Caso o leitor aprecie acompanhar o noticiário por qualquer mídia hoje disponível, é quase certo que já tenha se deparado com alguma manchete mais ou menos assim: “Brasileiros consomem X litros de agrotóxico per capita/ano” ou então “Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos.” Sem dúvida tais notícias preocupam e chegam até mesmo a assustar pessoas que não tem o conhecimento técnico que é comum no meio em que são fabricados, comercializados e utilizados os tão mal falados “venenos”.
Causa admiração o fato que mesmo veículos conceituados de imprensa publiquem manchetes escandalosamente falsas, citando quantidade de litros ou kg de agrotóxicos supostamente “consumidos” e ou “ingeridos” pela população, pois a simples análise lógica demonstra que, ou tais produtos não tem a alardeada toxicidade ou não são consumidos pelas pessoas, pois fosse de fato assim estaríamos todos mortos!
Apenas para demonstrar a insensatez deste argumento, usando a mesma lógica podemos afirmar que em 2017 cada brasileiro consumiu cerca de 654 litros de combustível ou quase 1,8 litro por dia2.
Vejo que aqueles que de fato usam os agroquímicos, por vezes negligenciam a própria saúde, como pude testemunhar ainda nesta última safra, vendo um colega agricultor aplicando produto químico em sua lavoura de soja operando um trator sem cabine, vestindo bermuda e camiseta de mangas curtas!
No outro extremo da negligência e irresponsabilidade vemos ONGs e ativistas incapazes de produzir pouca coisa além de manchetes sensacionalistas, querendo ver a agricultura retroceder ao tempo de nossos avós, entretanto faltam voluntários para capinar lavouras com a força do próprio braço, pois antes dos agroquímicos a maioria da população vivia na zona rural produzindo seu alimento ali mesmo.
Talvez o êxodo rural ajude a explicar uma parte do medo de muitos a respeito dos agroquímicos, uma vez que quase todo morador das cidades tem suas raízes familiares no interior, em áreas rurais num tempo em que não existiam as modernas tecnologias agrícolas. Entretanto, causa espécie uma sociedade que absorve prontamente toda a evolução tecnológica a seu alcance, enquanto parece querer ver a agricultura parada no tempo...
O mesmo progresso que trouxe muitos benefícios para o cidadão urbano também trouxe para o agricultor: Plantas geneticamente modificadas (transgênicos), agroquímicos capazes de agir como fungicidas, inseticidas ou herbicidas, substancias estas que estão para as plantas como os medicamentos estão para a saúde das pessoas, sendo que em muitos casos medicamentos e agroquímicos são desenvolvidos e comercializados pela mesma e gigantesca empresa multinacional; as máquinas equipadas com GPS e piloto automático, o conceito de agricultura de precisão, entre outros avanços, ajudam menos de 15% da população brasileira a alimentar não só o país todo, como ainda exportar milhões de toneladas de grãos e carnes, gerando divisas indispensáveis a economia brasileira.
Acredito ser de máxima importância que a cadeia produtiva do agronegócio aprenda a dialogar com o público urbano, consumidor final da imensa gama de produtos e subprodutos oriundos das lavouras e criações de animais, para que haja uma maior compreensão dos interesses e necessidades de cada segmento, pois agricultor nenhum quer destruir a natureza, muito menos envenenar os consumidores de seus produtos, assim como é líquido e certo que as cidades entram em colapso sem a produção de alimentos que atualmente é feita com o apoio indispensável da tecnologia moderna.
Espero ver um tempo em que jornalistas e meios de comunicação descubram quanta boa ciência existe por trás dos seguidos recordes de produção e produtividade quebrados pelos agricultores brasileiros, graças a muito trabalho e dedicação e com o uso da mais moderna biotecnologia e de produtos químicos desenvolvidos e testados especificamente para serem usados nas plantações, descobrindo que os temidos agrotóxicos estão para as plantas como os medicamentos estão para a saúde das pessoas, ou seja, produtos que, se pudéssemos escolher certamente não usaríamos, entretanto, por necessidade servem a um nobre propósito!
Referências
2 https://g1.globo.com/ economia/noticia/consumo-decombustiveis-aumenta-04-nobrasil-aponta-anp.ghtml;
2 http://www.brasil.gov.br/ cidadania-e-justica/2017/08/ populacao-brasileira-passa-de207-7-milhoes-em-2017.