua morte.
Em condições de população muito elevada, especialmente as ninfas excretam substâncias açucaradas (“honeydew”) em grande quantidade, proporcionando o desenvolvimento da fumagina (Capnodium sp.), um fungo de coloração negra que se desenvolve sobre as folhas da soja, tornando-as escuras o que prejudica a realização da fotossíntese.
Esse escurecimento da superfície foliar causa o ressecamento, queima e queda das folhas devido à ação da radiação. Todo este processo acarreta redução de produtividade e, dependendo do nível da mosca e do estádio de ocorrência na cultura, as perdas podem chegar até a 100%, especialmente quando o inseto ataca na fase de enchimento de grãos.
Danos indiretos na soja podem também serem observados pela transmissão de vírus pela mosca-branca, cujo sintoma é a necrose da haste. Plantas infectadas com esse vírus apresenta a haste necrosada, tornando a planta debilitada ou causando a sua morte. Os percevejos pentatomídeos fitófagos são considerados as principais pragas sugadoras na cultura da soja.
O percevejo-marrom, Euschistus heros, o percevejo-verdepequeno, Piezodorus guildinii, e o percevejo-verde, Nezara viridula, são as três espécies mais abundantes que ocorrem na cultura, na região Centro-Sul do Brasil (Figura 10).
A intensidade de danos dessas pragas é variável com a espécie e a densidade populacional do inseto, bem como com estádio de desenvolvimento da soja, sendo o percevejo-verde-pequeno o mais daninho, enquanto o percevejo-marrom E. heros é o que causa menor dano à cultura.
A colonização das plantas de soja pelos percevejos inicia em meados ou final do período vegetativo da cultura ou logo após o início da floração. Nesta época, os percevejos estão saindo da diapausa ou de hospedeiros alternativos e migram para a cultura da soja.
Com o início do período reprodutivo, a partir do aparecimento das vagens, as populações desses insetos, principalmente de ovos e ninfas, aumentam, podendo atingir níveis elevados entre o final do desenvolvimento das vagens e início do enchimento dos grãos, quando a soja é mais suscetível ao ataque. Os danos causados pelos percevejos nas plantas de soja decorrem da introdução do seu aparelho bucal (estiletes) nas vagens, podendo atingir os grãos ou as sementes em desenvolvimento, sendo estes danos irreversíveis a partir de determinados níveis de injúria.
Os grãos atacados ficam menores, enrugados, chochos e com a cor mais escura que o normal, podendo apresentar doenças como a mancha-fermento, causada pelo fungo Nematospora corily, o qual é transmitido durante a alimentação dos percevejos.
Ataques nos estádios R3 (canivetinhos formados) a R4 (vagens formadas sem grãos) podem favorecer o abortamento de vagens, enquanto no estádio de enchimento da vagem (R5) podem afetar negativamente, tanto o rendimento da cultura, como a qualidade dos grãos ou das sementes produzidas, provocando alterações nos teores de proteína e de óleo.
Além do dano direto, um ataque severo de percevejos na soja pode causar distúrbio fisiológico na planta o que, em consequência, proporciona o aparecimento de retenção foliar e/ou haste verde, fenômeno este conhecido como “soja louca I”, que retarda e/ ou dificulta a colheita da soja.
Manejo das pragas sugadoras
O manejo efetivo da moscabranca na cultura da soja somente é obtido através da integração de diferentes táticas de controle, dentre as quais se destacam: escolha da melhor época de semeadura; eliminação de plantas hospedeiras cultivadas ou não durante a safra e no período da entressafra de soja; concentração da época de semeadura na região; rotação de culturas e seleção de inseticidas efetivos para o controle de ninfas e adultos.
Alguns inseticidas podem apresentar bom controle de formas jovens da mosca-branca (ex. piriproxifem, espiromesifeno, ciantraniliprole, e a mistura spirotetramat + imidacloprido), exigindo, quase sempre, aplicações sequenciais, enquanto outros têm boa ação somente sobre adultos (ex. acetamiprido). A adição de óleo na calda inseticida tem sido recomendada como alternativa para maximizar a eficácia de controle dos inseticidas.
O tratamento de sementes, especialmente com inseticidas neonicotinóides, constitui também outra tática auxiliar para reduzir ou retardar o estabelecimento da mosca-branca em uma determinada área, na fase inicial da cultura. Já o controle de percevejos na cultura de soja se inicia no estádio R3, ou seja, logo após a formação dos “canivetinhos”, que são os primórdios do desenvolvimento das vagens.
Nos estádios da soja que apresentam suscetibilidade ao ataque dos percevejos (após o estádio R3) o controle deve ser realizado com base nos níveis de ação determinados pela pesquisa, que é de 2 percevejos/metro de fileira de plantas para lavouras de grãos e 1 percevejo/metro para lavouras destinadas a sementes. Para isso, os percevejos devem ser monitorados através de amostragens utilizando-se o pano-de-batida.
Nestas amostragens, é importante considerar tanto os adultos como as formas jovens dos percevejos (ninfas), a partir do terceiro instar (0,4 a 0,5 cm), computando-se indivíduos de todas as espécies de percevejos fitófagos. A escassez de ingredientes ativos para o controle de percevejos e o uso abusivo de produtos nas lavouras tem proporcionado elevados surtos dessas pragas e selecionado populações resistentes aos inseticidas químicos.
Para que esses problemas não sejam intensificados, recomenda-se que o mesmo inseticida não seja utilizado na mesma área repetidas vezes ou em doses maiores que as recomendadas.
Vários inseticidas são recomendados pela Comissão de Entomologia da Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil (RPSRCB) para o controle dos percevejos na soja. Além da eficácia, o critério da seletividade, ou seja, o menor efeito dos produtos sobre os inimigos naturais deve ser também considerado na sua escolha.
Em lavouras de soja muito adensadas, como as que existem atualmente, os inseticidas aplicados em pulverização podem não atingir os percevejos devido ao fenômeno conhecido como “efeito guarda-chuva”. Nestas condições, o uso do sal de cozinha (NaCl) na concentração de 0,5% na calda inseticida (500 g para cada 100 L de água) pode incrementar a mortalidade dos percevejos em até 25%, quando comparado a áreas aplicadas sem o sal.
O sal apresenta um efeito arrestante sobre o percevejo fazendo com que ele permaneça mais tempo sobre a superfície tratada, o que intensifica a sua contaminação.
Considerações finais
A implementação do MIP, em qualquer cultura deve ser baseada em princípios econômicos, ecológicos e sociais, tendo também a concepção de que o MIP é um meio para suporte à tomada de decisão.
O primeiro princípio é o econômico, quando se deve ter a plena consciência de que o importante para o produtor é a margem de lucro, buscando sempre a sua maximização.
O segundo princípio é o ecológico, sendo necessário ter consciência de que no agroecossistema da soja, além dos insetos-praga, existe uma expressiva quantidade de agentes benéficos (predadores, parasitóides e patógenos), denominados coletivamente de inimigos naturais, os quais se alimentam ou vivem à custa dos insetos que atacam a soja, levando-os à morte.
A identificação e preservação desses agentes de controle natural são de fundamental importância para a execução do MIP na soja. O último princípio do MIP a ser considerado é o social, que está relacionado à segurança do aplicador de inseticidas na cultura e do consumidor do produto a ser colhido.
Neste sentido, devem-se utilizar todos os equipamentos de proteção individual (EPI´s) recomendados para a aplicação dos produtos químicos nas lavouras, bem como respeitar o período de carência dos mesmos, visando preservar a saúde do componente mais importante do sistema agrícola, que é o ser humano.