Manejo do solo e da água nos sistemas de produção da atualidade e do futuro


Autores: José Ruedell
Publicado em: 28/02/2017

Pequena história do preparo do solo

O preparo do solo propriamente dito iniciou entre 3.5 e 4 mil anos atrás, quando os egípcios e outros povos da Ásia criaram o arado puxado por animais. No entanto, arar desse modo continuava sendo uma tarefa muito lenta e extenuante, pois o agricultor e seus animais percorriam mais de 30 quilômetros para preparar 1 hectare de terra.

Esse modo de cultivo, embora os arados tenham evoluído ao longo do tempo, ainda permanece em muitas regiões do planeta, inclusive em nosso meio de modo significativo até a década de 1970, principalmente nas pequenas propriedades rurais. Mas, a partir da Revolução Industrial, no final do século XVIII, máquinas passaram para dentro das lavouras do Hemisfério Norte, principalmente na Europa e com elas foram criados os vários tipos de arados, que facilitaram em muito a tarefa.

O arado de aiveca, que conseguia inverter a primeira camada do solo, passou a ser símbolo da agricultura, não só por esse aspecto, segundo Derpsch (2016), mas porque foi importante para eliminar as plantas daninhas, entre as quais a gramínea chamada Agropyron repens, que praticamente estava inviabilizando a produção de alimentos naquele continente. Isso se constituiu num marco tão importante para combater o medo da fome que até hoje se realizam festivais em muitos países em honra desse tipo de arado, como na Irlanda e em cidades como Hohenheim, na Alemanha. Já na Tailândia e Camboja, na Ásia, as cerimônias são oficiais e organizadas pelos poderes reinantes.

Por isso, o arado passou a ser o símbolo dessa “agricultura moderna”, cujo emblema representava institutos de pesquisa, universidades e categorias profissionais relacionadas à agricultura, que em alguns casos permanece até a presente data. Posteriormente essa sistemática de cultivo foi levada pelos colonizadores europeus para outras regiões do mundo, muitas delas tropicais e subtropicais, como no Brasil, que por suas características de solo e clima não suportavam esse intenso preparo e a consequente exposição do solo, culminando em poucos anos em um processo erosivo avassalador, largamente conhecido.

A situação ainda continua muito preocupante, pois a Organização das Nações Unidas para Alimentação - FAO estima que dos 1,5 bilhões de hectares em culturas agrícolas anuais e permanentes da Terra, 1/3 estão comprometidos por erosão, com perdas de 6 milhões de hectares por ano (FAO, 2015). Além disso, temos a desertificação em 43%, 32% e 19% das áreas da África, Ásia e América Latina, respectivamente.

Ainda segundo a FAO, a população mundial vai crescer dos atuais 7 bilhões de habitantes para 9,2 bilhões em 2050, o que vai exigir um aumento na produção de alimentos dos atuais 1,64 bilhões de toneladas para 2,60 bilhões no ano de 2050, ou seja, um aumento de 60% em apenas 30 anos (Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2015). Portanto, a nobre profissão de produzir alimentos para uma população ainda crescente também exige e repassa a grande responsabilidade de preservar o solo e a água para as gerações futuras.

Como e por que surgiu o plantio direto?

Muitas civilizações antigas, como os Incas nos Andes da América do Sul, utilizavam um simples bastão para abrir manualmente uma cova na qual se depositava a semente, que normalmente era tapada com os pés. Em muitos lugares ao redor do mundo ainda persiste essa técnica de cultivo, sem entendimento que foi a precursora do que atualmente se denomina de Plantio Direto.

Um dos passos mais importantes em direção à agricultura conservacionista ocorreu no início da década de 1940, nos USA, quando o pesquisador W. D. Ellison (1944) publicou vários trabalhos científicos nos quais concluía que a força do impacto das gotas da chuva é o fator inicial responsável pela erosão do solo. Em adição, Borst e Woodburn (1942), também dos USA, já haviam demonstrado que a interceptação desse impacto das gotas da chuva através da palha reduzia a erosão em 95%.

Essas afirmativas ficaram ainda mais importantes quando Edward H. Faulkner (1943) publicou o livro “A loucura do lavrador” (Plowman’s Folly), no qual discorre sobre a agressão que o arado impõe ao solo e dos prejuízos dali advindos em termos de sua conservação. Em conclusão, lançou a famosa sentença: “A verdade é que ninguém apresentou até hoje uma razão científica para a aração”. Provavelmente nenhum livro sobre assuntos agrícolas provocou tanta discussão nos USA como esse quando foi publicado, tanto é que foram feitas 5 edições num ano (Derpsch, 2016).

Entre os debates que se sucederam, despontava a dificuldade de controlar as plantas daninhas sem o uso do arado. De certa forma, este problema ficou menor com a descoberta de alguns herbicidas, como o 2,4-D pela Dow e Union Carbide nos USA entre 1940-45, do paraquat pela ICI no Reino Unido em 1955 e, posteriormente, da atrazina pela Geigy no ano de 1958, na Suíça.

Aos poucos, as pesquisas e testes, tanto de semeadoras quanto de controles químicos, se ampliaram em vários países, entre os quais a Inglaterra e os USA, permitindo que em 1962 surgisse em Herndon, no condado de Christian, no Estado de Kenctucky, nos USA, a grande solução.

Ali, os produtores rurais Harry Young Jr. e seu irmão Lawrence Young implantaram 0,3 hectares de milho sem aração do solo, sobre resteva de gramíneas, chamando a técnica de “No Tillage”, ou seja, “sem preparo do solo” (Young; Martha, 2011). Assim surgiu a primeira lavoura de Plantio Direto do mundo. Segundo Derpsch (2016), Harry Young, que também havia sido extensionista, vinha acompanhando ensaios relacionados com o tema em sua região, conduzidos pelo extensionista Reeves Davie, aos quais se juntou logo em seguida o pesquisador e também extensionista Shirley Phillips.

Conta, ainda, que Shirley tinha duvidado do Sistema, mas com os resultados que encontrou em suas pesquisas e na fazenda de Harry transformou-se num grande aliado deste. Tanto é que em 1973 publicaram o livro “No-Tillage Farming”, que se pode traduzir simplesmente por “Plantio Direto”, cujo teor transformou-se na referência em termos mundiais sobre essa nova técnica de cultivo (Derpsch, 2016).

Evidentemente que para chegar até ali com sucesso diversos pesquisadores de vários países haviam desenvolvido experimentos, nos quais estudaram semeadoras e métodos de controle de plantas daninhas, que eram inicialmente os dois grandes obstáculos a serem superados. Entre estes, pode-se citar George McKibben, cujas pesquisas em plantas daninhas inspiraram, inclusive, Harry Young para fazer a sua primeira lavoura de Plantio Direto de milho.

De qualquer forma, Harry Young Jr., produtor rural e Shirley Phillips, difusor de tecnologias, são considerados os pioneiros desse revolucionário sistema, que não prepara o solo e o deixa coberto com palha, neutralizando a força da chuva e minimizando significativamente as perdas de solo e da água. No Brasil, segundo Gilberto Borges (1993), as primeiras experiências também ocorreram em condições de pesquisa, mais especificamente no ano de 1969 no Posto Agropecuário do Ministério da Agricultura, em NãoMe-Toque, RS.

Landers (2005) cita algumas tentativas que teriam ocorrido na década de 1960 em Matão, SP e em Andirá, PR, mas ao mesmo tempo diz que “estes dados realmente não são tão importantes, por que não houve continuidade”. Mas o pioneiro em condições de lavoura foi Herbert Bartz, que utilizou essa prática em 1972 em Rolândia, PR, depois que visitou experiências na Inglaterra e a dos pioneiros americanos, decidindo-se por importar uma semeadora.

Logo em seguida, em 1976, foi acompanhado por Franke Dijkstra, em Ponta Grossa e Manoel Henrique Pereira, o “Nonô Pereira”, em Palmeira, ambos também no Paraná, formando o trio largamente conhecido nos eventos sobre o Plantio Direto.

Eles e outros tantos inovadores criaram o famoso Clube da Minhoca em 1979, iniciativa que permitiu o surgimento da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha. Aliás, esta foi fundada na cidade de Cruz Alta, RS, em 23 de julho 1992, por ocasião do X Encontro dos Clubes Amigos da Terra – ENCAT, estando presentes várias entidades ligadas ao Sistema Plantio Direto (FEBRAPDP, 2017; Freitas, 2002).

Nessa época, este Sistema de cultivo já estava em franca expansão no Rio Grande do Sul, principalmente a partir do papel exercido pelas dezenas desses Clubes de troca de experiências, que se espalharam pelo Estado. Além de reuniões com palestras, a maioria dos Clubes desenvolvia experimentos e validações, em terras cedidas por um produtor, designadas de “Áreas Polo”, com a finalidade de promover dias de campo e troca de informações.

A ideia dos Clubes e de sua formatação foi basicamente concebida pelos componentes da empresa ICI (inglesa). O conhecimento, que transitava entre os componentes dos Clubes, culminou com a organização do IV Encontro Nacional de Plantio Direto, que ocorreu em Cruz Alta no ano de 1994, liderado por membros do Clube local e da FUNDACEP. Os três eventos anteriores, 1981, 1983 e 1985, haviam ocorrido na região dos Campos Gerais, PR, organizados pelas Cooperativas locais, Clube da Minhoca e também no terceiro pela Fundação ABC.

Neste encontro de Cruz Alta, na parte teórica, foram proferidas palestras por pesquisadores de renome e produtores pioneiros, assistidas por várias centenas de participantes. Ao mesmo tempo foram demonstrados a campo muitos aspectos práticos que fundamentavam o Sistema, para o qual aportaram mais 10 mil pessoas. Observou-se que o evento consolidou em definitivo essa prática revolucionária, pois a partir dessa data o Sistema Plantio Direto na Palha expandiuse de forma geométrica na região sul do Brasil.

Obviamente, assim como aconteceu em outros países e em outras regiões do Brasil, um papel importante nessa evolução do Sistema foi a troca de experiências promovida por dezenas de pessoas de diferentes empresas, cooperativas, universidades e centros de pesquisa, que de forma muitas vezes independente e anônima contribuíram para sua consolidação.

Neste sentido, cita-se a importância da difusão das experiências e dos fundamentos que foram consolidando o Sistema, através da mídia, citando-se como exemplo a criação em 1990 do Jornal do Plantio Direto, em Passo Fundo, RS, pela liderança de Gilberto Borges, entre outros. Posteriormente, tornou-se a Revista Plantio Direto, com excelentes contribuições para todos os que estão envolvidos no Sistema (Freitas, 2002).

Também foi com a liderança dele, em 1999, que surgiu a “Expodireto” em Carazinho, RS, que depois foi transferida para Não-Me-Toque, em convênio com a Cotrijal. Antes disso, ainda em 1993, foi de suma importância para difusão do Sistema o Projeto Metas, liderado pela Embrapa Trigo, com a participação de várias entidades públicas e privadas.

A expansão do Sistema no Brasil, de modo geral, teve a participação relevante da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, que a partir do IV Encontro Nacional promovido em Cruz Alta organiza a cada dois anos, entre outras muitas ações, o referido Encontro em diferentes partes do país, através de parcerias locais.

Outra contribuição significativa para o Brasil Central foi a criação, em 28 de julho de 1992, da Associação de Plantio Direto no Cerrado – APDC, na cidade de Santa Helena de Goiás, GO, com a missão de estimular, difundir e orientar sobre Plantio Direto na região do Cerrado e atualmente também na tropical do país (Landers, 2005).

Também exerceram grande influência vários produtores rurais dos mais variados recantos, que com seu pioneirismo persistiram na prática, transformando suas lavouras não só em local de referência dos fundamentos que eram gerados pelas pesquisas, mas de forma corajosa como indicadoras dos caminhos a serem trilhados. No caso, pode-se citar José Carlos da Veiga Mello, produtor rural de Santo Ângelo, que em 1974 já possuía lavoura em Plantio Direto.

No Rio Grande do Sul, merecem ser destacadas as pesquisas comparativas dos sistemas convencional e direto em termos de fertilidade que o CEP FECOTRIGO de Cruz Alta conduzia no também distante ano de 1974 (Abrão et al., 1982), assim como experiências a campo a partir de 1971 e incrementadas em 1973 com auxílio dos técnicos da ICI.

Nesse centro de pesquisa, posteriormente denominado de FUNDACEP e atualmente CCGL TEC, foi implantado em 1985 um ensaio comparativo dos sistemas convencional e direto com várias rotações de culturas, que persiste até a presente data, sendo juntamente com os da UFRGS os mais antigos da América do Sul (Ruedell, 1995; Mielniczuk; Bayer, 2004).

Os resultados de 32 anos dessas avaliações em Cruz Alta foram apresentados em dias de campo e publicações especializadas, servindo de fonte de informações para milhares de produtores rurais, bem como para técnicos e cientistas do mundo inteiro, entre os quais o Prêmio Nobel da Paz, Norman Borlaug, que o visitou em duas ocasiões com a intenção de levar os resultados para a África Subsaariana.

Os conhecimentos ali gerados e encorpados por aqueles obtidos por alunos com suas dissertações de mestrado e teses de doutorado, originaram as indicações que ajudaram na fundamentação dos princípios básicos que devem ser seguidos para se obter sucesso no Sistema Plantio Direto.

Fundamentos do manejo do solo e da água

Entre os princípios que constituem a base do Sistema, o principal é aquele que fundamentou a sua própria origem, ao proclamar que o combustível que move e garante o sucesso do Sistema de Plantio Direto é a palha. Não foi ainda descoberta nenhuma outra forma melhor de neutralizar a erosão originada pelo vento e pela chuva do que a cobertura formada tanto pelos restos culturais quanto pelas plantas vivas.

Não há também indícios ou perspectivas de curto a médio prazos de que se terá outras ferramentas que possam modificar esse cenário. Por isso, na gestão das propriedades rurais deve-se ter como meta uma rotação de culturas que produza em média 12 toneladas de palha por hectare/ano, tendo-se a consciência de que com menos de 6 toneladas por hectare/ano dificilmente não haverá problemas de erosão, perdas significativas de água, presença inoportuna de plantas daninhas de difícil controle, necessidades do uso cada vez maior de inseticidas e fungicidas, além da formação de compactação do solo, o que certamente no seu conjunto vão limitar o rendimento das culturas, ou pelo menos as suas rentabilidades.

Portanto, depois de contar de forma resumida toda essa história, vê-se que a solução da questão colocada tem uma resposta simples, mas de execução muito complexa. Dessa forma, não se trata apenas de rotação, mas de um sistema rotacional de culturas, no qual, além de produzir enormes quantidades de palha e raízes, estas sejam de tipos diferentes e que no final haja resultados econômicos positivos.

Sendo assim, cada região ou até cada produtor deve encontrar essa formatação que lhe garanta o atendimento desse princípio de produzir muita palha e que ao mesmo tempo lhe conceda a renda, tornando a sua propriedade uma atividade sustentável.

Por que em sua essência a palha é tão importante?

Basicamente porque a chuva carrega grande energia, chamada cinética, que possui alta capacidade destrutiva ao bater no solo. Por exemplo, 100 mm de chuva batendo sobre a superfície do solo de 1 hectare possui a mesma força necessária para erguer em um segundo, a 1 metro de altura, todo o solo até 10 cm de profundidade deste hectare, ou seja, a força (trabalho) equivalente para erguer 1,5 milhões de kg de solo.

Nolla (1982) cita Molina, que sugere forças e impactos ainda maiores para a chuva. Essa energia cinética da precipitação é definida pela sua intensidade, pelo tamanho das gotas e sua velocidade terminal no momento de impacto na superfície do solo, entre outros fatores de importância menor, o que na prática permite determinar o índice de erosão das chuvas (Santos, 2008).

Ora, essa força e seu impacto sobre o solo desestruturam os seus agregados, formando uma crosta superficial que “entope” os canais que naturalmente existem no perfil do solo, condição que diminui drasticamente a capacidade de infiltração da água. Em consequência, haverá o escorrimento dessas águas e suas perdas, formando o processo erosivo do solo com todos os seus destrutivos prejuízos e impactos ambientais.

Os solos de mato ou mesmo de campo nativo possuem capacidade de infiltrar entre 100 a 150 mm de chuva por hora e armazenar este mesmo tanto em seu perfil até em torno de 1 metro de profundidade. Machado (1976), em seu trabalho de dissertação de mestrado, realizado em solo Santo Ângelo, concluiu que o solo de mata nativa com 5,8% de M.O. e densidade de 1,07 g/cm3 infiltrou 148,3 mm de chuva por hora, enquanto que este solo com 14 anos de cultivo e tendo a M.O. já reduzida para 2,7% e sua densidade aumentada para 1,55 g/cm3, infiltrou apenas 6,6 mm por hora.

Por isso, há quase consenso de que a maioria dos solos cultivados normalmente infiltra apenas entre 20 e 30 mm por hora, e pela desestruturação a que foram submetidos têm drasticamente limitados às condições de armazenamento da água. Por isso que a soja e o milho, que consomem em torno de 5 mm e 7 mm de água por dia no período reprodutivo, apresentam sintomas de murcha, muitas vezes com apenas uma semana sem chuva.

Com base nessas constatações, fica muito claro que o Sistema Plantio Direto está alicerçado na palha, que protege o solo contra o impacto das gotas das chuvas e que essa palha anula o início do processo da erosão, diminuindo as perdas de solo e da água.

O sucesso desse Sistema está ligado a essa mesma palha, que assegura maior estabilidade da temperatura do solo, favorece a absorção de nutrientes e evita o surgimento de plantas daninhas e, principalmente, estimula a atividade microbiana, que é a base de todo o sistema produtivo. Por isso também se diz que o sustento do Sistema Plantio Direto é a matéria orgânica oriunda da palha, que em suas mais diferentes fases e processos de decomposição por organismos macro e microbianos, catalisa e sustenta toda a continuidade do Sistema.

As qualidades químicas, físicas e biológicas do solo são melhoradas e alicerçadas na quantidade de palha que este solo recebe (Ruedell, 1995 e 1998). Portanto, o sucesso do sistema estará garantido uma vez compreendida a interligação entre as culturas que devem se seguir de forma harmônica.

Para isso, deverá ser levado em conta, além da proteção do solo e o fornecimento da palha, a exploração do perfil do solo de maneira diferenciada e alternada quanto ao tipo de raízes que compõem essa rotação (alternar espécies de raízes pivotantes com outras de raízes fasciculadas), quanto à capacidade desta cultura de extrair maior ou menor quantidade desse ou daquele elemento, e possuírem tolerância às principais pragas e doenças.

Deve-se dar atenção maior às raízes, pois são ferramentas muito importantes para melhorar as qualidades físicas e biológicas do solo. Enfim, o segredo está em se estabelecer uma rotação de culturas que “explore” continuamente o solo, nunca o deixando descoberto, e que na decomposição de seus restos vegetais e da ação de suas raízes, melhore a saúde do solo. Este é o princípio básico do Sistema Plantio Direto, mas existem muitos outros que também são muito importantes para a sua consolidação (Ruedell, 1995 e 1998).

Que outros princípios fundamentam o Sistema Plantio Direto?

Por tudo o que já foi explanado, vale a pena insistir e repetir, tal qual uma pregação, que o princípio fundamental está na insubstituível necessidade que tem o Sistema quanto à cobertura contínua do solo com palha. Para isso, não só se faz imprescindível a implantação de um plano de rotação de culturas viável e sustentável economicamente, como já foi referido anteriormente, mas que este plano não permita períodos sem culturas, como observa-se atualmente.

Um exemplo clássico da importância da cobertura do solo com palha no Sistema Plantio Direto e de seu efeito na capacidade de infiltração de água da chuva foi publicado por Panachuki et al. (2011). Quando eles retiraram a palha (solo em plantio direto e descoberto), o solo começou infiltrando 59,4 mm por hora e estabilizou com 24,4 mm por hora, sendo este valor, portanto, a Taxa de Infiltração Básica.

Já quando mantiveram 4,0 toneladas da palha na superfície, este mesmo solo iniciou com infiltração de 59,3 mm por hora e estabilizou em 52,3 mm por hora, sendo esta a Taxa de Infiltração Básica para a situação com palha. Observa-se, no primeiro caso, redução de 58,9% na infiltração e no segundo caso, com palha, redução de apenas 11,8%. Isto prova que não basta somente fazer cultivo (plantio) direto, mas que essa prática, para dar certo, necessita da cobertura com palha.

As constatações a campo não são nada adequadas quanto à produção de palha, pois nos últimos anos essa deficiência tem sido reiteradamente constatada em diagnósticos realizados, percebendo-se, por exemplo, que no verão a soja predomina com 78,6% da área da Região Missioneira do RS e no inverno pastagens, pousio e coberturas normalmente mal implantadas ocupam 81,3% da área (Fiorin et al., 2007).

Para atender a essa necessidade de proteger e melhorar o solo pela palha surgiu recentemente um novo conceito, que vai além daquele que diz que a rotação de culturas não deve dar intervalo entre a colheita e a semeadura da próxima cultura, conhecido por “colhe e planta”. Essa nova ideia prevê a possibilidade da adoção da técnica da sobressemeadura, ou seja, semear a lanço espécies antes da colheita daquela que está em fase de maturação.

Como por exemplo, semear capim Sudão a lanço, quando a soja estiver com em torno de 70% das folhas amarelas e no início do processo de queda. Assim, ao se colher a soja já se terá o capim Sudão germinado e em desenvolvimento. Isso é ainda mais importante em função de que a soja está sendo colhida em fevereiro/março/abril, quando alguns anos atrás era em abril/maio.

Em consequência, na situação atual ocorre um “vazio” na cobertura do solo até a implantação da cultura de inverno, essencialmente na Região Sul do Brasil, o que é muito prejudicial para exigências conservacionistas. Neste sentido, verifica-se cada vez mais que são as gramíneas que possibilitam coberturas em quantidades que atendem os requisitos da proteção do solo, principalmente em termos de longevidade dessa cobertura, pela alta relação C/N.

Por isso, capim Sudão no outono, centeio, aveias preta ou branca no inverno e milho na primavera/verão, são alguns exemplos de culturas que se enquadram e atendem àquelas características citadas e exigidas da palha, pelo menos para o Sul do Brasil.

Em outras regiões do país têm-se disponíveis espécies como braquiária, milheto, crotalária, entre outras, que cumprem perfeitamente essas funções protetoras e regenerativas do solo. A semeadura em contorno, ou seja, transversalmente ao declive do terreno, é outra técnica importante. Os minissulcos provocados pela semeadora, em conjunto com as próprias fileiras das plantas, criam barreiras que dificultam o escoamento das águas que não infiltraram.

Segundo algumas pesquisas, pode-se somente com essa decisão aumentar significativamente a infiltração de água no solo (alguns pesquisadores afirmam que é possível em 5 vezes) e reduzir em mais de 50% o escorrimento da água excedente carregada de solo, nutrientes e até de defensivos agrícolas. Sem contar que a “semeadura morro abaixo e morro acima” aumenta a variabilidade de distribuição do adubo, sendo em torno de 15% a mais na subida e em 30% na descida, segundo Faganello, da Embrapa Trigo, citado por Joseani M. Antunes (2016).

Atualmente, existem programas embasados no georreferenciamento, que possibilitam proceder as semeaduras dentro dos critérios técnicos que atendam a esse princípio. O controle do tráfego máquinas, equipamentos e dos carros na lavoura é outro aspecto notadamente negligenciado. Além do conhecido aumento do número de aplicações de defensivos agrícolas e das consequentes entradas em função destas, observa-se também o inadequado trânsito de carros e camionetas sobre a área de cultivo.

Quanto ao maquinário em si é importante destacar que o peso das máquinas agrícolas é cada vez maior, não se verificando, em contrapartida, correspondente adequação da distribuição desse peso em termos de tipos de pneus (radial) e pressão interna. Dessa forma, vários estudos demonstram reduções no rendimento de grãos que variam entre 20 e 40% para áreas com tráfego em relação às áreas sem tráfego, para milho e soja, respectivamente.

Como exemplo, pode-se citar o experimento conduzido por Girardello et al. (2013) em Não-Me-Toque no ano de 2012, no qual o rendimento de grãos de milho foi reduzido de 13.010 kg/ ha na área sem tráfego de máquinas para 9.890 kg/ha na área na qual cruzaram o trator + pulverizador e o trator + semeadora. Nessa mesma comparação, o rendimento de grãos da soja foi reduzido de 4.242 kg/ha para 2.370 kg/ha.

Citando vários autores, Camargo e Alleoni (2006) relatam que cargas maiores de 6 toneladas por eixo podem causar compactação até em mais do que 40 cm de profundidade. Mencionam a antiga pesquisa de Trouse, que constatou a importância de se diminuir a pressão interna dos pneus ou adoção daqueles que possibilitam trabalhar com baixa pressão, pois uma passada de máquina com pressão de 0,03 MPa reduziu a infiltração da água de 50 mm/hora para 48 mm/hora, enquanto que com a pressão três vezes maior de 0,09 Mpa, a infiltração da água para a mesma condição foi reduzida para 3 mm/hora.

Por outro lado, Braida (2004) destaca a importância que possuem os resíduos vegetais e a matéria orgânica formada a partir destes na dissipação da energia de compactação exercida por máquinas ou animais.

Portanto, organizar e gerenciar adequadamente o tráfego nas lavouras e dos pneumáticos utilizados, incluindo-se neste item a uniformização das bitolas dos rodados dos maquinários, a previsão da formação máxima possível de resíduos culturais, bem como a observância das condições da umidade no momento da entrada do maquinário, entre outras exigências e adaptações que se fazem necessárias, possuem importância não só no que diz respeito à conservação do solo, mas também quanto à maximização do potencial produtivo (Alba et al., 2011; Ceolin, 2016; Gassen, 2009 e 2010; Girardello et al., 2013; Girardello, 2014).

Em algumas regiões, principalmente em solos argilosos, o uso de sulcadores do tipo haste nas semeadoras tem se apresentado como alternativa para romper a compactação superficial dos solos, que se constitui numa das principais restrições para o sucesso do Sistema Plantio Direto. Com essa ferramenta, abre-se o caminho para que as raízes possam ultrapassar a camada adensada, condição que permitirá a expressão do real potencial produtivo.

O importante, neste caso, é identificar a correta posição no perfil do solo da camada compactada e, dessa forma, adequar a profundidade da haste sulcadora para que supere a camada compactada. Sempre considerando-se que quanto maior a profundidade do trabalho da haste maior será o consumo de combustível.

Qual o futuro do Plantio Direto?

Na verdade, o Sistema Plantio Direto possui uma história recente, mas por seus benefícios ambientais e econômicos evoluiu de forma altamente positiva no mundo inteiro. Basta ver que nas condições do Sul do Brasil, em 1977, a FECOTRIGO através de sua revista, Agricultura & Cooperativismo, publicou excelente material elaborado por Renato Zenker (1977) sobre “Conservação dos Solos”, no qual além de manifestar a preocupação por este importante tema tinha sua estrutura principal fundamentada nas instruções sobre a implantação do terraceamento em todas as suas variáveis (bases estreita, média e larga), científicas e minuciosamente explicadas.

Para a época, esse artigo constituiu-se num verdadeiro marco da agricultura conservacionista. Interessante notar que o texto menciona algumas práticas complementares, entre as quais diz que estava surgindo no Rio Grande do Sul o Plantio Direto, profetizando que “talvez seja uma espécie de redenção da agricultura”.

Neste mesmo alinhamento foi a publicação de Delvino Nolla (1982), mas já realizando uma análise mais ampla do problema da erosão e indicando alternativas dentro do conceito de que as soluções devem ter visão sistêmica, ou seja, que há necessidade de realocar estradas, cultivar em contorno, melhorar as condições físicas e biológicas do solo pela utilização da adubação verde e mantendo-se os restos culturais sem os queimar, adotar a rotação de culturas, entre outras ações.

Diz, textualmente que “Parece vital, para a boa conservação do solo, o desenvolvimento de uma mentalidade conservacionista verdadeira, muito além daquela que, sem deméritos, ainda considera que, com simples construção de terraços ou com alguma arborização, esteja executando uma boa conservação do solo”. Essas são provas cabais de como se evoluiu rapidamente, da tradição milenar de arar a terra, o chamado Sistema Convencional, para o fantástico Sistema de Plantio Direto.

Não há região no mundo onde não se esteja, de alguma forma, iniciando ou consolidando este Sistema, seja em pequenas ou grandes propriedades, nos Hemisférios Norte ou Sul do planeta, em regiões chuvosas ou áridas, nos mais diversos cultivos e nos diferentes níveis de fertilidade e declividade do solo (Derpsch, 2016; Lafond; Clayton, 2010; Flower; Braslin, 2006).

Nada disso se constituem limitações instransponíveis, por que a primeira e principal mudança deve ocorrer é na mente das pessoas envolvidas. Esse é o grande desafio a ser superado em todas as regiões com suas respectivas particularidades. Porém, há muito para fazer em prol do crescimento e da qualificação do Sistema, pois os números apontam que dos 1,5 bilhões de hectares em agricultura da Terra o Plantio Direto ocupa 160 milhões de hectares e que destes 50% se concentram entre o Brasil, USA e Argentina.

Especificamente em nosso país as últimas estatísticas apontam para 35,6 milhões de hectares (Kassam et al., 2015). Portanto, para que o Sistema se consolide e se qualifique cada vez mais, principalmente por sua importância em nosso meio, faz-se necessário que todos os que estejam envolvidos no processo produtivo, ou seja, agricultores, técnicos, agrônomos, pesquisadores, professores, cooperativas e as empresas de modo geral, procurem se inteirar cada vez mais dos gargalos existentes e busquem de forma objetiva e conjunta os caminhos que deverão ser trilhados em direção ao futuro de uma agricultura sustentável.

De qualquer forma, pode-se resumir os seguintes desafios a serem superados:

- Encontrar o sistema de rotação que atenda às características de cada região quanto ao conceito de sustentabilidade, ou seja, que além de produtora de palha na medida suficiente permita a proteção e melhoria do solo em seus aspectos físicos, químicos e biológicos e seja também rentável (Ruedell, 1998; Fiorin, 2007b).

Portanto, conceitos como melhor aproveitar os “vazios culturais” através de espécies protetoras e regeneradoras, incluindo-se a prática da sobressemeadura, identificação dessas espécies e da obtenção das indicações técnicas para o seu cultivo, constituem-se, entre outros aspectos relacionados ao tema, desafios a serem superados.

Atualmente, há escassez muito grande nessa área do conhecimento, sendo primordial a retomada das pesquisas nesse sentido, como aquelas divulgadas por Claudino Monegat (1991), incluindo-se nessa questão a necessidade do melhoramento genético dessas espécies alternativas.

E, por fim, conhecer e dominar melhor os efeitos mútuos das culturas participantes da rotação de culturas, inclusive o econômico já referido, não decidindo as opções de cultivo de forma isolada (Fiorin, 2007b).

- Descobrir a forma de se ter Plantio Direto contínuo e, ao mesmo tempo, um controle consistente de plantas daninhas sem a tão alta dependência dos herbicidas. Parece um tanto utópico, mas foi motivo de recente Congresso da Sociedade Americana da Ciência das Plantas Daninhas (Weed Science Society of America), cujas impressões foram relatadas por Brainard et al. (2013). Entre as indicações técnicas encontradas, cita-se a necessidade de se obter cobertura permanente, priorizando-se a busca por alternativas neste sentido (culturas intercalares), que diminuem em 50% o custo do controle.

Além disso, faz-se necessária a continuidade de investimentos para concretização do conceito da agricultura de precisão em termos de tecnologia de aplicação (taxa variável de herbicidas), conforme Pott et al. (2016a e 2016b), aperfeiçoando-se os processos e indicações técnicas atualmente já consolidadas dessa questão, relatadas por Theisen e Ruedell (2004). Este novo conceito pode ser estendido para os demais defensivos agrícolas (fungicidas e inseticidas). No Canadá, através de aplicações robóticas possibilitouse reduzir a quantidade de herbicidas em 54% (Lafond; Clayton, 2010).

- Superar a compactação do solo é um desafio permanente para os usuários do Plantio Direto. A ocorrência desse impedimento físico que limita a capacidade de infiltração da água e da adequada expansão radicular é relatada com muita frequência. Fiorin et al. (2007), em diagnóstico da Região Missioneira do RS, encontraram índices de compactação acima do nível crítico em 36,0% e 69,6% das propriedades rurais, nas camadas de 0 a 7 cm e de 7 a 14 cm, respectivamente.

O Rally da Soja de 2013/14 identificou o problema em 24 a 38% das áreas das 4 regiões avaliadas do Brasil (Cardoso, et al., 2014). Em função de que a compactação é basicamente provocada pelo tráfego e pela falta da estrutura do solo, que é por sua vez originada pelos baixos teores de matéria orgânica, pesquisas e decisões que atendam a essas questões são prioritárias.

Para o sistema de tráfego controlado na fazenda projeta-se a criação de linhas de tráfego específicas permanentes para circulação de máquinas na lavoura, conhecidas como tramlines, cuja implantação prática ajudaria no planejamento das ações da produção e gestão da propriedade (Girardello et al. 2013 e 2016; Ceolin, 2016). Dessa forma, se evitaria o tráfego aleatório dentro das lavouras.

Também se deve incluir nesse alinhamento a identificação e adoção de plantas com raízes descompactadoras, que se apresentam como soluções possíveis (Nicoloso et al., 2008; Santi et al. 2013 e 2016). - Difundir para maior número de usuários as noções básicas já desenvolvidas especificamente para o Plantio Direto quanto às adubações (Fiorin, 2007a; Sá, 1993).

Concede-se pouca atenção à real necessidade que possui determinada cultura quanto a este ou aquele elemento que seria identificado pela análise do solo, optando-se, sem muito critério, por fórmulas rotineiramente repetidas e que nem sempre terão o melhor custo/ benefício.

Desenvolver pesquisas que permitam aplicações dos corretivos e dos fertilizantes com fundamentos melhores, principalmente P e N, que potencialmente são problemáticos sob o ponto de vista ambiental, pela possibilidade de contaminar águas subterrâneas e mesmo de aumentar o efeito estufa, no caso da emissão do óxido nitroso.

Estádio das plantas para a máxima absorção com o mínimo de perdas, formulações mais eficientes, adequado posicionamento dos fertilizantes no solo e correção em profundidade de alguns elementos, constituem-se demandas atuais e futuras.

Sem contar que fertilizações em base de diagnósticos realizados sistematicamente nos critérios da denominada agricultura de precisão podem reduzir custos e melhorar os tetos produtivos (Amado; Santi, 2007), mas dando-se enfoque maior para solucionar os problemas encontrados através de plantas melhoradoras do solo, como informado por Santi et al. (2013 e 2016), que estão denominando essa área da pesquisa de Sistemas de Rotação Inteligentes.

Indicação de espécies recicladoras e fixadoras de determinados elementos, bem como do uso de produtos biológicos que estimulam tais processos também devem ser buscados como opções (Ruedell, 1998).

- Apesar da significativa evolução das semeadoras realizada pelas empresas fabricantes ao longo da história do Sistema, muito bem detalhadas por Casão Júnior et al. (2009a, 2009b e 2009c), juntamente com os centros de pesquisas como a Embrapa Trigo e o IAPAR, certamente ainda restam melhorias a serem buscadas que atendam às diferentes condições de solo, coberturas e espécies cultivadas.

Embora se saiba que nem todos os produtores “exploram” adequadamente as características já existentes nas semeadoras, mesmo assim se espera por qualificações que tornem os resultados dessa maquinaria ainda mais eficazes.

No entanto, os maiores investimentos deverão ser alocados em treinamentos para os usuários que em sua maioria não segue de forma adequada ao que se preconiza quanto às boas práticas indicadas no processo da semeadura, visto que é nessa tarefa que se decide o potencial produtivo da lavoura.

Os significativos custos em sementes, adubos e defensivos agrícolas, mesmo do maquinário e dos recursos humanos, poderão ser parcialmente perdidos se a semeadura for realizada de forma inadequada. - Avaliar sob o ponto de vista da eficácia e da economicidade a contribuição de pontuais intervenções de sistemas mecânicos de proteção, principalmente em situações em que pelos mais diferentes motivos ocorram excedentes ou concentração das águas das chuvas (Denardin et al., 1999).

- Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA), cuja designação técnica é Integração Lavoura-Pecuária (ILP), nos seus vários arranjos, entre os quais está incluído o Sistema Plantio Direto, têm crescido em sua importância, pois atendem aos atuais conceitos da intensificação sustentável da exploração agropastoril com a manutenção de serviços ambientais.

Segundo a FAO, “Os sistemas integrados são capazes de incrementar a resiliência ambiental pelo aumento da diversidade biológica, pela efetiva e eficiente ciclagem e reciclagem de nutrientes, com melhoria da qualidade do solo, provimento de serviços ecossistêmicos e contribuição para adaptação e mitigação das mudanças climáticas” (Pelissari; Lustosa, 2013).

Embora o Brasil tenha contribuído positivamente, tanto em pesquisas quanto em aplicação prática no que diz respeito aos sistemas integrados, como por exemplo aqueles resultantes de 15 anos de estudos na Fazenda do Espinilho, na região do Planalto do Rio Grande do Sul (Grupo de Pesquisa em Sistema Integrado de Produção Agropecuária, 2015), ainda se está muito aquém das possibilidades que o país oferece, considerando-se a forma atual de uso das terras.

Além disso, Pelissari e Lustosa (2013) citam como demandas “A melhor compreensão dos sistemas integrados, pois são poucos os que realmente são realizados com visão sistêmica, e prescindindo frequentemente de maior escala temporal e espacial para que se possa detectar as interações entre as diversas variáveis analisadas, e as novas propriedades que emergem destes sistemas”.

Também reiteram que “Além da questão científica, há urgência na formação e qualificação de profissionais com visão sistêmica, assegurando que os projetos nesta área sejam economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis, socialmente justos, culturalmente aceitos e eticamente corretos”.

- Necessidade de uniformizar e definir o que é o Sistema Plantio Direto. Apesar de haver mais de meio século de informações geradas em diferentes partes do mundo, mesmo nas distintas regiões do Brasil, infelizmente há dificuldade em comparar os resultados, pois o que é designado como Plantio Direto assume características tecnológicas e metodológicas muito distintas, dependendo de onde e por quem foram realizadas as pesquisas.

Por isso, resultados distintos são perfeitamente esperados para as mesmas propostas, gerando discussões e conclusões erradas ou desnecessariamente conflitantes (Derpsch et al., 2012). Dessa forma, propõe-se a elaboração de um protocolo experimental que balize o que é necessário minimamente observar para que determinado ensaio possa ser considerado Sistema Plantio Direto.

Esta parece ser tarefa da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha.

- Incentivar empresas, universidades, cursos técnicos, cooperativas, associações e organizações ligadas ao agronegócio para que destinem recursos humanos e financeiros em prol da qualificação em geral do Sistema Plantio Direto, dando continuidade a essa verdadeira revolução no sentido da sustentabilidade ocorrida no campo. E também para que as novas gerações possam dar não somente seguimento aos princípios básicos que fundamentam o Sistema, mas para que não retrocedam nesses aspectos cujas consequências são visíveis em algumas regiões.

Para vários dos aspectos elencados já há informações, mas ainda insuficientes, ou sua praticidade dentro do conceito de sustentabilidade não foi devidamente comprovada para constarem como princípios do Sistema Plantio Direto. De qualquer forma, ao se atender aos princípios básicos que foram resumidamente elencados, o homem deixa de ser o dominador e o destruidor da natureza, passando a fazer parte de um equilíbrio necessário para a sobrevivência dele e todo planeta Terra.

Apesar da indiscutível contribuição que o setor agropecuário tem dado ao Brasil e ao mundo, tanto do ponto de vista econômico quanto social e ambiental, frequentemente recebe críticas por alguns e raros erros cometidos nessa árdua tarefa de produzir alimentos de forma sustentável.

Sabe-se que entre as atividades humanas o setor é responsável pelo maior consumo de água, embora sua maior parte esteja no fluxo natural das águas do planeta, cuja condição não é assim compreendida por alguns formadores da opinião pública.

Mas é imprescindível que se lance mão de todas as medidas que preservem ao máximo a pureza desse ativo natural, sem o qual é impossível a vida. Além disso, segundo Kassam et al. (2015), a atividade agropecuária contribui com 30% das emissões de CO2, N2O e CH4, cujos gases provocam o efeito estufa, que tem consequências diretas sobre as mudanças climáticas.

Por outro lado, reconhecem, citando várias pesquisas, além daquelas realizadas no Brasil, por exemplo de Prado et al. (2016), que a prática do Plantio Direto quando é acompanhada de todos os princípios que fundamentam o Sistema, como a rotação de culturas, cobertura do solo e seus efeitos positivos em sua biologia e na diminuição do uso de insumos, realmente é reconhecida como o Sistema capaz de mitigar a emissão desses gases, possibilitando que se tenha a forma sustentável da produção de alimentos.

Se problemas existem e sempre existirão, cabe aos que estão envolvidos na cadeia do agronegócio decifrá-los, pois como já diziam os pioneiros do Sistema “O potencial do Sistema Plantio Direto somente é limitado pela nossa própria inteligência” (Phillips; Young, 1973).

Portanto, ao se lançar mão da capacidade criativa e do bom senso, todos esses desafios serão superados, os do presente e mesmo os do futuro e dessa forma, depois de cada objetivo atingido se poderá dizer como Edward H. Faulkner (1943) em seu livro “Então a Mãe Terra poderá sorrir novamente”.

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