1 Introdução
A aplicação de agroquímicos é uma ciência multidisciplinar que envolve conhecimentos de biologia, química, engenharia e climatologia. Todos estes fatores com um forte viés econômico. Por outro lado, é difícil de se mensurar a eficiência da aplicação em tempo real. Hoje, temos ferramentas para medir quantas gotas, aproximadamente, estão atingindo o nosso alvo desejado, mas, na prática, temos muitas interações de fatores estranhos.
Após uma boa calibração, durante a aplicação, temos a interação do equipamento com as oscilações de temperatura, umidade relativa do ar, vento, altura de barra, turbulência atrás da barra, entre outros. O controle químico por meio da aplicação de produtos fitossanitários é uma das alternativas de manejo mais usadas atualmente.
Assim, entende-se como “Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários” o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com o mínimo de contaminação de outras áreas (MATUO, 1990).
Evoluímos muito em tecnologia de aplicação nos últimos anos, contudo o produtor rural hoje é muito carente de informações práticas, e neste contexto, há um vácuo de informações de qualidade que partem da pesquisa, passa pelas empresas de agroquímicos, empresas de bicos (pontas), equipamentos pulverizadores, cooperativas, revendas e empresas de assistência técnica.
A maioria dos produtores usa um só bico para fazer todas as suas aplicações, sempre com a mesma vazão e pressão, independente do alvo biológico. O papel hidrossensível, que deveria ser uma ferramenta comum no campo, é artigo restrito a poucos produtores. Como já dizia Himel em 1974: “A aplicação de defensivos é a atividade mais ineficiente na agricultura”. Matthews (1979) reforçava o coro, dizendo ser uma das atividades de maior desperdício.
Para mostrar o grau de dificuldade de se atingir o alvo biológico com eficiência, em trabalho recente de Ozkan, da Purdue University, foi concluído que dois terços de tudo aquilo que se aplica nos Estados Unidos (U.S.A.) também não acertam o alvo biológico. O agricultor controla as suas máquinas, porém ele não controla o clima, as condições meteorológicas e o pior, não controla os resultados da sua produção. Ou seja, pode-se minimizar riscos e incertezas planejando e medindo a qualidade das suas aplicações de acordo com as necessidades.
2 Deriva
A deriva é definida como a deposição dos defensivos fora do alvo biológico (insetos, fungos, ervas daninhas) na aplicação. Quando tratamos de herbicidas, a deriva deve ser zero, ou seja, a gota deve atingir o alvo, folhas das invasoras, por exemplo na menor distância possível. O herbicida não pode, de forma alguma, atingir culturas vizinhas, plantas sensíveis, ou mesmo mananciais de água.
Um dos problemas mais sérios relacionados com a deriva é a fitoxicidade. Isso ocorre quando um produto atinge uma cultura que não é resistente a ele. As moléculas de defensivos podem por vezes ser levadas pelo vento por mais de um quilômetro, causando danos até mesmo em lavouras de vizinhos (figura 1). Há uma relação de equilíbrio entre uma boa cobertura que proporcionará eficiência nas aplicações, com o tamanho de gotas e o seu “potencial” de deriva.
2.1 Tipos de deriva
De acordo o Manual de Tecnologia de Aplicação divulgado pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), as derivas podem ser classificadas em dois tipos. A endoderiva é a “perda” do produto dentro dos domínios da cultura, por exemplo, escorrimento causado por excesso de calda ou gotas muito grandes ou ainda sobreposição de faixas.
A exoderiva é a perda do produto fora dos domínios da cultura, são as gotas levadas por correntes de ar, e a evaporação causa a perda devido a este processo em condições climáticas desfavoráveis. Esta última é a mais danosa sendo que a sobreposição de faixas de aplicação, comum em aviação agrícola é desejável.
2.2 Manejo da deriva
Ao contrário do que muitos pensam, a deriva, em alguns casos, não é ruim. Muito pelo contrário: pode ser desejável quando se trata de endoderiva (deriva restrita dentro da própria lavoura), ou seja, quando desejamos atingir pragas de “baixeiro”, como fungos e insetos, e a cultura já tem uma grande massa foliar.
Nesse caso, é importante gerar gotas pequenas a ponto de mudar a trajetória de queda-livre, desviando das primeiras folhas das plantas, atingindo desta forma as folhas de baixeiro, mesmo com menos ingrediente ativo necessário ao bom manejo do alvo biológico. A pressão de pulverização tem efeito direto sobre a vazão, no diâmetro de gotas e nas características de deposição.
Gotas pequenas podem ser obtidas pelo aumento da pressão ou pela redução do diâmetro do orifício de saída do bico. O formato do bico e a maneira como o líquido passa através do mesmo tem influência sobre a faixa de deposição e sobre o espectro de gotas. Bico com orifício circular apresenta jato cônico e deposição circular.
Já um bico com orifício em forma de rasgo origina jato em forma de leque e deposição linear. Este último normalmente gera um menor número de gotas por centímetro quadrado que o primeiro. Os “duplo leque” produzem um volume de gotas parecido com os “cone”, sendo estes dois tipos os mais indicados para fungicidas e inseticidas.
2.3 Tamanho de gotas
Uma medida frequentemente utilizada para representar o espectro de gotas é o Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV), expresso em micrômetro - µm (1/1000 mm), que é o diâmetro da gota que divide o volume pulverizado em 2 partes iguais, ou seja, 50 % do volume total do líquido pulverizado é constituído de gotas de tamanhos maiores que esse valor e 50 % do volume em gotas de tamanhos menores que esse valor.
Vários autores consideram que gotas de 100 µm (espessura de um fio de cabelo) ou menores são facilmente carregadas pelo vento e se evaporam muito rapidamente, sofrendo mais intensamente a ação dos fenômenos climáticos. Pesquisadores que trabalham com aplicações aéreas consideram um limite mais rígido de 150 µm, devido à maior distância existente entre a máquina e o alvo e a própria turbulência gerada pela aeronave em vôo. Entretanto, é importante reconhecer que a deriva não começa ou para nesses limites de 100 µm ou 150 µm.
O potencial de deriva aumenta gradativamente à medida que as gotas se tornam menores que esses diâmetros e, continuadamente, decresce à medida que elas se tornam maiores. Gotas menores que 50 µm podem permanecer suspensas no ar indefinidamente ou até a completa evaporação. A consideração do tamanho da gota, no entanto, é bastante complicada para uso por agricultores, e a sua determinação é praticamente impossível em tempo real na propriedade. Mesmo em laboratório, a evolução dos equipamentos de medição fez com que resultados bastante discrepantes no DMV passassem a ser obtidos em função da precisão do equipamento utilizado.
Por isso, em 1985, foi desenvolvido na Inglaterra um sistema de classificação da pulverização, baseado no espectro produzido por bicos de referência selecionados, que leva em consideração a propensão das mesmas em produzir deriva. Segundo este sistema, ao invés de se caracterizar a pulverização pelo DMV em micrômetros, os termos Muito Fina (Alta Deriva); Fina (Média Deriva); Média (Baixa Deriva); Grossa (Muito Baixa Deriva) e Muito Grossa (Muito Muito Baixa Deriva) são utilizados para identificar a “Qualidade da Pulverização” produzida por um bico a uma dada pressão de trabalho.
3 Volume de calda
Atualmente, as recomendações contidas nos rótulos das embalagens dos defensivos deixam a seleção do volume de aplicação a critério do aplicador. Algumas recomendações dão opções entre 150 a 1000 litros de calda por hectare.
Entre 50 e 150 litros por hectare é o mais comum. Na prática, o usuário utiliza um mesmo volume para uma grande variedade de pragas e para os vários estádios de crescimento da cultura. Quando a cultura se apresenta com pequena quantidade de folhas (IAF), o volume aplicado pode ser excessivo e, por outro lado, quando as plantas já estão desenvolvidas, o volume pode ser insuficiente para fornecer uma boa cobertura da cultura.
Dentro das aplicações de precisão, é fundamental o bom uso do papel hidrossensível para determinar quando estiver “sobrando” ou “faltando” cobertura de gotas no alvo, ao ponto de o produtor reduzir a vazão e a pressão do bico em uso quando houver sobra de cobertura. Da mesma forma, quando as gotas não atingirem o alvo na quantidade exigida, e o aplicador aumentar a vazão com aumento de pressão, isso aumentará a cobertura, mas também o potencial de deriva. Não atingindo o número de gotas por centímetro quadrado desejado, o operador deve trocar de bicos.
Atualmente é comum o produtor fazer de três a cinco aplicações de fungicidas em soja. Ele pode começar, por exemplo, a aplicar com 60 litros por hectare, aumentar para 80 e talvez terminar com 100 litros por hectare. Neste exemplo hipotético, seria desnecessário já começar com 100 litros uma vez que toda esta “sobra” de gotas só iria gerar potencial de deriva desnecessário. Isto é gestão de deriva.
4 Cobertura de gotas no alvo
O grau ou a densidade de cobertura necessária é função da interação produto-alvo. Na prática, a densidade de cobertura é dada em gotas por centímetro quadrado, por ser a maneira mais fácil de quantificar, muito embora o correto seja a quantidade de princípio ativo por área.
A cobertura e penetração para atingir o alvo nas primeiras folhas da planta em lavouras com alto IAF é a capacidade do defensivo aplicado atravessar as camadas externas da folhagem, atingindo os pontos do interior da planta. De maneira geral, as gotas pequenas penetram melhor nas plantas com grande densidade de folhas.
O Consórcio Anti-ferrugem recomenda 60 gotas por centímetro quadrado para fungicidas, especialmente em misturas com produtos de modo de ação multissítios nas primeiras folhas do baixeiro da soja. Neste caso, isto só é possível com gotas finas ou muito finas. Gotas grandes possuem maior massa e peso, isso faz com que elas ganhem velocidade de queda sendo facilmente interceptadas pelas folhas do “topo” da cultura.
Por outro lado, as médias e especialmente as menores acabam por cair mais lentamente por terem menos peso e isso proporciona um pequeno desvio lateral além de, normalmente estarem em número muito maior que as grandes, o que proporciona delas “desviarem” de algumas folhas do alto e atingirem melhor o meio e o baixeiro da cultura.
5 Pontas (bicos)
Inegavelmente, os bicos são peças essenciais a qualquer aplicação. Seja ela feita por um equipamento de centenas de milhares de reais ou um modesto pulverizador acoplado e de barras. Todo o esforço na defesa fitossanitária não passa de um desperdício se os bicos não são apropriadamente selecionados (dimensionados), instalados e conservados.
A falta de conhecimento da maquinaria, bicos, formulações, regulagem e calibração das máquinas podem também contribuir para o insucesso no controle de doenças e pragas a campo. Calibrar as máquinas para aplicação de fungicidas, por exemplo, não é só determinar a quantidade de água necessária à pulverização. Torna-se imprescindível o emprego do bico correto, alinhado com a pressão de pulverização, pois geralmente emprega-se pressão acima da requerida, do diâmetro de gotas adequado à formulação, ao clima predominante e da quantidade de massa foliar, do número de gotas adequado por unidade de área, conhecimento do alvo biológico a ser atingido, etc.
O tamanho de gotas e as características do jato são fatores chaves na seleção de bicos. Por exemplo, Antuniassi et al. (2004), demonstraram que a melhor porcentagem de cobertura do terço inferior da cultura da soja foi obtido com gotas finas em ponta cone vazio (tabela 3). As pontas podem variar de acordo com os produtos químicos que serão aplicados. Para herbicidas, é importante determinar se é sistêmico ou de contato. Caso seja sistêmico, que não requer excelente cobertura, podem ser usadas pontas com indução de ar e gotas muito grossas. Herbicidas de contato como paraquat ou diquat exigem melhor cobertura.
Desta forma, a melhor opção seriam pontas que, além de terem função de redução de deriva, formam gotas médias e uniformes. No caso de aplicações de fungicida e inseticida, quando o dossel da planta é muito fechado, o melhor tamanho de gota é o de classificação fina a muito fina. A deriva é um fator que pode afetar a qualidade da aplicação. Por isso, o produtor deve ficar bem atento. Nestes casos é recomendado monitorar as condições climáticas e parar a aplicação sempre que as condições estiverem ruins.
Para pulverização com gotas finas e muito finas as condições climáticas devem ser extremamente favoráveis. Ao selecionar-se um bico, buscando reduzir a deriva, não se deve esquecer que tal atitude pode interferir na eficiência biológica do defensivo utilizado. A eficiência de um produto está diretamente relacionada com a cobertura do alvo pelas gotas de pulverização ou com a sua capacidade de redistribuição.
Alguns defensivos com capacidade de translocação pela planta podem ser eficazes quando aplicados com uma pulverização grossa ou fina. A medida em que se aumenta a altura de barra, também se aumenta a distância entre o bico de pulverização e o alvo, maior será o tempo em que as gotas estarão sob influência do ambiente, aumentando a possibilidade de deriva.
Portanto, a barra deve estar sempre próxima à mínima recomendada pelo fabricante, para o bico que está sendo utilizado. Nas situações onde for possível, uma aproximação dos bicos na barra pode permitir que se trabalhe mais próximo do alvo. Entretanto, deve-se tomar cuidado para não trabalhar abaixo da altura mínima recomendada, para evitar uma distribuição desuniforme do produto na área tratada.
6 Condições meteorológicas
A superfície de uma gota é relativamente grande quando comparada ao seu volume. Isto faz com que a taxa de evaporação de uma gota cresça com a diminuição do diâmetro da mesma. Fato esse, de que para um dado volume de líquido, quanto menor o tamanho das gotas produzidas por um determinado pulverizador, maior a superfície coberta pelas mesmas, a qual é (quanto maior a superfície, maior a evaporação), diretamente influenciada pela temperatura e umidade relativa do ar.
As condições meteorológicas são muito importantes e o produtor deverá prestar muita atenção ao seu monitoramento para decidir se deverá adequar o tamanho da gota ou parar a aplicação. Em um dia quente e seco, quando o spray sair do equipamento de aplicação (bico), a água contida na gota pode começar a evaporar. Isso faz com que a gota fique pequena e caia mais devagar.
Quanto mais devagar ela cai, maior a oportunidade para que mais água evapore, e mais suscetível ao vento ela se torna. Numa condição de alta temperatura e baixa umidade relativa do ar, a gota se torna pequena o suficiente para ser desviada do ponto de aplicação, mesmo com um vento suave. Embora a gota seja menor que a original, ela ainda pode conter a mesma quantidade de ingrediente ativo que a gota original, causando perda de eficiência e contaminação ambiental.
Um vento de 11 km/h, que é considerado muito alto para muitas aplicações com bico cone, pode produzir um deslocamento em gotas de 150 micra, gota de padrão fina. Entretanto, este deslocamento em uma aplicação de fungicida ou inseticida pode ser desejável para melhor atingir as folhas de baixeiro. Por outro lado, a alta temperatura associada com a baixa umidade relativa do ar é mais prejudicial na “perda” da gota por evaporação (figura 11).
6.1 Inversão térmica
Em condições normais durante o a estação do verão, o ar mais quente fica perto da superfície terrestre, e a temperatura diminui com a altitude. O sol aquece o chão e o dossel. Isso, por sua vez, aquece o ar acima dele. O ar quente, então, sobe e é substituído por um ar mais frio desde o alto, causando uma ação de mistura da atmosfera.
Os ventos que são gerados geralmente sopram de uma direção bastante consistente. Durante uma inversão de temperatura, esta situação é revertida. Do anoitecer até o início da manhã, a superfície da Terra pode perder calor, fazendo com que o ar perto da superfície seja mais frio do que o ar acima dele. Porque o ar frio desce, o resultado é uma camada estagnada de ar que não se mistura com o ar acima dele.
As indicações de inversões de temperatura incluem fumaça que se eleva a uma certa altura e depois se move de lado, poeira suspensa no ar atrás de um veículo, nevoeiro parado em áreas baixas ou condições de calma sem ventos.
As inversões de temperatura são favoráveis à deriva de pesticidas de longa distância. Com as condições frias e úmidas encontradas durante uma inversão de temperatura, pequenas gotículas podem permanecer suspensas acima da área pulverizada por um longo período de tempo. Assim como a névoa da manhã se move lentamente para as áreas mais baixas, a nuvem concentrada de gotículas pode descer em declive com a camada de ar fresco e causar danos ou contaminação por quilômetros.
As áreas inclinadas não são a única preocupação durante as inversões de temperatura. À medida que os ventos se levantam, as gotículas suspensas podem ser transportadas a grandes distâncias dos locais de aplicação. Os ventos durante uma inversão são frequentemente leves, de direção variável e muitas vezes influenciados pela topografia. Se você tem uma área sensível perto ou com histórico de inversão, você não tem controle sobre qual direção o vento pode transportar as gotículas.
Em algumas partes do país, inversões de temperatura significativas são quase uma ocorrência diária. Quando não há vento, fique atento à possibilidade de uma inversão. Não pulverize dentro ou acima de uma inversão.
7 Adjuvantes
Os adjuvantes são compostos que podem ser adicionados a uma solução de pulverização para melhorar o desempenho dos herbicidas, fungicidas ou inseticidas. O adjuvante é um termo amplo e inclui surfactantes não iónicos, óleos mineral ou vegetal, organosiliconados, agentes anti-espuma, retardadores de deriva, agentes de compatibilidade (usados para ajudar a misturar dois ou mais ingredientes ativos em uma solução de pulverização comum), aditivos de pulverização (usado para alterar o pH da solução de pulverização), entre outros.
Os adjuvantes podem melhorar o desempenho dos defensivos, alterando a solução de cada produto para facilitar uma cobertura mais completa e uniforme sobre a superfície da planta, aumentar a penetração de princípio ativo através da cutícula da planta, aumentar a absorção ou translocação do ingrediente ativo ou minimizar quaisquer problemas associados à solução de pulverização. Os adjuvantes já estão incluídos em algumas formulações de produtos formulados, ou podem ser comprados separadamente e adicionados a uma solução de pulverização dentro do tanque.
8 Considerações finais
É fundamental que o responsável pela aplicação receba treinamento em Tecnologia de Aplicação, no qual ele conhecerá os riscos que podem surgir durante a pulverização. Com a capacitação certa fica mais fácil garantir aplicações seguras.
Todo o produtor ou o próprio aplicador devem medir constantemente a qualidade da aplicação usando papéis hidrossensíveis ou, em último caso para aqueles que não tiverem acesso a esta ferramenta, o uso de um espelho. Desta maneira fica fácil de decidir abortar uma aplicação, aumentar a vazão e o tamanho de gotas, ou simplesmente trocar os bicos.
Quando aplicamos fungicidas ou inseticidas, é fundamental escolher bicos que produzam a maior quantidade possível de gotas por centímetro quadrado com a menor pressão de trabalho e com o maior ângulo possível. Isso é gestão de deriva. Para tanto, as pontas leque com ângulo superior a 110 graus ou as cônicas com mais de 80 graus são as melhores por permitirem trabalhar com a barra mais baixa, reduzindo a deriva.
Nesta linha, as pontas cone vazias apresentam uma melhor performance, de modo geral, comparada o leque simples e na maioria das vezes aos duplo leque. A alta temperatura associada com a baixa umidade relativa do ar provoca uma perda invisível que só pode ser medida com os papéis hidrossensíveis, ou mesmo o espelho, só que esta perda é tremendamente danosa do ponto de vista econômico e ambiental e muitas vezes ignorada sendo que o vento sim é supervalorizado como fator visível.
É necessário “tornar visível o invisível”, e isso só é possível mensurando a aplicação. Caso contrário, todos os outros conceitos, recomendações ou posicionamentos podem ser meras especulações dada a enorme diversidade e interações de fatores que envolvem uma aplicação de defensivos.
É imprescindível que todo o produtor que usa de aplicar em sua lavoura tenha no mínimo dois modelos de bicos no seu pulverizador. Um leque para herbicidas de modo geral e cone para os fungicidas e inseticidas. Se o produtor tiver mais áreas a aplicar ou condições adversas com histórico de deriva, deve-se ter um ou mais bicos com indução de ar.
Referências
AMERICAN SOCIETY OF AGRICULTURAL ENGINEERING. Spray nozzle classification by droplet spectra. St. Joseph: ASAE, 2000. p.389-391. (ASAE Standard S572 AUG99).
ANTUNIASSI, U. R.; BOLLER, W. (Org.) . Tecnologia de aplicação para culturas anuais. 1. ed. Passo Fundo: Aldeia Norte/FEPAF, 2011. v. 1. 279p .
ANTUNIASSI, U.R., CAMARGO, T.V., BONELLI, A.P.O., ROMAGNOLE, H.W.C. Avaliação da cobertura de folhas de soja em aplicações terrestres com diferentes tipos de pontas. In: III Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos, Anais, 4p, 2004a.0
ANTUNIASSI, U.R. Qualidade em tecnologia de aplicação de defensivos (V Congresso Brasileiro de Algodão). 2005
BARTHELEMY, P.; BOISGOINTER, D.; JOUY, L.; LAJOUX, P. Choisir les outilis de pulverisation. Paris: Institut Technique des Céréales et des Fourrages, 1990. 160p.
COSTA, F. Entendendo a função dos adjuvantes. Palestra apresentada no VII Sintag. Uberlândia, 2015.
HIMEL, C. M. Analytical methodology. In: ULV In: SYMPOSIUM FOR SPECIALISTS IN PESTICIDE APPLICATION BY ULV METHODS, 2., 1974, Cranfield. Proceedings... Brighton: British Crop Protection Council, 1974. p. 112- 119. (BCPC Monographs, 11). MATTHEWS, G.A. Pesticide application methods. London: Longman, 1979. 332p.
MATUO, T.. Tecnicas de Aaplicacao de Defensivos Agricolas. JABOTICABAL: FUNEP, 1990. 139p
RANDALL, J.M., HURD, C., TU, M. Weed Control Methods Handbook: Tools and Techniques for Use in Natural Areas. The Nature Conservancy, 2001. 219p.
WOLF, R.E. Keys to Spray Drift Management. Palestra. Kansas State University’s Application Technology Project. 2010.