Em evento agricultores e técnicos fizeram o checklist da próxima safra de soja


Autores: Equipe Editorial Revista Plantio Direto
Publicado em: 31/10/2017

No dia 21 de setembro de 2017 aconteceu no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo a terceira edição do Checklist Soja. O evento foi uma promoção da Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola e contou com o patrocínio da FMC, do Grupo Vittia, Calcário Foscarini, Fertisystem, Sementes Costa Beber e Syngenta.

Mais de 400 pessoas, entre agricultores, profissionais de assistência técnica e estudantes, participaram com o objetivo de discutir fragilidades e potencialidade da cultura para a próxima safra. Para dar base as discussões, durante o mês de agosto foi realizado um levantamento informal por meio de questionário anônimo respondido online e que contou com a participação de 84 agricultores e assistentes técnicos. Os respondentes foram consultados a respeito do manejo de soja feito na região sul do país.

O questionário foi dividido em quatro seções: geral; fertilidade do solo; implantação da cultura e proteção do potencial produtivo. Os resultados obtidos foram apresentados na primeira parte do evento pelo engenheiro agrônomo e produtor rural Francisco Roberto Souilljee (Não-Me-Toque/RS). De acordo com as respostas, 90% dos entrevistados plantam soja em mais de 60% da área. Do total de respondentes, 46% ainda plantam um percentual da área com trigo no inverno, 12% plantam cevada, 3% plantam canola e 8% mantêm a área no inverno sob pousio.

Os dados gerais, que incluíram a porcentagem de entrevistados que realizam adubação verde e/ou utilizam plantas de cobertura no outono/ inverno, mostraram que 26,5% não utiliza nenhuma espécie durante esse período. Também foi registrado que 17% dos entrevistados plantam soja em segunda safra (safrinha). A produtividade alcançada na última safra por quase 20% dos entrevistados ficou entre 50 e 60 sc/ha, enquanto que 31% atingiu entre 60 e 70 sc/ha e 37% entre 70 e 80 sc/ ha.

Cerca de metade dos entrevistados não utilizam semente salva e apenas 2,4% dos entrevistados utilizam 100% da área com semente salva. A média ponderada para esse resultado demonstra um percentual de utilização de semente salva de 25%, aproximadamente. A utilização da tecnologia Bt também foi um dos pontos levantados: 26% dos entrevistados afirmam utilizar em mais de 80% da área a soja Intacta, e 23% não utiliza a tecnologia. Em relação a profundidade de amostragem de solo, 36% dos respondentes afirmam realizar amostragem da camada de 0-20 cm.

Cerca de 20% realizam amostragem estratificada de 0-10 cm e 10-20 cm, e 2,3% afirmam realizar amostragem estratificada de 0-20 cm e de 20 até 40 cm. Pelos resultados do questionário, o pH do solo de 90% dos entrevistados está entre 5 e 6, que é um pH interessante para o desenvolvimento da soja, embora a pesquisa mostre que o ideal fica em 5,5 em função do alumínio tóxico. Ainda em relação à fertilidade do solo, 82% dos entrevistados, nunca realizaram avaliação do estado de compactação em suas áreas.

Os dados apontaram ainda, que as cultivares que estão sendo mais utilizadas são as de grupo de maturação relativo entre 5.5 e 6 (super-precoces), seguidos pelas de grupo de maturação relativo 5.0 e 5.5 (hiperprecoces), e em terceiro lugar as de 6.0 até 6.5 (precoces).

O espaçamento entre linhas utilizado pela maioria dos respondentes (88%) é entre 40- 50 cm, e 90% utilizam distribuidor de sementes do tipo disco alveolado.

As respostas relacionadas a doses e formulações de fertilizante utilizados em soja foram muito variadas, no entanto, foi possível identificar que a maior parte utiliza entre 200 e 400 kg de formulações como com 0 até 8 de N, 18 até 38 de P2O5 e 8 até 25 de K2O (muitos têm utilizado fertilizante sem potássio ou com pouco potássio na adubação de base, e utilizam cloreto de potássio como adubação complementar, geralmente entre 100 a 250 kg/ha de KCl a lanço). Outro item consultado foi a inoculação de soja com Bradyrhizobium, os resultados mostraram que 34% dos entrevistados não realizaram inoculação essa safra, prática que é pouco aconselhável do ponto de vista de exploração do potencial da fixação biológica do nitrogênio.

A última parte do questionário focou na proteção do potencial de produção da soja. Os entrevistados foram consultados quanto a frequência do monitoramento de pragas na lavoura, as respostas mostraram um percentual de 80% que realiza monitoramento até duas vezes por semana. No entanto, a população real de pragas na lavoura frequentemente não é condizente com a observação visual.

Os entrevistados afirmaram ainda que as estratégias de controle utilizadas incluem variedades tolerantes, controle biológico e rotação de culturas, além do controle químico, em pelo menos 30% dos casos. Segundo os resultados do questionário, o maior problema com pragas na última safra foi a presença de percevejos, seguido de lagartas e o tamanduá-dasoja.

Cerca de 37% dos entrevistados afirmam que não tiveram problemas com pragas. Em relação à doenças, as respostas do questionário mostram que apenas 50% utiliza variedades tolerantes como parte do programa de controle de doenças, cerca de 30% altera a época de plantio ou utiliza rotação de culturas como estratégia adicional, e 11% dos entrevistados utiliza alguma forma de controle biológico.

O maior problema com doenças, segundo os entrevistados foi a ferrugem, seguida pelo oídio. A antracnose, o mofo branco e as DFCs apresentaram relevância similar, não sendo muito alta, e 35,5% dos entrevistados afirma não ter tido problema com doenças na última safra. Além dessas informações, as respostas dadas pelos participantes do questionário apontam que 96% do total realiza monitoramento de doenças em lavouras de soja.

A buva foi, segundo os entrevistados, o maior problema com plantas daninhas, seguida pelo azevém, que teve relevância bastante inferior e 37% afirmaram não ter tido problema algum com plantas daninhas. Seguindo a programação do Checklist Soja, o Dr. Mércio Strieder, da Embrapa Trigo (Passo Fundo/RS) falou sobre as “Oportunidades da soja no sistema de produção de grãos”. Segundo ele, a redução da área de milho no verão, de cereais produtores de grãos no inverno e a exploração de áreas agrícolas marginais ou de menor capacidade produtiva, afetam a sustentabilidade técnica e econômica da soja.

Propriedades que, entre os anos, diversificam as culturas nas glebas e abdicam do “mar de soja”, migram para solos estruturados que armazenam e disponibilizam água às plantas. Há muitos casos de produtores que mantiveram e aperfeiçoaram a rotação de culturas, com ganhos em performance e na viabilidade da atividade agrícola, além de destaques em concursos de produtividade.

Para o palestrante, manter o espaçamento tradicional (45 cm entrelinhas), adotar a densidade indicada pelo obtentor, respeitar o padrão de crescimento e desenvolvimento da cultivar em épocas de semeadura e evitar semeaduras nos decêndios iniciais e finais indicados no Zoneamento Agrícola de Risco Climático, são oportunidades para explorar o potencial das cultivares e otimizar a rentabilidade da atividade.

Ainda para Strieder, citando estudos conduzidos pela Embrapa, o aumento da densidade de plantas na cultura de soja, em geral não propicia ganhos que compensem o gasto extra com semente. Para ele algumas questões devem ser levadas em conta quando se optando pela redução do espaçamento entre as linhas de soja para 0,25 a 0,30 m: o menor espaçamento reduz a incidência de plantas daninhas, no entanto a penetração de gotas de pulverização no terço inferior é menor do que com espaçamento padrão.

Além disso, há maior mobilização do solo e exigência de potência para a realização do plantio. Da mesma forma, existem algumas considerações sobre a utilização de fileiras duplas de plantio: há maior incidência de plantas daninhas, ao mesmo tempo que há maior facilidade de penetração de gotas de pulverização no terço inferior. Além disso, há limitação nas estruturas e tecnologias das semeadoras para realizar essa operação.

O palestrante ainda comentou que, em relação à semeadura cruzada, há desvantagens operacionais e econômicas que acabam não compensando o ganho que de forma geral é pouco superior ao de lavouras com esquema de plantio padrão. Na sequência da programação, o Dr. Adilson de Oliveira Jr., pesquisador da Embrapa Soja (Londrina/ PR), abordou o tema: fertilidade do solo e demanda nutricional de soja em altas produtividades. Segundo o pesquisador, é fato que as cultivares de soja atualmente disponibilizadas aos produtores apresentam alto potencial produtivo.

Entretanto, para se alcançar este potencial é importante a adoção de práticas de manejo da fertilidade do solo que possibilitem, não somente a obtenção de elevadas produtividades, mas, principalmente, que garantam estabilidade de produção em um determinado ambiente de produção. Dentre as práticas citadas pelo palestrante destacam-se: a construção do perfil de solo e o fornecimento de nutrientes com eficiência e em quantidades suficientes para atender, no mínimo, a exportação com os grãos em condições de altas produtividades.

Em relação ao tema, também foram abordados os aspectos relacionados às Boas Práticas para Uso Eficiente dos Fertilizantes, à Adubação de Sistemas de Produção e a realização de cálculos de balanço entre entrada e saídas de nutrientes no sistema soja/trigo. Finalizando o painel da manhã, o Dr. Mário Bianchi, pesquisador da CCGL Tec (Cruz Alta/RS), falou sobre os casos de resistência na região e como eles afetarão o “bolso” do produtor.

De acordo com Bianchi, foram registrados 2.493 casos de resistência de diferentes plantas daninhas a herbicidas nos últimos 47 anos, no mundo. Isso equivaleria a aproximadamente um novo caso surgindo a cada semana.

No Brasil, existem 27 casos nas culturas de milho, trigo e soja, sendo 5 casos para ACCase, 8 para EPSPs, 1 para FS1, 11 para ALS, 2 para PPO e 10 casos de resistência múltipla. Alguns dos principais casos registrados de resistência múltipla incluem o azevém, o caruru gigante, leiteira, picão-preto e buva.

Um dos pontos focados pelo pesquisador foi o controle de buva, que pode ser feito em uma ou duas aplicações sequenciais, dependendo do tamanho da planta. Para plantas com mais do que 20 cm, recomenda-se realizar dessecação sequencial, cerca de 14 dias antes da semeadura com glifosato + 2,4-D, podendo ter adição de saflufenacil, e realizar mais uma aplicação 1 ou 2 dias antes da semeadura com algum herbicida de contato (paraquat; diquat) em conjunto com algum residual (clorimurom, imazetapir).

Plantas de buva menos desenvolvidas podem não necessitar de duas aplicações de herbicida para serem controladas. Outra espécie que tem trazido problemas é o capim-amargoso, que já apresenta situações de difícil controle quando utilizado apenas o glifosato. Recomenda-se o uso de outros mecanismos de ação em conjunto com o glifosato para obtenção de um controle razoável.

Da mesma forma, capim rabo de burro (Andropogon bicornis) tem apresentado deficiência no controle quando utilizado apenas o glifosato na dessecação.

Entre as espécies que têm causado problemas, está o capim pé-de-galinha (Eleusine indica), que possui biótipos não-suscetíveis ao glifosato e que apresenta deficiência no controle após as plantas atingirem o estádio de 4 folhas.

Outros herbicidas como cletodim e fluazifop tiveram desempenho melhor nos ensaios, mesmo em plantas a partir de 4 folhas. Segundo Bianchi, é importante se ter em mente que a utilização de herbicidas com residual aliados ao controle com glifosato em pós-emergência auxiliam na diminuição do dano na produção. O palestrante ressaltou ainda, que os trabalhos conduzidos pela CCGL Tec nessa área, têm demonstrado que não há diferença significativa entre os diferentes herbicidas utilizados em pré-emergência.

Na parte da tarde, o Dr. José Roberto Salvadori, professor da Universidade de Passo Fundo, tratou da situação atual das pragas de soja no RS. Segundo ele, a dinâmica populacional das pragas depende de fatores climáticos e da competição intraespecífica (inimigos naturais). Os níveis populacionais das pragas de uma cultura variam especialmente com a temperatura, com o regime de chuvas e pela ação de entomófagos (predadores e parasitóides) e de entomopatógenos (doenças). Assim, a importância relativa das pragas de uma cultura pode variar no tempo e no espaço.

No caso da soja, afora o fato excepcional que representou a recente constatação de Helicoverpa armigera, nos últimos anos, não tem havido alterações substanciais na composição qualitativa da entomofauna associada. O complexo de lagartas e de percevejos tem se mantido como pragas-chave.

Lagartas têm ocorrido com menor intensidade, provavelmente devido ao uso de cultivares resistentes (Bt) e/ou da ação de doenças, favorecidas pelas chuvas. As falsas-medideiras e a lagarta-da-soja têm sido as espécies predominantes.

Os percevejos têm se destacado como o principal problema de pragas na cultura, com maior abundância do percevejo-marrom. Entre as pragas ocasionais, na safra 2015-16 houve uma incidência significativa do tamanduá. Mosca-branca, mosca-dahaste e lagartas do gênero Spodoptera representam as ameaças, como problemas potenciais.

Na sequência a Dra. Caroline Wesp Guterres, pesquisadora da CCGL Tec (Cruz Alta/RS), abordou os desafios e perspectivas no manejo de doenças em soja. Para ela, existem diversas doenças de importância econômica que ocorrem em soja atualmente, mas a ferrugem ainda é a doença mais importante, principalmente por sua agressividade, com relatos de redução na sensibilidade aos principais grupos de fungicidas.

De acordo com a Dra. Guterres, em função da elevada precipitação nas últimas safras, outras doenças como a antracnose e as doenças de final de ciclo ganham espaço no cenário agrícola. Sendo assim, o manejo iniciado antes do fechamento das linhas de semeadura é importante para garantir a boa cobertura foliar por parte dos fungicidas e atrasar o início de epidemias.

Segundo a palestrante, no manejo devem ser consideradas as boas práticas agrícolas, que incluem a rotação de culturas, a escolha de cultivares com bons níveis de resistência às doenças, o tratamento de sementes e a proteção de área foliar sadia até o período de enchimento de grãos.

A utilização de fungicidas multissítio em associação aos fungicidas sítio-específicos é uma ferramenta imprescindível para o manejo seguro e eficiente das doenças de soja. Estes, além de aumentar a eficiência de controle, auxiliam a prolongar a vida útil das moléculas que temos hoje no mercado.

Ainda na parte da tarde, foi realizada uma apresentação pelo Dr. José Roberto Pereira de Castro, presidente da Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) e Diretor Comercial do Grupo Vittia, que falou a respeito da indústria de inoculantes, da necessidade de nitrogênio em soja, além do importante papel que a fixação biológica tem na produtividade da cultura.

Além disso, Castro apresentou alguns pontos práticos que devem ser levados em consideração no momento da inoculação e/ou do tratamento de sementes, visando a máxima eficiência do processo de fixação, e o papel dos micronutrientes, cobalto e molibdênio, na melhoria da FBN. O palestrante comentou ainda a respeito da coinoculação, que consiste em utiliza mais de um tipo de microorganismo com o objetivo de incrementar a fixação biológica. Finalizando o evento, foi realizado um painel com a participação de três agricultores que têm atingido altas produtividades.

O painel iniciou com uma análise dos casos que foi apresentada pelo engenheiro agrônomo Fabiano Paganella (Plantec A.P. – Vacaria/RS), que também coordenou as discussões. Os agricultores participantes foram Araguen Vansetto (Campinas do Sul/RS), Rogério Pacheco (Carazinho/ RS) e Vanderlei Neu (Quinze de Novembro/RS). A produtividade média para soja no Brasil é de 56,1 sc/ha.

O estado com maior produtividade hoje no país é o Paraná, com média de 62 sc/ha. O Rio Grande do Sul assume a mesma produtividade do Brasil, enquanto que o Estado de Santa Catarina atinge produtividade média de 59 sc/ha.

Segundo os dados obtidos nas estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meterologia (INMET) para a safra 2016/2017, a precipitação teve um comportamento padrão no Rio Grande do Sul, com a maior quantidade de chuva acumulada em outubro e, após esse período,o maior volume ficou nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, variando pouco em cada município.

O produtor Rogério Pacheco, de Carazinho/RS, atingiu na última safra média geral de 80 sc/ha, com custo aproximado de 35 sc/ha. O Quadro 1 mostra os valores padrão das análises de solo realizadas na área do agricultor (0-20 cm), com destaque para a quantidade de fósforo e enxofre presentes, além do pH 5.5, a saturação por alumínio 0 e a saturação por bases em 74,3%.

O sistema de culturas utilizado por Pacheco consiste na utilização de ¼ da área no verão com milho, e o restante com soja. Nas áreas que antecedem soja, ele utiliza ¼ de aveia ucraniana, ¼ com aveia-preta + nabo forrageiro e ¼ com centeio. Antecedendo o milho, ele utiliza a combinação de aveia-preta+ ervilhaca.

Já o produtor Araguen Vansetto, de Campinas do Sul/RS, atingiu na última safra média geral de 77 sc/ha, com custo aproximado de 40 sc/ha.

O Quadro 2 mostra os valores padrão das análises de solo realizadas na área de Vansetto (0-20 cm).

O sistema de culturas utilizado pelo produtor está ilustrado na Figura 7. Na última safra (2016/2017), Vansetto utilizou as seguintes cultivares e datas de semeadura: NS 6209 (15/10/16 – 20/10/16); NS 6006 (20/10/16 – 05/11/16); TMG 7062 (18/11/16 – 30/11/16); DM 5958 (05/11/16 – 18/11/16); NS 5445 (05/10/16 – 18/11/16).

No manejo da cobertura antecedendo a soja, o agricultor realiza dessecação com glifosato + clorimurom e essa cobertura é rolada no dia seguinte. O último caso apresentado foi o do produtor Vanderlei Neu, de Quinze de Novembro/RS, que atingiu na última safra média geral de 79,4 sc/ ha, com custo aproximado de 32 sc/ ha. O Quadro 3 mostra os valores padrão das análises de solo realizadas na área de Vanderlei (0-20 cm), com destaque para a quantidade de potássio, enxofre e boro presentes, além do pH 5.5, a saturação por alumínio 0 e a saturação por bases em 76%.

O sistema de culturas utilizado por ele consiste em utilizar um terço da área no verão com milho, que é antecedido pela aveia (Figura 8). Na última safra (2016/2017), Vanderlei utilizou as seguintes cultivares e datas de semeadura: NS 6909 (19/11/16 – 20/11/16); NS 5445 (12/11/16) e NA 5909 (17/11/16 – 18/11/16). A adubação foi 130 kg/ha de fósforo, 150 kg/ha de potássio e 72 kg/ha de enxofre. Ele colhe toda a cobertura que planta como forma de manejo.

O que dizem as indicações técnicas?

As indicações técnicas para cultura da soja nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram atualizadas na última Reunião de Pesquisa da Soja, que ocorreu em agosto de 2016, em Passo Fundo/RS. Alguns aspectos importantes a serem levados em consideração na próxima safra são a inoculação, a adubação com fósforo e potássio, espaçamento entre fileiras, população de plantas, profundidade de semeadura e medidas de controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Segundo as Indicações de 2016, mais de 80 experimentos conduzidos no país concluem que há um ganho médio de 8% no rendimento de grãos quando feita inoculação anual (reinoculação) em áreas já cultivadas. Alguns cuidados a serem tomados com a inoculação são: a) usar somente inoculantes que estejam dentro do prazo de validade; b) conservar o inoculante em lugar fresco e arejado; c) realizar semeadura em solo com umidade adequada; d) evitar que o reservatório de sementes na semeadora seja aquecido demais; e) no caso de realizar tratamento de sementes com fungicidas e/ou micronutrientes, deve-se priorizar o uso dos seguintes princípios ativos (por serem menos danosos às bactérias): carbendazim + captana, carbendazim + tiram e carboxina + tiram.

É importante que a aplicação de fungicida e/ ou micronutriente seja feita antes da inoculação. Em relação à adubação com fósforo e potássio, caso haja necessidade de a adubação ser do tipo corretiva (elevar o teor de P e K para o nível “alto”), pode-se realizar essa adubação de forma total ou gradual, sendo que a adubação corretiva gradual consiste em utilizar 2/3 (dois terços) da quantidade necessária de fertilizante no primeiro cultivo, e 1/3 (um terço) restante no cultivo seguinte.

A adubação corretiva total é aconselhável quando o teor de fósforo e potássio é “muito baixo” ou “baixo”, e há recursos financeiros disponíveis ou a relação entre o preço do fertilizante e o preço do grão for favorável ao investimento. Deve-se tomar cuidado com o efeito salino de fertilizantes na linha de semeadura, em especial do cloreto de potássio, cuja dose máxima recomendada é de 80 kg de K2O/ha. Em solos com menos de 20% de argila e/ ou com CTC menor que 7,5 cmolc/ dm³, deve-se evitar adubação corretiva total em função dos riscos de perda por lixiviação.

Demais recomendações relacionadas à adubação e calagem para cultura da soja nos estados do RS e SC podem ser encontradas no Manual de Calagem e Adubação, organizado pelo Núcleo Regional Sul da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. O espaçamento entre linhas para soja pode variar entre 20 e 50 cm, com exceção para solos de várzea, cujo espaçamento indicado é 50 cm.

Nesse sentido, a população recomendada costuma ser a indicada pelo obtentor da cultivar, embora variações de 20% a mais ou 20% a menos de plantas no estande não alterem significativamente o rendimento de grãos de forma geral. Quando a semeadura for realizada no final da época indicada, recomenda-se o aumento da população e redução do espaçamento.

A profundidade de semeadura indicada é de 2,5 a 5 cm. Sobre o manejo de plantas daninhas, as indicações técnicas recomendam integrar diferentes métodos.

Inicialmente, deve-se buscar utilizar medidas preventivas, como a utilização de sementes certificadas, que possuem um rigor maior quanto à contaminação por sementes de outras espécies. Além disso, é importante realizar limpeza adicional das sementes, assim como limpar equipamentos e máquinas antes de entrar em áreas diferentes.

Outra forma de prevenir a disseminação de sementes é a eliminação das partes aéreas de plantas daninhas antes que ocorra a floração. A rotação de culturas é um método cultural de importância fundamental, pois impede a dominância de certas espécies e a seleção natural de plantas daninhas. A utilização de palhada para diminuir a germinação e desenvolvimento de plantas daninhas é outra medida indicada.

Para o manejo do oídio em soja, deve-se dar preferência pela utilização de cultivares resistentes ou moderadamente resistentes. Recomenda-se aplicação de fungicida para oídio quando a doença atingir 20% de severidade de área foliar no terço inferior. A incidência de mancha parda e crestamento foliar (Septoria glycines e Cercospora kikuchii) pode ser reduzida com tratamento de sementes e rotação de soja com espécies não suscetíveis, como milho.

No caso do mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), quando a doença já está instalada, recomenda-se o uso de semente com alta qualidade e tratamento de sementes, além de rotação de culturas com espécies não suscetíveis, como milho, aveia-branca e trigo. Outra medida interessante para o mofo-branco é aumentar o espaçamento entre linhas e reduzir a população ao mínimo indicado. Em relação ao manejo de pragas em soja, o quadro 6 apresenta informações sobre o monitoramento e tomada de decisão para o controle.