Nesta edição, a Seção “Cenários da Pesquisa” traz resultados de pesquisa publicados em periódicos científicos no Brasil no ano de 2017. É um espaço para dar acesso aos agricultores e técnicos a alguns avanços importantes no cenário agropecuário brasileiro.

1) Propriedades químicas do solo e nutrientes em milho fertilizado com composto de lixo urbano

Resultados de um experimento desenvolvido de Novembro de 2014 a Maio de 2015, no município de Passos, em Minas Gerais. O objetivo foi avaliar o efeito da fertilização com composto de lixo urbano nas propriedades químicas do solo, na produtividade do milho, e nas concentrações de metais pesados nas plantas e no solo. O trabalho foi conduzido por José Ricardo Mantovani, da Universidade José do Rosário Vellano, em Alfenas, MG e Fernando Spadon, da Universidade do Estado de Minas Gerais, em Passos, MG.

Como foi feito: Foi plantado milho em parcelas, em Latossolo vermelho distrófico de textura média, no qual o milho havia sido a cultura principal por dois anos seguidos. O composto de lixo foi obtido a partir de uma instalação de coleta de lixo no município de Jacuí, em Minas Gerais, e foi analisado antes de ser utilizado. Foram avaliadas 5 doses de composto (5, 10, 20, 30 e 40 t/ha), além de um tratamento sem nenhuma dose de composto, e um tratamento em que foi aplicado fertilizante (MAP, ureia e cloreto de potássio), totalizando 7 tratamentos.

O composto de lixo foi aplicado manualmente na linha de semeadura do milho 10 dias antes da semeadura. Folhas da base da espiga foram retiradas para análise de nutrientes quando 50% das plantas estavam pendoando, e após 134 dias da semeadura, as espigas das plantas foram colhidas e analisadas. Após a colheita, o solo da área foi amostrado e analisado até os 40 cm de profundidade.

Resultados: No experimento, a fertilização com até 40 t/ha de composto de lixo urbano melhorou a fertilidade química do solo, aumentou a produtividade do milho e não contaminou a planta com metais pesados. Esses resultados contribuem para que, em breve, a fertilização com materiais alternativos possa ser uma realidade em plantações de larga escala também, auxiliando na redução do impacto ambiental.

Mais detalhes sobre o experimento podem ser encontrados em Pesquisa Agropecuária Tropical vol.47 no.2 Goiânia Abr./Jun. 2017

2) Produção de palha e desempenho agronômico de soja consorciada com espécies forrageiras em sistema plantio direto

Este artigo traz os resultados do trabalho desenvolvido por Carlos Augusto Oliveira de Andrade e outros pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins, da Embrapa Milho e Sorgo, da Embrapa Pesca e Aquicultura e da Universidade Federal de Lavras. O objetivo do trabalho foi avaliar a produção de palha e a performance agronômica da soja consorciada com espécies forrageiras, sob semeadura direta. O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Tocantins, durante as safras de 2012/2013, 2013/2014 e 2014/2015.

Como foi feito: Foram plantadas duas safras de soja consecutivas em um Latossolo amarelo distrófico de textura média, testando consórcios da soja com sobre-semeadura de Capim-marandú (Urochloa brizantha ‘Marandu’), braquiária (U. ruziziensis), Capim-Mombaça (Panicum maximum ‘Mombaça’), Capim-massaí (P. maximum ‘Massai’) e milheto ADR 300 (Pennisetum americanum), além de testar a soja seguida de milheto, e também a soja seguida de pousio de inverno.

As forrageiras foram semeadas manualmente quando a soja atingiu o enchimento de grãos (R5) e, antes do plantio da soja seguinte, foi avaliado a quantidade de massa seca produzida pelas forrageiras sobre-semeadas em soja. Também foram avaliadas características agronômicas da soja, incluindo a produtividade.

Resultados: A sobressemeadura das forrageiras testadas não reduziu o rendimento de grãos da soja, e a sobressemeadura de Capim-Mombaça aumentou a altura da planta e rendimento de grãos em comparação com a soja “solteira”. Além disso, o Capim-mombaça foi a forrageira mais efetiva em produção de matéria seca durante a entressafra de soja.

Mais detalhes do experimento podem ser encontrados em Pesquisa Agropecuária Brasileira vol.52 no.10 Brasília Out. 2017

3) Efeito de fontes e doses de sulfato na cultura da soja

O experimento conduzido por Liliane Oliveira Lopes e outros pesquisadores das Universidades Federal e Estadual do Piauí, com o objetivo de avaliar o manejo de enxofre no cultivo de soja no Cerrado. A pesquisa ocorreu durante a safra de 2015/2016 em uma fazenda na região da Serra do Quilombo, em Bom Jesus, no Estado do Piauí.

Como foi feito: A cultura foi implantada em Latossolo amarelo distrófico corrigido dois anos antes do experimento, foi testada a aplicação de enxofre elementar, de superfosfato simples e gesso como fontes de enxofre, em doses de 20, 40, 60, 80 e 100 kg de enxofre/ha, avaliando um tratamento sem aplicação de enxofre. A colheita manual dos grãos foi aos 120 dias após a emergência (estádio R8). Foram avaliadas características agronômicas, e também o rendimento de grãos.

Resultados: Os resultados do experimento sugerem que o peso de sementes, a altura da planta no florescimento e a produtividade são influenciados pelas diferentes doses e fontes de enxofre, enquanto que o número de legumes por planta só é afetado pela fonte de enxofre.

O efeito do fósforo e do cálcio presente no superfosfato simples e no gesso, respectivamente, podem ter aumentado a produtividade em comparação com o enxofre elementar. O tratamento de melhor resultado agronômico no experimento foi a aplicação de 40 kg/ha de enxofre, via superfosfato simples.

Mais detalhes do experimento podem ser encontrados em Pesquisa Agropecuária Tropical vol.47 no.3 Goiânia Jul/Set. 2017

4) Coberturas vegetais, doses de nitrogênio e inoculação com Azospirillum brasilense em milho no Cerrado

O experimento conduzido por José Roberto Portugal e outros pesquisadores do Departamento de Agricultura da UNESP, na área experimental da UNESP, Campus de Ilha Solteira, em Selvíria, MS, nas safras de 2012/2013 e 2013/2014 teve como objetivo avaliar o efeito de coberturas vegetais e de doses de nitrogênio em cobertura no desenvolvimento e produtividade de milho, submetidas ou não à inoculação via semente com Azospirillum brasilense.

Como foi feito: Foi implantada a cultura do milho em Latossolo vermelho distrófico típico em dois anos consecutivos, testando-se seis coberturas vegetais anteriores ao milho: milheto (Pennisetum americanum), crotalária (Crotalaria juncea), guandu (Cajanus cajan), milheto + crotalária, milheto + guandu e pousio, todas semeadas no início de setembro.

Também foram testadas quatro doses de nitrogênio em cobertura no momento da formação completa da 5ª folha, foi testada a inoculação ou não das sementes com Azospirillum brasilense, no primeiro ano com inoculante turfoso e no segundo ano com inoculante líquido.

Resultados: Os resultados do experimento mostraram que todas as coberturas vegetais, exceto o guandu no primeiro ano e pousio no segundo ano, produziram quantidade adequada de resíduo (6 t/ha) para a região do Cerrado, destacando-se o milheto + crotalária em consórcio. A produtividade de grãos de milho em sucessão à guandu e milheto + crotalária foram superiores.

A inoculação com Azospirillum brasilense via semente no milho nesse estudo propiciou menor população final, menor altura de plantas e menor massa de mil grãos. Nas condições do experimento, o milho mostrou resposta à fertilizante nitrogenado até 114 kg/ha.

Mais detalhes do experimento podem ser encontrados em Revista Ciência Agronômica vol.48 no.4 Fortaleza Out/Dez. 2017

5) Efeito de fungicidas para o controle da Ramularia areola na cultura do algodoeiro

O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de alguns fungicidas no controle da mancha de ramulária no algodoeiro. O experimento foi conduzido por Liliane Oliveira Lopes e outros pesquisadores da Universidade Federal do Piauí e da Universidade Federal do Mato Grosso, em lavoura comercial de algodoeiro na Fazenda Harmonia, Sapezal, MT.

Como foi feito: Foram avaliados seis tratamentos de fungicida e um sem fungicida na cultura do algodão, em sete períodos do ciclo (40, 58, 73, 88, 103, 118 e 133 dias após a emergência das plântulas).

Foram feitas oito aplicações de fungicida com 15 dias de intervalo entre elas, sendo a primeira aos 40 dias após a emergência, avaliando a severidade da doença três dias após a aplicação do fungicida. A colheita foi feita 180 dias após a emergência, sendo determinada a produtividade do algodoeiro com caroço.

Resultados: Os resultados do experimento sugerem que o fungicida trifenil hidróxido de estanho isolado ou em mistura com o difenoconazol é mais eficiente na redução da severidade da mancha de ramulária do algodoeiro do que a mistura trifloxistrobina + protioconazol com difenoconazol, ou difenoconazol com mancozebe.

Mais detalhes do experimento podem ser encontrado em Summa phytopathologica vol.43 no.3 Botucatu Jul/Set. 2017