Fernando Sintra Fulaneti*3, Edgar Salis Brasil Neto3, Vitor Sauzem Rumpel3, Janaina de Fatima Spanevello3, Eduarda Spagnol Bronzatto3, Yago Müller Alves3, Iuri de Oliveira Buligon1, Sabrine Cremonese1, Rogério Peixoto Amaral, Léo Antônio Limberger Speth, Hecthor Ribas Schiefelbein, Astor Nied, Thomas Newton Martin2
Introdução
A soja [Glycine max (L.) Merr.] é uma aleuroleaginosa cultivada no Brasil, sendo o grão brasileiro economicamente mais importante dentre as demais culturas. O grão é rico em proteínas e possui grande diversidade de uso, como na alimentação humana e animal. O Brasil é o maior produtor mundial destas commodities e, na safra 2022/23, foi responsável aproximadamente por 40% da produção mundial, em uma área cultivada de 43,7 milhões de hectares [20].
No Brasil, são 2.656 cultivares de soja registradas [16], classificadas de acordo com o seu grupo de maturidade relativa (GMR), variando seu comportamento de acordo com a latitude em resposta a fatores como fotoperíodo e temperatura. Pelos motivos expostos, é importante a utilização do zoneamento agroclimático como ferramenta indispensável para o cultivo da soja [10].
A soja é considerada uma planta de dias curtos, pois seu florescimento ocorre quando o comprimento dos dias é menor que o fotoperíodo crítico. Além disso, a temperatura é importante para o desenvolvimento da cultura, e ambos os fatores são responsáveis pelas mudanças que ocorrem durante seu ciclo.
Material e Métodos
O experimento foi semeado em 05/11/2022, na área experimental pertencente ao Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), localizado nas coordenadas geográficas, -29º43’ de latitude sul, -53º44’ de longitude oeste e 103 metros de altitude, na safra 2022/23. O solo do local é classificado como Argissolo Vermelho distrófico Arênico [9], correspondente ao Ultisol [19]. As características físico-químicas do solo estão apresentadas na Tabela 1. O clima da região, conforme a classificação de Köppen, é do tipo Cfa, subtropical de clima temperado chuvoso [1], precipitação média de 1688 mm ao ano. No mês mais quente, a temperatura média foi de 24,8°C, e no mês mais frio foi de 14,1°C [13].
O delineamento do experimento foi de blocos ao acaso com quatro repetições e utilizaram-se 53 cultivares de soja em uma área de plantio direto sobre palhada de trigo. O espaçamento entre fileiras foi de 0,45 m e 16 plantas/m linear na fileira, com densidade de 355,555 plantas/ha.
Resultado e discussão
A Tabela 2 e 3 apresentam as principais características das 53 cultivares utilizadas no experimento, de acordo com as informações disponibilizadas nos sites das empresas detentoras dos materiais.
A análise de variância obteve efeito significativo para as variáveis PG e MG. Conforme o resultado do teste de separação de médias, as cultivares foram classificadas em quatro grupos distintos para cada variável, sendo que as cultivares diferem entre si quando estiverem em grupos diferentes.
Para a variável PG, o grupo a apresenta valores entre 3.736,7 e 4.119,8 kg/ha, o grupo b valores entre 3.273,8 e 3.695,6 kg/ha, o grupo c valores entre 2.658,2 e 3.114,6 kg/ha e o grupo d apresenta valores entre 2.025,8 e 2.573,1 kg/ha. Para a variável MMG, o grupo a apresenta valores entre 204,2 e 221 g. o grupo b valores entre 187,6 e 201,7 g, o grupo c valores entre 175 e 185,6 g e o grupo d valores entre 157,7 e 172,6 g.
A figura 3 ilustra o resultado para MG. Seis cultivares foram classificadas no grupo a, 18 no grupo b, 19 no grupo c e 10 no grupo d. A cultivar que apresentou maior MMG foi a BRS 5804 RR, com 221 g e a menor MMG foi da cultivar CE 57K58 RSF, com 172,6 g. A diferença da maior para a menor MMG foi de 48,4 g, uma variabilidade de 21,9%. O resultado para a variável PG pode ser observado na figura 2. Dez cultivares produziram acima de 3.736 kg/ha, e a cultivar NS 6299 IPRO foi a que apresentou maior produtividade, com valor de PG de 4.119,8 kg/ha. O menor valor de PG foi da cultivar FPS 2260 IPRO, 2.025,8 kg/ha.
Conclusão
Os maiores valores de PG foram das cultivares NS 6299 IPRO, BMX 64I61 RSF IPRO, NEO 630 IPRO, NS 6601 IPRO, NEO 610 IPRO, ST 622 IPRO, DM 64I63 IPRO, HO 64HO114 IPRO, NS 5922 IPRO, BMX 64IX66RSF I2X e os maiores valores de MMG foram das cultivares BRS 5804 RR, FPS 1867 IPRO, ST 580 I2X, BMX 65I65 RSF IPRO, NEO 580 IPRO, BMX 57IX60 RSF I2X.
1Aluno de Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria - (UFSM), Santa Maria/RS.
*Autor para correspondência: [email protected]
2Professor na Universidade Federal de Santa Maria - (UFSM), Santa Maria/RS
3Aluno de Pós Graduação, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS
Referências
[1] ALVARES, C. A. et al. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728. 2013.
[2] ARNAO, M. B.; HERNÁNDEZ-RUIZ, J. Melatonina: regulador do crescimento vegetal e/ou bioestimulador durante o estresse? Tendências em Ciência Vegetal, v. 19, n. 12, pág. 789-797, 2014.
[3] BALBINOT JUNIOR, A.A.; SANTOS, J.C.F.; DEBIASI, H.; COELHO, A.E.; SAPUCAY, M.J.L.C.; BRATTI, F.; LOCATELLI, J.L. Performance of soybean grown in succession to black oat and wheat. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.55, e01654, 2020.
[4] BEUTLER, A.N; FONTINELLI, A.M; SILVA, L.S; GALON, L; FERREIRA, M.M; FULANETI, F.S. Soil compaction and cover with black oat on soybean grain yield in lowland under no-tillage system. Ciência Rural, v.51:11, e20200927, 2021.
[5] BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes: Mapa/ACS, 2009.
[6] COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS / SC – CQFS. Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande Faz Sul e de Santa Catarina. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo-Núcleo Regional Sul, 2016. 376p.
[7] CORREA, A. R. Definição de cultivares. Cultivar Grandes Culturas, v. 267, p. 48-51, 2021.
[8] DOORENBOS, J.; KASSAM, AH Resposta do rendimento à água. Artigo sobre irrigação e drenagem, v. 33, p. 257, 1979.
[9] DOS SANTOS, H. G. et al. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 5 ed. Brasília, DF: Embrapa, 2018.
[10] FELICETI, M. L. et al. Grupos de maturidade relativa frente à qualidade fisiológica das sementes de soja. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 5, p. 27410-27421, 2020.
[11] FEHR, W. R. et al. Stage of development descriptions forsoybeans, Glycine max (L.) Merrill. Crop Science, v. 11, n. 6, p. 929-931, 1971.
[12] GRUN, E. Escolha adequada. Cultivar Grandes Culturas, v. 21, p. 20-22, 2021.
[13] HELDWEIN, A. B.; BURIOL, G. A.; STRECK, Nereu Augusto. O clima de Santa Maria. Ciência e Ambiente, v. 38, n. 1, p. 43-58. 2009.
[14] JÚNIOR, Rogério de Souza Nóia; SENTELHAS, Paulo César. Sistema de dupla safra soja-milho safrinha no Brasil afetado pelas fases da Oscilação Sul do El Niño. Sistemas Agrícolas, v. 173, p. 254-267, 2019.
[15] MATEUS, G. P et al. Avaliação regional de cultivares de soja no noroeste paulista-safra 2016/17. Nucleus, p. 103-112, 2017.
[16] MINISTÉRIO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO – MAPA. Cultivares ou Espécies Registradas 2023. Disponível em: (https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/sementes-e-mudas/registro-nacional-de-cultivares-2013-rnc-1/cultivares-ou-especies-registradas). Acesso em: (11 de mai. 2023).
[17] R CORE TEAM. R: Uma linguagem e ambiente para computação estatística. R Foundation for Statistical Computing, 2023. Disponível em: (https://www.R-project.org/). Acesso em: (28 de abril 2023)
[18] RODRIGUES, O. et al. Resposta quantitativa do florescimento da soja à temperatura e ao fotoperíodo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 36, p. 431-437, 2001.
[19] SOIL SURVEY STAFF. Keys to Soil Taxonomy by Soil Survey Staff Twelfth Edition. U.S. Department of Agriculture, Natural Resources Conservation Service, Washington, D.C., USA, 2014. 362p.
[20] UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE - (USDA). World Agricultural Production. 2023. Disponível em: (https://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/production.pdf). Acesso em: (14 de mai. 2023).
[21] WICKHAM, H. ggplot2: Elegant Graphics for Data Analysis. Springer-Verlag New York, 2016. Disponível em: (https://ggplot2.tidyverse.org). Acesso em: (28 de Abril 2023)