Lagarta falsa-medideira


Autores: Equipe Editorial Revista Plantio Direto
Publicado em: 28/02/2018

Introdução

Nas últimas safras de soja no Brasil, uma praga que tem se destacado por sua ocorrência em basicamente todas as regiões e expectativa de danos é a lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens Walker, 1858 = Pseudoplusia includens).

A falsa-medideira é um lepidóptero da família Noctuidae que se alimenta das folhas de uma grande quantidade de hospedeiros, entre os quais estão a soja, o milho, o feijão, algodão, pastagens, além de uma grande variedade de plantas daninhas em diversas culturas.

O aumento de surtos em diversas culturas, em especial em soja nos últimos tempos, pode ser relacionado com a aplicação excessiva de fungicidas, muitas vezes em conjunto com inseticidas.

Descrição

Essa lagarta apresenta cor verde claro, com uma série de linhas brancas longitudinais espalhadas sobre o dorso. Dentro de cada ínstar, a lagarta sofre uma perceptível mudança na coloração, de verde amarronzada clara enquanto se alimenta, para verde-limão translúcida. Normalmente, apresenta apenas três pares de falsas pernas na região abdominal fazendo com que, no seu deslocamento, ocorra intenso movimento do corpo, parecendo medir palmos.

A falsamedideira não destrói as nervuras da folhas, alimenta-se apenas das folhas, o que confere às mesmas um aspecto rendilhado. A capacidade de dano desse inseto é consideravelmente alta, sendo que cada lagarta pode consumir até 120 cm² de folha. Em relação ao comportamento, a lagarta fica basicamente concentrada na parte mediana da planta, o que dificulta o alvo na hora da aplicação.

Possuem o habito de se alimentar das folhas do terço inferior das plantas, o que dificulta o contato das mesmas com os inseticidas, principalmente considerando que as grandes infestações ocorrem após o fechamento da cultura. Tipicamente, esta espécie é favorecida por condições de seca, ou períodos de seca que antecederam aos surtos.

Ciclo da lagarta

O ciclo de vida tem duração de 46 dias, sendo em média 5 dias ovo; 20 dias lagarta (seis instares); sete dias pulpa e 14 dias adulto. A fêmea chega a ovopositar em média 700 ovos, os quais são depositados na face inferior das folhas, e nos dois terços superiores do dossel das plantas (podem ocorrer variações entre 500 e 1300 ovos por fêmea).

Monitoramento

As amostragens de lagartas devem ser realizadas com pano de batida, de cor branca, preferencialmente, preso a duas varas de um metro quadrado, onde este é estendido entre duas fileiras de soja, as plantas são sacudidas sobre ele e as lagartas caídas sobre o pano são contadas. O procedimento deve ser realizado em vários pontos da lavoura, considerando a média final dos pontos amostrados.

O monitoramento da lavoura deve ser realizado pelo menos uma vez por semana, iniciando as amostragens no início do ataque das pragas, aumentando a intensidade de amostragem a medida que o número de lagartas aumenta.

Nível de dano e controle

Recomenda-se realizar o controle da falsa-medideira quando forem encontradas, em média, 20 lagartas grandes (maiores que 1,5 cm) por pano de batida (1 metro de pano) ou com menor número, se a desfolha atingir 30% antes da floração, e 15% assim que houverem as primeiras flores. É recomendado aplicação em horários nos quais a temperatura esteja mais amena e a umidade relativa do ar mais elevada.

Casos de sucesso de controle químico da praga em períodos de seca extrema são mais comuns com pulverizações noturnas e com boa cobertura das plantas nas aplicações que objetivem atingir o interior das mesmas. Alguns ingredientes ativos registrados no ministério da agricultura para a falsa-medideira são: Acefato, Alfa-cipermetrina, Bifentrina, Clorantraniliprole, Clorfenapir, Clorpirifós, Espinetoram, Flubendiamida, Metomil, Metoxifenozida e Teflubenzurom.

Recomenda-se também incluir como tática no manejo integrado a utilização do controle biológico, como exemplo vespas do gênero Trichogramma e inseticidas biológicos contendo Bacillus thurigiensis. É importante a utilização de refúgio no caso de parte da área ser plantada com tecnologia Intacta, para que se evite a criação de resistência à proteína Bt.

Referências

CARVALHO, L. C., MORELLI, F. F., MAEBARA, N. B. Importância econômica e generalidades para o controle da lagarta falsa-medideira na cultura da soja. Encicl Biosf Cent Cient Conhecer. 2012.

GAZZONI, D. L.; OLIVEIRA, E. B.,CORSO, I. C.; CORRÊA FERREIRA,B.S.; VILLAS BÔAS, G. L.; MOSCARDI,F.; PANIZZI, A.R. Manejo de Pragas da Soja. Londrina: EMBRAPA-CNPSo - Circular técnica, 5. 1988. 44p.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. AGROFIT. Disponível em:

MOSCARDI, F.; BUENO, A.F.; SOSAGÓMEZ, D.R.; ROGGIA, S.; HOFFMAN-CAMPO, C.B.; POMARI, A.F.; CORSO, I.V.; YANO, S.A.C. Artrópodes que atacam as folhas da soja. In:

HOFFMANCAMPO, C.B.; CORRÊAFERREIRA, B.S.; MOSCARDI, F. (Ed.). Soja: manejo integrado de insetos e outros artrópodes-praga. Brasília: Embrapa, 2012. p.213-309.

SOSA-GÓMEZ, D.R. Seletividade de agroquímicos para fungos entomopatogênicos. Disponível em: cnpso.embrapa.br/download/artigos/seletiv_fung.pdf>.

ZUCCHI, R. A.; SILVEIRA NETO, S.;NAKANO, O. Guia de identificação de pragas agrícolas. Piracicaba: FEALQ, 1993. 139 p.