Manejo de Giberela nas lavouras de Trigo


Autores: Comunicação Rehagro
Publicado em: 31/08/2018

A cultura do trigo possui grande importância no cenário agrícola brasileiro. A demanda por estes grãos é bastante elevada, devido à elaboração de produtos alimentícios com o mesmo. No entanto, a maior contribuição para suprimento do mercado não vem das lavouras brasileiras, o nosso país ainda importa mais da metade de suas necessidades (Silva et al., 2017).

Dentre os fatores que prejudicam a expressão do potencial produtivo do trigo, podemos destacar uma doença conhecida como Giberela ou Fusariose da espiga. Essa doença é causada pelo fungo Gibberella zeae. Este patógeno afeta não só as lavouras nacionais, como o mundo inteiro, causando enormes prejuízos econômicos.

A qualidade dos grãos de trigo é afetada pela ocorrência de Giberela, devido ao acúmulo de micotoxinas nos grãos afetados, os quais podem apresentar efeitos tóxicos aos seres humanos e animais (Bottalico & Perrone, 2002). Além disso, tem-se Comunicação Rehagro a redução de peso e produtividade. Portanto, o controle desta doença nas áreas é de extrema importância.

Condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da Giberela

A ocorrência da doença se dá em locais de clima quente e úmido, com temperaturas variando entre 20-30°C, sendo a temperatura o principal fator determinante para o aparecimento e severidade da doença sobre a cultura. Condições de chuva intensa, de no mínimo 48 horas, torna-se um quadro bastante favorável ao patógeno (Lima, 2004).

Época de alerta sobre a doença

O principal sítio de infecção da doença é o florescimento, no qual, após o aparecimento das anteras, a planta se torna vulnerável a Giberela. Após a entrada do fungo na planta, os grãos vão se formar ocos Época de alerta sobre a doença ou chochos, com tamanho reduzido, fazendo com que a produtividade final seja prejudicada. Entretanto, o fungo não afeta apenas o florescimento, plantas com grãos já formados, podem ser afetadas pelo patógeno, porém, não irão reduzir o peso de grãos e produtividade, o risco maior neste caso é em relação à contaminação por micotoxinas.

Como os grãos são pequenos, a retirada de lotes contaminados se torna difícil. Desta forma, o produto é entregue para os moinhos para posterior fabricação de produtos alimentícios contaminados por micotoxinas. Portanto estratégias de manejo da Giberela devem ser feitos desde o espigamento até o os estádios de desenvolvimento dos grãos. Sendo assim, deve-se fazer a proteção das espigas do trigo por semanas e não só por dias após a floração (Parry; Jenkinson; Mcleod, 1995).

Identificação da doença

Os sintomas da Giberela podem ser observados nas espigas do trigo, o qual perde sua coloração, ficando esbranquiçado ou com cor de palha, em contraste com as espiguetas verdes sadias. Ocorre também o chochamento dos grãos, sendo possível observar em campo com a retiradas dos mesmos. É possível observar também a alteração do sentido das aristas afetadas pelo patógeno e abortamento floral (Lima, 2004).

Ciclo da doença

A Giberela é considerada como fungo monocíclico, o qual pode sobreviver de forma saprofíticas, nos restos culturais entre as estações de cultivo ou sobreviver infectando as plantas, na forma parasitária.

O fungo sobrevive na forma sexual quando na fase saprofítica, ou seja, sobre resíduos vegetais, o qual produz corpos de frutificação denominados peritécios. Sob condições climáticas favoráveis e presença de hospedeiro na área, os peritécios liberam os ascósporos, que quando entram em contato com as espigas germinam, e dão início a fase parasitária. A disseminação da doença ocorre através de chuvas e ventos, os quais carregam os esporos para o ambiente acima do dossel da cultura. Estes esporos podem ser levados à longas distâncias da fonte de origem (Wang, 1997; Paulitz, 1999).

Estratégias de manejo da doença

Os manejos a serem adotados para controle da Giberela devem ser utilizados em conjunto, pois atualmente, nenhum controle isolado é totalmente eficiente. Sendo assim, o manejo cultural, químico e genético deve ser empregado nas lavouras de forma racional e eficiente.

Algumas estratégias:

  • Plantio escalonado nas áreas, faz com que as plantas não atinjam o estádio de florescimento na mesmo época, reduzindo desta forma os níveis de injúria do patógeno,
  • Monitoramento desde o florescimento até o estádio de grão leitoso para uso de fungicidas específicos para Giberela no trigo,
  • Uso de cultivares que apresentem algum tipo de resistência à doença,
  • Adoção do sistema de rotação de culturas, não utilizando desta forma, gramíneas em sucessão com o Trigo.

Referências

BOTTALICO, A. & PERRONE, G. Toxigenic Fusarium species and mycotoxins associated with head blight in small-grain cereals in Europe. European Journal of Plant Pathology 108:611-624. 2002.

DANELLI, Anderson Luiz Durante; ZOLDAN, Sandra; REIS, Erlei Melo. Giberela-Ciclo da doença.

LIMA, MIPM. Giberela ou Brusone? Identificação correta para dessas, 2004.

PARRY, D.W., JENKINSON, P. & MCLEOD, L. Fusarium ear blight (scab) in small grain cereals - a review. Plant Pathology 44:207- 238. 1995.

PAULITZ, T.C. Fusarium head blight: a re-emerging disease. Phytoprotection 80:127-133. 1999.

SILVA, S. R.; BASSOI, M. C.; FOLONI, J. S. S. Informações técnicas para trigo e triticale, Safra-2017. 1. ed. Passo FundoRS: EmbrapaTrigo, 2017. 241 p.

WANG, Y.Z. Epidemiology and management of wheat scab in China. Anais, Fusarium head scab: global status and future prospects, Mexico, 1997. pp.97-105.