Relação folha-colmo de sorgo forrageiro sob diferentes manejos de corte


Autores: Julia Renata Schneider
Publicado em: 31/10/2017

A utilização de pastagens para a produção de ruminantes é considerada de extrema importância, sendo o sorgo forrageiro (Sorghum bicolor (L.) Moench) uma alternativa para ser utilizada com esta finalidade (Akinseye et al., 2017). Essa cultura tem o seu uso justificado pela considerável produção de forragem, alta digestibilidade e capacidade de rebrota após pastejo ou corte, com elevado percentual de sobrevivência (Cunha e Lima, 2010; Sousa et al., 2010; Foloni et al., 2008). A qualidade dessa pastagem pode ser avaliada por alguns indicadores.

De acordo com Heringer e Moojen (2002), a distribuição dos componentes no dossel da planta é um dos fatores que determinam a qualidade da pastagem. Ou seja, a relação entre a porção constituída por folhas e a porção composta pelo colmo da planta pode ser um determinante do valor nutritivo da forrageira (Contijo et al., 2008). De acordo com estes autores, a maneira como a forragem está distribuída nos distintos estratos da planta determina a maior ou menor facilidade na apreensão desta. Assim, pastagens com alta proporção de folhas acarretam em maior eficiência de produção, devido ao maior valor nutritivo (Stobbs, 1973).

Além disso, essas são consumidas mais facilmente pelos animais, em função da localização das folhas e de sua melhor digestibilidade. O processo do corte destas plantas, ou até mesmo o pastejo, leva a uma condição de renovação da área foliar, aumentando a digestibilidade e preferência pelos animais. Ainda, é importante considerar que a qualidade nutritiva da pastagem se relaciona com o estádio de desenvolvimento da planta, sendo que o estádio vegetativo é considerado por possuir maior concentração proteica (Bianchi et al., 2008).

É importante observar que as plantas de sorgo quando jovens são altamente tóxicas devido à presença de glicosídeo cianogênio, a durrina, que no rúmen é transformada em ácido cianídrico (Simili et al., 2013; Tamele et al., 2009). Assim, o recomendado é que a cultura apenas seja utilizada para corte ou pastejo direto quando estas atingirem altura superior a 50 cm (Neumann et al., 2010), uma vez que nestes casos aumenta o risco de intoxicação pelo fato da durrina estar concentrada em maior quantidade nas folhas superiores (Demarchi et al., 1995).

Diante disso, o objetivo do trabalho foi avaliar a relação folha colmo de sorgo forrageiro submetido a diferentes manejos de corte, e o manejo recomendado para a cultura na região Norte do Rio Grande do Sul. O trabalho foi desenvolvido no município de Frederico Westphalen – RS, na área experimental do Laboratório de Agroclimatologia, vinculado à Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho distrófico típico, textura argilosa, profundo e bem drenado.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, em esquema unifatorial, sendo este o manejo de corte, o qual variou de sem corte até quatro cortes. Cada tratamento continha quatro repetições, e as dimensões das unidades experimentais foram de 7,5 m de comprimento, 6 m de largura e 0,7 m de espaçamento entre linhas. A semeadura foi realizada no dia 05 de janeiro de 2015, a 05 cm de profundidade. Utilizou-se a população de 150.000 plantas ha-1, do híbrido AG2501-C, ciclo super-precoce. O corte das plantas foi realizado a 15-20 cm do solo, com uso de uma roçadeira manual e retirada do material verde das parcelas, para simular o pastejo.

O primeiro corte foi realizado 44 dias após a semeadura, o segundo 72 dias após a semeadura e 23 dias após rebrote, o terceiro 102 dias após a semeadura e 25 dias após o rebrote e o último após terem passado 40 dias do rebrote, e 156 dias após a semeadura. Para determinação da matéria seca, foram realizadas coletas quinzenais, separando-se as partes morfológicas das plantas. Esse material foi secado em estufa com circulação de ar a 60°C, e após realizada a pesagem, e o cálculo da relação folha colmo, pela simples operação de divisão entre a matéria seca das folhas pela matéria seca dos colmos. Os dados apresentados na Tabela 1 mostram as relações folha colmo obtidas no trabalho.

A partir da análise da tabela é possível observar que a maior relação folha colmo foi obtida após a realização do primeiro corte para o tratamento com três cortes. A partir destes valores, é possível verificar que o corte acaba proporcionando maiores relações folha colmo, uma vez que a planta não atinge altura demasiada, e renova suas folhas, sem desenvolvimento acentuado do colmo. Isso melhora a qualidade da pastagem, pela alta digestibilidade das folhas e preferência por parte dos animais. Os resultados encontrados corroboram com outros autores que encontraram a variação de 0,57 a 0,81 na relação folha colmo, para a mesma cultivar utilizada no trabalho (Tomich et al., 2004). Para diferentes ciclos de pastejo e diferentes doses de adubações a média de 0,79, com valores que chegaram variar de 0,57 a 0,93 (Simili et al., 2010).

Ainda, para o mesmo híbrido utilizado no trabalho foram encontrados valores de 0,99 no corte 1; 0,83 no corte 2 e 0,57 no corte 3 (Contijo et al., 2008). Estudos de Zago et al. (1997) e Neumann et al. (2008) indicaram boas produções de matéria seca sendo proporcionadas para manejos de três cortes. Já para Mello et al. (2003) e Silva et al. (2017) foram mais satisfatórios os resultados de dois cortes.

Considerações finais

Corroborando com alguns resultados já obtidos, este trabalho concluiu que os manejos de cortes proporcionaram boas relações folha colmo e pode-se recomendar para a região o cultivo desta forrageira, podendo-se realizar manejos de 3 a 4 cortes.

Referências

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