Análise do Mercado da Soja: Aspectos Conjunturais da Formação do Preço Pago ao Produtor Brasileiro


Autores: Nilson Luiz Costa , Antônio Cordeiro de Santana
Publicado em: 30/06/2018

1. Introdução

Em seu último relatório, o Departamento de Agricultura dos Estados Unido (USDA, 2018) projetou crescimento de 5,3% na produção global de soja (safra 2018/2019), que deverá alcançar 354,54 milhões de toneladas. A projeção é de que o Brasil passará a ser o maior produtor mundial, com produção de 117 mi t. Estados Unidos (116,48 mi t), Argentina (56 mi t) e Paraguai (9,8 mi t) continuam relevantes e juntos com o Brasil concentrarão 84,41% da produção global.

O crescimento na oferta mundial de soja em grãos tem sido significativo nas últimas décadas e a demanda tem aumenta na medida em que a população mundial cresce e se urbaniza (COSTA, SANTANA e BASTOS, 2014). Entre 1950 e 2017, o número de habitantes evoluiu de 2,56 bi para cerca de 7,6 bi e a população urbana passou a representar cerca de 55% do total.

As projeções mostram que em 2050 a população deverá situar-se em patamar próximo a 9,8 bi e o percentual de urbanização deverá ser maior do que o atual (UNITED NATIONS, 2017). Somando-se a isto, o crescimento do PIB, da renda das famílias e as novas tecnologias que permitem a produção de refeições industrializadas em grande escala (GOODMAN, SORJ e WILKINSON, 1990) a partir de componentes genéticos, entre os quais a proteína e derivados de soja, passou a garantir uma demanda crescente para a oleaginosa.

Para o Brasil, este mercado é uma janela de oportunidade, pois a exportação de grãos contribui para o aumento das reservas internacionais do Banco Central, para a geração de emprego, renda e fortalecimento de uma cadeia de atividades econômicas que inicia no elo de produção de insumos para a lavoura e se estende até a distribuição de alimentos para o consumidor final (RHODEN et. al, 2017; COSTA e SANTANA, 2015), além de criar condições para o estabelecimento, crescimento e desenvolvimento de outras cadeias agroalimentares, notadamente de carnes, ovos e leite.

Por outro lado, os custos operacionais da lavoura apresentam clara trajetória de crescimento, conforme é possível observar nos estudos da Conab (2018) e a valorização do dólar frente ao real tende a intensificar este processo ao longo do ano de 2018, principalmente porque o preço de fertilizantes e defensivos estão associados diretamente à taxa de câmbio.

Neste contexto, o estabelecimento de uma adequada política de comercialização da produção tende, em curto, médio e longo prazos, a contribuir para a viabilidade econômica da lavoura de soja através da conversão dos ganhos de produtividade em saldo positivo em conta corrente.

Deste modo, o planejamento da comercialização também se constitui como uma ferramenta de gerenciamento de risco, diretamente associado às constantes oscilações verificadas no mercado de commodities agropecuárias. Neste contexto, o objetivo geral da presente pesquisa é analisar as variáveis e a conjuntura que interfere direta e indiretamente no processo de formação do preço pago ao produtor de soja.

O artigo está dividido em quatro seções, incluindo esta. Na segunda seção, são apresentados os materiais e métodos de pesquisa. Na terceira, os resultados e discussões. Por fim, as considerações finais e referências bibliográficas.

2. Material e métodos

Metodologicamente, este estudo pode ser classificado como exploratório e descritivo, segundo a tipologia apresentada por Creswell (2010). Estudos desta natureza permitem a investigação científica, compreensão e descrição de fenômenos.

Os dados utilizados na análise se constituem de atas, relatórios e projeções de agências oficiais dos governos Brasileiro, Norte Americano e de Organizações Internacionais Governamentais, além das cotações praticadas na Chicago Board of Trade (CBOT/CME Group).

Por considerar que as cotações dos futuros de soja na CBOT/CME Group, a taxa de câmbio e o prêmio de exportações nos portos do Brasil são os principais determinantes do preço da soja no Brasil (COSTA, 2017), a pesquisa buscou avaliar possíveis cenários conjunturais capazes de provocar elevações ou reduções nos preços pagos ao produtor brasileiro de soja.

Neste aspecto, a análise de mercado se concentrou em três eixos: o microeconômico, por englobar as expectativas de oferta e demanda, bem como seus impactos na formação do preço da soja em Chicago; o macroeconômico, que exerce efeito sobre as taxas de juros que remuneram os títulos públicos no Brasil e nos EUA e, por consequência, na taxa de câmbio e; o político/geopolítico, que em determinadas ocasiões provoca incertezas e oscilações cambiais (Quadro 1).

A análise técnica/gráfica foi utilizada para identificar tendências e avaliar o comportamento dos preços dos futuros de soja em Chicago. O sistema TradingView da CBOT/CME Group foi utilizado para identificar canais de alta e baixa, pivôs de alta e baixa e linhas de suporte e de resistência.

Para analisar a possibilidade de manutenção das tendências observadas na análise técnica, também foi calculado a Margem Bruta de Processamento da agroindústria processadora de soja (MBP).

A Margem Bruta de Processamento (MBP), ou spread de esmagamento, representada pela equação 1, é considerada a margem de lucro potencial da agroindústria processadora de soja em suas operações com farelo e óleo.

A importância deste indicador reside no fato de ele estar diretamente associado à capacidade da agroindústria pagar mais, ou não, pela matéria prima (soja em grão). Neste aspecto, quanto maior for a MBP maior será a rentabilidade potencial do negócio e, por consequência, maior a capacidade da agroindústria responder a choques de aumento de preços.

Também foi calculado o Preço de Paridade de Exportação (PPE). A partir deste, é possível identificar os mecanismos de transmissão de preços entre os mercados internacional e doméstico de soja em grãos. A mensuração do PPE seguiu o roteiro de cálculo descrito no Quadro 2.

Para identificar o grau de sobrevalorização do real em relação ao dólar, calculou-se a Taxa de Câmbio – Critério PPC. A manutenção da paridade do poder de compra exige correções na taxa de câmbio, uma vez que o processo inflacionário em ambos os países tende a desequilibrar o poder de compra das moedas (CARVALHO; SILVA, 2017). Neste contexto, para manter a paridade do poder de compra, a magnitude do ajuste na taxa de câmbio (∆Eif) se deu a partir da equação 2

A Taxa de Câmbio – Critério PPC é uma variável útil, pois guarda as relações de paridade do poder de compra entre distintas moedas ao longo do tempo. Apesar de não ser uma taxa praticada em regimes de câmbio flutuante, se constitui como parâmetro a ser seguido no estabelecimento de taxas em regimes de câmbio fixo.

Quando comparada com a taxa de câmbio - mercado, pode ajudar a quantificar o percentual de sobrevalorização ou subvalorização de uma moeda em relação a outra. Em seguida, a partir de projeções macroeconômicas e de cenários políticos domésticos e internacionais, buscou-se analisar possíveis comportamentos para o comportamento da taxa de câmbio.

3. Resultados e discussões

Nos últimos anos, o agronegócio tem desempenhado um importante papel para o setor exportador do Brasil, com destaque para as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo), que entre dezembro/2006 e abril/2018 aumentou sua participação percentual e relação ao total exportado, de 6,77% para 15,58% (MAPA, 2018; MDIC, 2018).

Estes números ganham relevância na medida em que o processo de exportação reverte saldo positivo para a sociedade brasileira (via acúmulo de reservas internacionais e fomento à atividade econômica).

Neste aspecto, como exemplo deste processo, é possível observar que a exportação 65 mil t de soja (a capacidade de um navio graneleiro Panamax situa-se entre 65 milt e 80 mil t) ao preço de US$ 386,08/t representa o ingresso de aproximadamente US$ 25,1 milhões na conta de Reservas Internacionais do Brasil e de R$ 94,1 milhões na conta do exportador brasileiro, considerando-se a Taxa de Câmbio de R$ 3,7503/US$ (Figura 1).

Analogamente, é possível observar que em 74 municípios do Rio Grande do Sul, a massa salarial da cadeia produtiva da soja representa pelo menos 10% do total e em municípios como Não-Me-Toque/RS, Horizontina/RS e Panambi/RS, a massa salarial da cadeia produtiva chega a representar, respectivamente, 63%, 42% e 40% do total (RHODEN et. al, 2017). Dada esta relevância para a economia brasileira, este é um mercado que deve ser acompanhado, principalmente nos aspectos relacionados à formação do preço pago ao produtor rural, uma vez que as relações sistêmicas da cadeia produtiva se viabilizam a partir dos estímulos gerados pelo elo central de produção.

Neste contexto, buscar-se-á analisar o mercado da soja a partir da análise de três eixos:

1) o microeconômico, voltado para a análise de oferta, demanda e formação do preço no mercado doméstico e no mercado internacional;

2) o macroeconômico, centrado no ambiente que pode interferir na taxa de câmbio e, por consequência, no preço pago ao produtor de soja no Brasil e;

3) a conjuntura sociopolítica e institucional, cuja análise está centrada em eventos de natureza política, geopolítica e institucional com potencial de causar turbulências e impactar a taxa de câmbio

3.1 Análise microeconômica: condições de oferta, demanda e eventos que impactaram o mercado da soja

3.1.1 Análise do Comportamento Recente dos Futuros de Chicago

O último mês foi caracterizado por uma série de eventos que deixaram o mercado em alerta para as cotações de curto prazo. Muitos compradores negociaram contratos futuros com datas de vencimento mais distantes.

Com 417.933 contratos em aberto, os futuros ZSN2018 (vencimento em julho/2018) se constituem como o driver de Mercado4, mas os contratos com vencimento em novembro/2018 também se destacam, pois estão com cerca de 241.132 operações em aberto, o que caracteriza a opção por posições futuras mais alongadas por grande parte dos compradores internacionais. A Figura 2 apresenta o comportamento recente do mercado, onde é possível verificar forte suporte no patamar de US$ 9,90/bu e forte resistência no nível dos US$ 10,90/bu.

As incertezas no mercado provocaram oscilações, principalmente entre 29/03/18 e 13/04/18. Neste contexto, o clima da relação EUA x China, a valorização do Dólar e as condições climáticas favoráveis para a próxima safra nos EUA ajudaram a consolidar um canal de baixa, iniciado na segunda quinzena de abril.

Em geral, as cotações de Chicago tendem a recuar quando o dólar se valoriza, em um movimento que procura manter competitivo os preços dos Estados Unidos em relação aos preços dos seus principais concorrentes, Brasil e Argentina. Apesar do canal de baixa nos últimos dias, parece estar configurada uma macrotendência de alta.

Neste sentido, conforme é possível observar na Figura 3, se considerarmos a média de nove dias (linha em azul), a média de 50 dias (linha vermelha) e as linhas de suporte e resistência delineadas com auxílio do tridente de “Andrews Pitchfork”, existe uma perceptível tendência de valorização dos futuros de soja em Chicago.

Observa-se que nos momentos em que a média de 50 dias se aproximou ou ultrapassou a “Linha de Resistência 1” houve um movimento de baixa. Analogamente, nos momentos em que a média de 50 dias se aproximou ou ultrapassou a “Linha de Suporte 1”, o movimento passou a ser de alta, o que denota uma trajetória cíclica, mas com tendência de alta.

Da mesma forma, observa-se que a média de nove dias úteis também apresenta comportamento cíclico e crescente, oscilando entre a “Linha de Suporte 2” e a “Linha de Resistência 2”.

No fechamento de mercado do dia 18/05, a média de 50 dias apresenta movimento de baixa e situada no patamar de US$ 10,39bu, enquanto que a média de nove dias também em movimento de baixa situou-se nos US$ 10,00/bu, com os contratos sendo negociados a US$ 9,9850.

Portanto, dado o comportamento de médio e longo prazos, a possibilidade de recuperação dos preços em Chicago não pode ser descartada, pois entre os elementos que ajudam a explicar o estabelecimento deste canal de alta de longo prazo, destacam-se:

a) crescimento demográfico e urbanização, principalmente nas nações emergentes, que estimulou e continuará a estimular a dependência de grandes centros urbanos por alimentos comprados em supermercados, derivados de cultivos e criações de grande escala;

b) o crescimento da renda e a elevação no consumo de derivados de soja ou de produtos cuja soja é insumo para a produção, a exemplo de panificados, óleos, carnes, ovos, leite, entre outros e;

c) a redução na taxa de juros dos títulos da dívida pública de países em desenvolvimento e a migração de investimentos para os fundos multimercado. Portanto, os movimentos de alta e baixa em Chicago são inerentes à própria dinâmica deste mercado, mas dado a importância da soja para a segurança alimentar global e a falta de fornecedores internacionais, a demanda por soja tende a continuar forte.

3.1.2 Análise das Projeções de Oferta e Demanda Global por Soja

Em seu último relatório sobre as estimativas de oferta e demanda agropecuária para a safra 2018/19, o USDA (2018) projeta a seguinte conjuntura:

a) O Brasil passará a ser o maior produtor mundial de soja, com 117 mi/t, seguido dos Estados Unidos com 116,48 mi/t, Argentina com 56 mi/t e Paraguai com produção estimada em 9,8 mi/t. Juntos, estes países concentrarão 84,41% da produção global de soja, que deverá crescer 5,3% em relação ao ano safra 2017/18;

b) O esmagamento global de soja aumentará de 299,39 mi/t para 313,34 mi/t. Com 32,55% do esmagamento mundial de soja, a China continuará sendo o principal mercado para a oleaginosa. Estados Unidos (17,33%), Argentina (14,04%), Brasil (13,79%) e União Europeia (4,76%), juntamente com a China responderão por 82,47% do esmagamento mundial de soja;

c) Os estoques globais de soja serão reduzidos em 5,46 mi/t. A maior parte desta redução (4,03 mi/t) será vista no encolhimento dos estoques dos maiores exportadores. A projeção também é de redução de 1,45 mi/t os estoques chineses. 93,85% dos estoques finais mundiais de soja, equivalente a 81,37 mi/t estarão na Argentina (34,24%), China (22,13%), Brasil (24,45%) e Estados Unidos (13,02%);

O cenário exposto explica a disposição dos compradores internacionais em pagar um prêmio mais elevado para a soja nos portos brasileiros, de modo a compensar a redução no preço de Chicago, que tem sido fortemente impactado por questões de natureza geopolítica nas últimas semanas, principalmente resultantes do diálogo EUA x China sobre imposições de barreiras ao comércio. Neste contexto, a média dos meses de abril do ano de 2018 foi a maior para todos os meses de abril desde 2005, conforme é possível observar na Figura 4

3.1.3 Mensuração da Margem Bruta de Processamento no Mercado Internacional

A margem de lucro potencial da agroindústria processadora de soja, também conhecida como Margem Bruta de Processamento (MBP) foi mensurada, com base em dados do mercado internacional. Este indicador é importante porque revela a capacidade e/ou disponibilidade de a agroindústria pagar mais pela matéria prima, de modo que uma tendência de alta na MBP tende a resultar em menor resistência às elevações no preço do grão.

“A importância da análise deste indicador reside no fato de que ele está diretamente associado à capacidade de a agroindústria pagar mais, ou não, pela matéria prima (soja em grão). Neste aspecto, quanto maior for a MBP maior será a rentabilidade potencial do negócio e, por consequência, maior a capacidade da agroindústria em pagar mais pela soja” (COSTA, 2018b)."

Os resultados são apresentados na Tabela 1. Identificou-se, com base nos contratos futuros negociados na CBOT/CME Group com vencimento de julho/2018, para os dias 30/04 e 18/05 que a MBP foi de US$ 78,78/t e US$ 80,19/t, respectivamente. A MBP para o mês de julho/2018 está entre as maiores, quando considerados os dados de 2018, fato que cria condições para a agroindústria processadora aceitar preços mais elevados em Chicago.

3.1.4 Mensuração do Preço Paridade de Exportação (PPE)

A partir do Preço Paridade de Exportação (PPE), identificam-se os mecanismos de transmissão de preços entre os mercados internacional e doméstico. Este é um indicador importante para compreender o processo de formação do preço pago ao produtor rural de soja. Com base no fechamento do mercado (CBOT/CME Group) e na Taxa de Câmbio do dia 18/05/2018, calculou-se o PPE R$/sc (Tabela 2).

Entre os principais resultados, destaca-se que a elevação na taxa de câmbio praticamente compensou a forte queda verificada na CBOT/CME Group nestes últimos dias, fato que manteve o preço pago ao produtor do noroeste gaúcho (preço balcão) ao redor dos R$ 74,00.

Especificamente, nos municípios de Palmeira das Missões/RS, Panambi/ RS, Não-Me-Toque e Campo Novo, é possível destacar que as cooperativas e empresas que atuam como reguladoras de preço estão acompanhando as variações de Chicago e na Taxa de Câmbio, de modo a ofertar para o produtor um preço devidamente alinhado com as condições de mercado.

3.2 Análise Macroeconômica: Agregados e seus possíveis Impactos na Taxa de Câmbio

Os acontecimentos das últimas semanas passaram a dar maior relevância para o cenário macroeconômico, uma vez que o a valorização do dólar frente a maioria das moedas internacionais se intensificou. Isto se deve a um conjunto de fatores que incluem agregados macroeconômicos domésticos e internacionais, além da escalada no preço do petróleo no mercado internacional e da precificação do risco geopolítico internacional (que será abordado na terceira seção deste boletim).

3.2.1 Análise da Conjuntura Macroeconômica Doméstica e Internacional e seus possíveis impactos na taxa de câmbio

O Quadro 3 apresenta o comportamento dos principais agregados macroeconômicos no Brasil, suas interfaces diretas com a taxa de câmbio e indiretas com o preço pago ao produtor de soja.

O atual cenário macroeconômico do Brasil apresenta condições para a manutenção da taxa de juros em níveis próximos a 6,50% a.a. Neste patamar e com pressões internacionais de natureza diversa (aumento nos juros nos EUA e turbulências políticas internacionais), é provável uma grande soma de dólares que hoje está no mercado brasileiro migre para aplicações nos títulos da dívida pública dos EUA, considerados mais seguros.

Por considerar que a taxa de câmbio explica parte significativa do preço pago ao produtor brasileiro, as condições macroeconômicas começam a atuar como elemento favorável a elevação nos preços de soja no Brasil.

O quadro 4 apresenta a atual conjuntura da economia dos Estados Unidos e seus possíveis impactos no mercado de soja no Brasil. As atuais condições da economia dos Estados Unidos configuram um cenário de fortalecimento do dólar. Considerando que as perspectivas de crescimento econômico são baixas e médias para os demais países industrializados, o cenário de valorização da moeda norte-americana é global.

Neste contexto, a apreciação do dólar frente ao Real ganha força e reforça a necessidade de planejamento na aquisição de insumos para a próxima safra, pois níveis mais elevados nas taxas de câmbio e nos preços da soja tendem a resultar em aumento nos preços dos fertilizantes, defensivos e combustíveis (em especial o óleo diesel).

Este é um momento adequado para avaliar a relação de troca soja/ insumos e adquirir pelo menos os fertilizantes, seja pelo período de entressafra ou pelas cotações do grão (que podem crescer pelo aumento na taxa de câmbio, mas neste caso, o preço dos insumos também sofrerá altas). Do mesmo modo, ao considerar as projeções de crescimento econômico da China (estimado em 6,8% pelo FMI) e a importância deste país para as exportações brasileiras de soja em grãos, a demanda chinesa por soja brasileira tende a crescer em pelo menos 12,04% em 2018.

Neste sentido, Feistel, Hidalgo e Zuchetto (2015, p.86) destacam que “para cada 1% de alteração na renda chinesa destinada às importações, a demanda por exportações brasileiras de soja em grão aumenta em aproximadamente 1,77%”. Igualmente, Costa e Santana (2015) identificaram que para cada 1% de elevação no PIB do Continente Asiático, espera-se uma elevação de 1,35% nas exportações de soja em grãos do Brasil.

3.2.2 Mensuração da Taxa de Câmbio de Paridade do Poder de Compra e análise relativa à Taxa de Câmbio praticada pelo mercado

A Taxa de Câmbio – Critério PPC R$/US$ guarda as relações de paridade do poder de compra do real em relação ao dólar entre julho/1994 e abril/2018. Realizada a deflação da Taxa de Câmbio – Mercado de julho/1994 (linha azul da Figura 7), encontrou-se a Taxa de Câmbio - Critério PPC (linha laranja da Figura 7).

Os resultados mostram que de janeiro/1999 a maio/2005 e setembro/2015 a março/2016 (área em azul do gráfico) o dólar estava sobrevalorizado; de julho/1994 a dezembro/1998, junho/2005 a setembro/2015 e abril/2106 a abril/2018 a sobrevalorização foi do real (área laranja do gráfico).

Também, foi possível observar que a mesma relação de poder de compra verificada no início do Plano Real seria mantida se, e somente se a taxa de câmbio praticada pelo mercado estivesse em patamar próximo a R$ 3,8105. Deste modo, nas cotações atuais (ao redor de R$ 3,75/ US$), é plausível a hipótese de que o real segue sobrevalorizado.

Portanto, mesmo com intervenção do Banco Central do Brasil, no sentido de vender dólares e forçar a valorização do real, o ambiente macroeconômico tende a ajudar na consolidação de taxas de câmbio mais elevadas. Contudo, o processo dinâmico de oferta e demanda por dólares determina, em última análise, os patamares da taxa de câmbio de mercado.

Ressalta-se que o caráter volátil e especulativo da Taxa de Câmbio, sobretudo em momentos pré-eleitorais e de turbulências nos mercados e na política internacional continua a ser um aspecto a ser considerado, apesar das condições macroeconômicas e políticas atuarem em favor da valorização do dólar.

Esta volatilidade reforça a necessidade de avançar em estratégias de comercialização assim como avançamos nos ganhos de produtividade. Em condições de elevada oscilação o risco deve ser calculado e o hedge parece ser uma das opções para buscar a proteção de preços.

3.3 O Ambiente Político e o Preço da Soja: Impacto via Taxa de Câmbio

Nos últimos dias, as expectativas em relação às eleições presidenciais no Brasil e o turbulento ambiente geopolítico internacional, desta vez representado pela decisão norte-americana de abandonar o acordo nuclear firmando com o Irã, parecem ter impactado a taxa de câmbio, pois verificou-se apreciação do dólar frente as moedas de todos os mercados emergentes.

A seguir, destacam-se os elementos que permitem entender o porquê da alta no dólar e os impactos da geopolítica internacional no preço pago ao produtor de soja.

3.3.1 Conjuntura Política no Brasil

Ao longo dos últimos anos a situação fiscal no Brasil vem se deteriorando e o aspecto mais marcante deste processo é o aumento da dívida pública (Dívida Fiscal Líquida), que entre dezembro/2013 e março/2018 cresceu de R$ 1,59 tri para R$ 3,71 tri e passou a ser equivalente a 56,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Conforme é possível observar na Figura 8, o próximo governo eleito terá o desafio de romper a notória tendência de crescimento da Dívida Fiscal Líquida do setor público brasileiro, que engloba a União, as empresas estatais e todos os entes federados.

Para os economistas vinculados ao mercado financeiro, pautados por uma visão de política econômica ortodoxa, que atribui relevada importância ao equilíbrio fiscal, controle da inflação e câmbio flutuante, a melhor alternativa para controlar o déficit é a implementação de amplas reformas no aparelho estatal, inclusive as reformas tributária e previdenciária.

Em função disto o crescimento nas intensões de votos de candidatos situados nos campos políticos da direita e do centro, que trazem consigo propostas reformistas, geram expectativas de redução da dívida pública, elevação do PIB e redução na taxa de câmbio. Já, para economistas orientados por teorias econômicas de natureza heterodoxa, o processo de crescimento econômico tende a reduzir naturalmente o grau relativo de endividamento do governo, pois resulta em aumento natural da arrecadação.

Neste campo, se enquadram as propostas de candidatos de esquerda. Independente do mérito da contribuição das diferentes escolas do pensamento econômico, o fato é que o aumento na projeção de votos de candidatos do campo de esquerda, que trazem consigo um conjunto de políticas econômicas heterodoxas, provocam no mercado a sensação de prolongamento dos problemas fiscais e contribuem para a depreciação do real frente ao dólar.

3.3.2 Geopolítica Internacional

Nas últimas semanas, as conversas envolvendo negociadores do Estados Unidos e da China e o anúncio norte-americano de abandono do acordo nuclear com o Irã foram os elementos geopolíticos que mais impactaram o preço da soja.

3.3.2.1 Guerra Comercial EUA x China

Conforme destacado no Boletim Analítico do Mercado da Soja (COSTA, 2018), os desentendimentos comerciais entre EUA e China foram determinantes para colocar os futuros de soja na CBOT/CME Group numa trajetória baixista. Se um acordo definitivo for fechado, os preços em Chicago tenderão a voltar ao movimento tradicional, explicado pelo clima e condições das lavouras norte-americanos.

Pelo lado chinês, é de conhecimento do governo que a produção de Brasil, Argentina e Paraguai, apesar de relevantes, não são suficientes para atender a integralidade da demanda asiática. Portanto, apesar dos discursos, o desfecho final desta questão tende a ser o acordo, pois:

1) uma taxação da oleaginosa norte-americana pela China resultaria em um contexto de elevação dos preços domésticos chineses (apesar das reduções em Chicago), pois esta situação forçaria os importadores asiáticos a pagar um prêmio mais elevado para a soja de Brasil, Argentina e Paraguai;

2) o principal objetivo das ações protecionistas norte-americanas é reduzir o déficit comercial, portanto uma saída racional para ambos os países é a China passar a importar mais produtos norte-americanos, o que favorece a redução do déficit comercial dos EUA e ameniza a ação protecionista de Trump ao atender os interesses do agronegócio e da economia estadunidense.

Neste contexto, para reduzir o desequilíbrio no comércio entre os países em questão, entre os dias 21 e 25/05/2018 uma missão norte-americana com autoridades governamentais e líderes do agronegócio estarão em Guangzhou e Shenzhen, no sul da China, com o objetivo de promover novas oportunidades de negócios para alimentos produzidos nos Estados Unidos (SENTS, 2018).

Igualmente, o diálogo entre diplomatas e negociadores internacionais de China e Estados Unidos está intenso. Na pauta de negociação estarão a promoção de produtos básicos do agronegócio norte americano até ingredientes para padaria e frutas secas para o país asiático5. Portanto, apear dos discursos e ameaças por parte de Donald Trump, o provável desfecho desta questão é o acordo comercial, pois uma guerra tarifária tenderia a resultar em um jogo de soma zero.

Apesar do aparente nervosismo no mercado de Chicago, que se traduz em redução nos preços, a estratégia do governo Trump tende a resultar em ganhos no curto prazo, tende a alcançar o objetivo de reduzir o déficit comercial com a China

3.3.2.2 Acordo nuclear P5+1 e Irã

Após longo período de negociações, o então Presidente Barack Obama (Estados Unidos) conseguiu conduzir um acordo entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha (P5+1) e o Irã. Ao assumir a presidência norte-americana, Donald Trump passou a colocar em prática as políticas anunciadas na campanha.

Os impactos já podem ser notados: o clima de tensão, principalmente no Oriente Médio, a principal região produtora de petróleo provoca impactos diretos nos futuros de petróleo e, por consequência, na inflação norte-americana, que já está em alta. Para o mercado brasileiro, o impacto parece estar vindo de forma duplicada: pela elevação nos preços do petróleo e pela valorização cambial.

Neste contexto, é provável o aumento nos preços dos insumos para a próxima safra de soja. Por outro lado, o dólar valorizado tende a amenizar a queda ou manter elevadas as cotações de soja no Brasil, sobretudo se as expectativas forem favoráveis para a próxima safra estadunidense.

3.3.2.3 Renegociação do NAFTA

Segundo informações da impressa norte-americana (SENTS, 2018), estiveram reunidos na terceira semana de maio/2018, o Secretário de Agricultura dos Estados Unidos e os produtores de Novo México, Colorado, Wyoming e Nebraska.

Na pauta, a preocupação do setor com relação às renegociações do NAFTA, principalmente porque este é um importante mercado comprador de carne, milho e trigo. Os produtores estão pressionando o Governo Trump, no sentido de fechar um acordo favorável ao segmento.

Por outro lado, as autoridades da área ressaltam que o forte ritmo nas negociações com a China impediu o avanço nas negociações com o NAFTA, pois o que está na mesa em ambos os casos são questões que envolvem estudos e decisões do alto escalão técnico e político.

Considerando os últimos êxitos da política externa norte-americana, é provável que o cenário evolua em direção a consolidação do novo acordo, pois o duro discurso de Donald Trump parece ser um padrão estratégico para vencer o status quo e forçar a abertura de negociações.

Num segundo momento, os EUA cedem um pouco, angariam vantagens e a contraparte tende a fechar o acordo para minimizar perdas. Mesmo assim, esta é uma questão que segue em aberto e o impacto da mesma, para a agricultura brasileira, conforme destacado no último Boletim Analítico do Mercado da Soja (COSTA, 2018) está condicionado ao tipo de acordo que será fechado.

Por fim, este é um momento em que as questões de natureza macroeconômica e geopolítica exercem efeitos importantes sobre a taxa de câmbio, os preços da soja e dos insumos, fato que exige dos produtores maior atenção para definir os momentos adequados para a venda do grão e a compra dos insumos.

4. Considerações Finais

A conjuntura do momento traz desafios importantes para os produtores de soja e empresas do segmento de insumos. Em geral, períodos de elevada instabilidade podem resultar em prejuízos os agentes que não implementam uma adequada política de gerenciamento de risco.

Em geral, nos momentos de cotações favoráveis como o que estamos presenciando, o indicado é vender uma parte da produção e buscar constituir uma média que garanta a viabilidade de curto e médio prazos das atividades.

Contudo, na situação atual, de elevados riscos cambiais, parece-nos adequado que se acrescente à estratégia de vendas a compra casada dos insumos para a próxima safra de verão, sobretudo porque a taxa de câmbio é um item básico na composição dos preços de fertilizantes e defensivos. Neste caso, o efeito de uma possível elevação no preço do dólar tende a ser elevações no preço da soja e aumento no preço dos insumos.

Portanto, a estratégia de proteção que garanta, para além do valor nominal do preço da soja, a manutenção da relação de troca soja/insumos tende a permitir que o agricultor inicie a próxima safra de verão sem preocupações adicionais.

Com os custos de produção nos níveis atuais, o cenário político-econômico e institucional do momento, as altas produtividades são tão importantes quanto a adequada tomada de decisões na área de comercialização e gerenciamento de risco.

Observações:

4 Contrato futuro com maior influência sobre o mercado físico (venda à vista e com entrega imediata)

5 A missão norte-americana para a China é um exemplo a ser seguido pelas autoridades brasileiras. Apesar da importância das exportações do complexo soja, do complexo carnes e de minérios, existem muitas oportunidades de negócios em outras cadeias que parecem não ser aproveitadas. Apesar dos avanços, o Brasil ainda carece de uma política de promoção comercial contínua e orientada para a diversificação das exportações do agronegócio. Se destinássemos farinha de trigo para 1% da população chinesa (que equivale, em termos absolutos ao tamanho da população do Rio Grande do Sul), a realidade das culturas de inverno no Brasil seria outra, apenas para citar um exemplo.

Referências

ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. Estatística Mensal do Complexo Soja. 2018.

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