O jovem e a evolução na agricultura


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Publicado em: 28/02/2017

Vivemos a era da comunicação digital, do conhecimento compartilhado, da tecnologia embarcada, da automatização e da internet das coisas. Nessa evolução, as pessoas gastam três vezes mais tempo no telefone celular, acessando redes de comunicação, do que na televisão. A busca é por comunicação de conteúdo, pertinente, verídica, rápida, rastreável e customizada.

As demandas são por confiança e pelo conteúdo compreensível, apresentada de forma prática e objetiva. As novas formas de comunicação ocorrem, principalmente entre os jovens que formam grupos por afinidades e que interagem e compartilham informações e experiências, de forma oculta, realizando mudanças.

Essa relação de mudanças pode ser analisada com a crise de interesse pelo agro, nos cursos de agronomia, nos anos 2000 a 2010, que apresentavam poucos candidatos, chegando a casos sem completar as turmas no vestibular, ou formando 20% dos que iniciaram o curso. Nesse período predominavam os homens em relação às mulheres.

Nos últimos anos multiplicaram os cursos regulares de agronomia e de pós-graduação de curta duração. Cresceu a proporção de mulheres nesses cursos, o que configura nova forma de manejo e controle dos detalhes de processos de produção. Percebe-se a preocupação com a formação acadêmica dos jovens para dar continuidade às atividades da família na lavoura.

Nesse cenário, a evolução das máquinas, com a automatização e o controle eletrônico, exigem maior conhecimento e habilidades de uso mídia eletrônica para a busca de informações e apoio para solução de problemas. Os tratores, colhedoras e aplicadores de agroquímicos com piloto automático, cabines com ar condicionado e controles eletrônicos não dependem mais da mecânica tradicional, nem da força física como requisito de oportunidade de ocupação de mão-de-obra.

Com isso, cresce o uso da internet como ferramenta para formação de grupos para compartilhar experiências, trocar informações e tomar decisões exigem habilidades diferenciadas dos jovens. A facilidade de uso de planilhas para analisar e interpretar dados, além de orientar as decisões, fazem o jovem assumir mais poder de influência e a tomar decisões na agricultura.

As empresas que fornecem insumos e produtos usados na cadeia de produção de alimentos também sentem essa evolução e a necessidade de monitorar as demandas dos jovens, acompanhando as críticas e as oportunidades de negócios. Portanto, a participação do jovem é cada vez mais forte, presente e ativa na execução das atividades de lavouras e na tomada de decisões.

Dessa forma, a demanda é por oportunidades de formação acadêmica, atualização de conhecimentos e ética nos processos e práticas de manejo de lavouras. Por isso, diante da realidade da era do conhecimento e da informação democrática, surge a necessidade de formar estratégias coletivas, com responsabilidades em toda a cadeia de alimentos, fibras e biocombustíveis.

Hoje, a inteligência e o conhecimento de máquinas automatizadas ocupam cada vez mais espaço e demandam formação dos recursos humanos com habilidades diferenciadas. Necessita-se de jovens com capacidade de interpretar e tomar decisões usando tecnologias, pois as informações estão disponíveis de forma instantânea, no mundo todo, com tradutores no próprio celular, não há barreiras.

O mercado demanda, portanto, jovens com a capacidade de aproveitar o oceano de informações e de tecnologias disponíveis, porém, com a habilidade de dar profundidade e aplicação prática, direcionado para resultados. Atualmente o modelo de gestão e de execução das atividades na lavoura envolve três gerações, avós, filhos e netos, com experiências muito diferentes.

Dessa forma, necessita-se cada vez mais de jovens para registrar, medir variáveis biológicas e buscar apoio para interpretar e contribuir com a as mudanças necessárias na produtividade e na rentabilidade da lavoura. Jovens que buscam informação e comunicam melhor as demandas e o valor do agro para o ambiente e para a sociedade.