No dia 10 de abril de 2018, ocorreu em Passo Fundo o 2º Encontro Técnico: Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas. Selecionamos duas perguntas feitas durante o evento e que acabaram não sendo respondidas em função do tempo esgotado, e respondemos elas com base na literatura científica. Confira:
Qual a profundidade de amostragem de solo ideal para avaliar o teor de Matéria Orgânica no solo?
A profundidade ideal para se ter uma ideia mais precisa da quantidade de matéria orgânica no solo pode ser variável.
No entanto, sabe-se que a matéria orgânica do solo só se forma expressivamente nas camadas mais superficiais, sendo que, se você for fazer uma análise até um metro de profundidade, vai perceber uma diminuição gradual dos teores de matéria orgânica a medida que a profundidade aumenta na maioria dos tipos de solos.
Inclusive, boa parte dos estudos sobre amostragem em Plantio Direto não chega a analisar abaixo dos 20 cm de profundidade, priorizando as camadas mais superficiais.
Em termos de custos, no plantio direto, é possível fazer uma análise estratificada de 0-10 cm, e 10-20 cm para uma boa noção do teor de M.O, conforme consta nas recomendações oficiais. Se não houver limitação financeira para a amostragem, fazer uma análise estratificada de 0-40 cm (0-10; 10-20; 20-30; 30-40 cm) com certeza dará uma noção mais precisa de como a matéria orgânica está se comportando naquele ponto.
Em uma análise foliar na cultura da Soja, qual é o estádio da cultura em que devemos amostrar para fazer ajustes à nutrição, principalmente em relação a Molibdênio (Mo) e Boro (B)?
Hoje ainda são poucos os estudos feitos sobre o assunto, e dessa forma a recomendação oficial para amostragem não especifica épocas para cada um dos nutrientes, como o Mo e B.
O Manual de Calagem e Adubação dos estados do RS e SC de 2016 possui uma tabela para amostragem foliar de várias culturas, incluindo a soja. Essa tabela é adaptada de algumas referências mais antigas como Dr. Malavolta (1987) e Dr. Raij et al. (1997).
O Manual recomenda coletar a terceira folha madura do terço superior da planta, na época do florescimento pleno (R2), ou seja, 50% das plantas de soja devem estar com flores abertas em um dos dois últimos nós. Devem ser coletadas 30 folhas trifolioladas com pecíolo. Há também um documento, elaborado por pesquisadores da Embrapa Soja, que recomenda a coleta no inicio do florescimento (R1), ou seja, 50% das plantas devem estar com uma flor aberta em qualquer nó.
Além disso, recomenda que a coleta seja de 35 folhas trifolioladas sem pecíolo. No funcionamento da planta, o Molibdênio faz parte de enzimas necessárias ao metabolismo do nitrogênio e fixação biológica, sendo essencial durante todo o ciclo da cultura.
O boro também tem funções metabólicas durante todo o ciclo da cultura, mas com ênfase na fase reprodutiva. No entanto, o Boro, ao contrário do Molibdênio é pouco móvel na planta. Sendo assim, até o momento, os estudos realizados não afirma alguma época do ciclo da soja para que seja feita análise específica.
Referências
COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO RS/SC (CQFS RS/SC). Manual de calagem e adubação para estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. SBCS/NRS. Porto Alegre, 2016. 376p.
INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Informação Sobre Interpretação de Análise de Solo. Campinas, 2018. Disponível em: .
INSTITUTO DA POTASSA & FOSFATO. Manual de fertilidade do solo. Tradução e adaptação de Alfredo Scheid Lopes. Piracicaba. POTAFOS, 1998. 177p.
SANTOS, H. P. dos; TOMM, G. O. Disponibilidade de nutrientes e teor de matéria orgânica em função de sistemas de cultivo e de manejo de solo. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.3, p.477-486, mai-jun, 2003.
CASTRO, C. de; KLEPKER, D.; SFREDO, G. J. ; OLIVEIRA, F. A. de; OLIVEIRA JÚNIOR , A. de. Arvore do Conhecimento – Soja: Análise foliar. Agência Embrapa de Informação Tecnológica. Londrina. Disponível em:
COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO RS/SC (CQFS RS/SC). Manual de calagem e adubação para estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. SBCS/NRS. Porto Alegre, 2016. 376p. MARCONDES, J. A. P.; CAIRES , E. F. Aplicação de molibdênio e cobalto na semente para cultivo da soja. Bragantia, Campinas, v.64, v.64, n.4, p.687-694, 2005
RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. (Ed.). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ IAC, 1996. 285p TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.