Pragas da cultura da aveia


Autores: José Roberto Salvadori, Crislaine Sartori Suzana
Publicado em: 31/12/2020

Plantios de aveia podem ter diferentes propósitos, sendo que os mais comuns são a produção de grãos, o uso como pastagem e para proteção do solo. Entre as espécies de aveia cultivadas no Brasil a aveia-branca (Avena sativa), geralmente, destina-se à produção de grãos e a aveia-preta (Avena strigosa) é usada como forrageira e para cobertura verde ou morta do solo.

Independentemente do fim a que se destinam, os plantios de aveia estão sujeitos aos mesmos problemas entomológicos, porém a importância e o respectivo manejo das pragas variam em cada caso, em função da finalidade do cultivo. Assim, a decisão de investir no controle de pragas acompanha o investimento que é feito nos demais fatores de produção em cada situação em particular.

A cultura da aveia seja para grãos, forragem ou cobertura do solo não tem estimulado grandes investimentos em pesquisa em manejo e o registro de insumos, especificamente de defensivos agrícolas. Decorre desse fato que faltam informações básicas sobre várias pragas e que são poucas as opções de produtos inseticidas registrados para uso na cultura, em comparação a outras culturas graníferas que fazem parte do mesmo sistema de produção. Mesmo assim, é importante ressaltar que para o controle de insetos pragas devem ser empregados apenas produtos registrados e obedecendo os respectivos períodos de carência, especialmente quando se trata de aveia para consumo humano ou animal. Informações nesse sentido são encontradas no sistema AGROFIT do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), disponível em < http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>.

De modo geral, com pouquíssimas exceções e algumas particularidades, as pragas que ocorrem na aveia são as mesmas que atacam outros cereais de inverno, como o trigo, a cevada, o triticale e o centeio. Didaticamente, as pragas principais e secundárias da aveia podem ser agrupadas a partir dos hábitos alimentares e demais aspectos comportamentais que exibem em relação à planta e ao ambiente onde vivem, em pragas a) associadas ao solo, b) mastigadoras da parte aérea das plantas e c) sugadoras da parte aérea das plantas.

Pragas associadas ao solo Neste grupo destacam-se os corós (Coleoptera: Melolonthidae), insetos tipicamente rizófagos e subterrâneos, e outras pragas que ocorrem mais eventualmente, como brocas e outras larvas de solo. Estas espécies, sob ponto de vista da fenologia da cultura e das ações de controle, são também classificadas como pragas iniciais da aveia.

Os corós são larvas do tipo escarabeiformes morfologicamente bastante características assim como na fase adulta (Figura 1). São insetos cuja sobrevivência e multiplicação são favorecidas pelo não revolvimento do solo. Entre as espécies que podem ser encontradas nos solos cultivados com aveia, as mais comuns são o coró-das-pastagens - Diloboderus abderus (Sturm, 1826) e o coró-do-trigo - Phyllophaga triticophaga Morón & Salvadori, 1998, ambas consideradas pragas. Muito comum e frequente é a espécie conhecida por coró-pequeno - Cyclocephala flavipennis (Arrow, 1914), geralmente saprófaga, mas que eventualmente e quando em altas infestações, pode causar danos.

O ciclo de vida destes insetos, constituído por ovo, larva (coró), pupa e adulto, é bastante longo, atingindo um ano em D. abderus e dois anos em P. triticophaga, motivo pelo qual podem ser pragas em mais de uma cultura, em uma mesma geração.

O coró-das-pastagens vive aproximadamente a 10-20 cm de profundidade, em galerias permanentes características da espécie. O coró-do-trigo não constrói galerias e vive muito próximo à superfície do solo, geralmente até aos primeiros 10 cm de profundidade. O dano às culturas é causado somente pelas larvas (corós) que não são seletivas quanto ao alimento, podendo consumir raízes de um grande número de espécies vegetais, cultivadas ou não. Apesar do hábito rizófago, podem comer sementes e até plântulas inteiras que puxam para dentro do solo após a destruição das raízes.

Durante o seu desenvolvimento, os corós passam por três estádios ou ínstares em um período que coincide com todo o ciclo da aveia e se estende para além deste, atingindo cultivos implantados em sucessão. Os corós de primeiro ínstar são encontrados no final do verão e, nesse estádio, devido ao pequeno tamanho e, no caso particular de D. abderus, devido ao hábito de ingerir palha, os danos não são perceptíveis ou não existem. A partir do outono, à medida que crescem, os corós vão aumentando o consumo de raízes. O terceiro ínstar, quando os corós são maiores e mais vorazes, ocorre de abril-maio a outubro-novembro e coincide com todo o período de instalação, desenvolvimento e até maturação dos cereais de inverno. Afilhos amarelados e plantas murchas, que podem acabar morrendo, são indícios do ataque de corós. No caso de P. triticophaga, que possui ciclo bianual, as infestações em aveia ocorrem em anos alternados.



No manejo dos corós deve-se considerar que são pragas residentes, já presentes no solo por ocasião da semeadura e, muitas vezes, há algum tempo antes disso, em função do longo ciclo de vida. A intensidade das infestações depende muito da mortalidade natural, pela ação dos inimigos naturais dos corós, que geralmente é bastante significativa. Os principais fatores de mortalidade de corós são as doenças causadas por microrganismos entomopatogênicos, como fungos e bactérias. Assim, o monitoramento deve ser feito ao longo das estações do ano e em outras culturas, para constatar e demarcar áreas infestadas e acompanhar a evolução das infestações. Estes procedimentos, completados com avaliações mais precisas antes da semeadura, permitem determinar quando as medidas de controle devem ser tomadas. O monitoramento é praticado através de avaliação de plantas sintomáticas e da presença de corós no solo, por meio da abertura de trincheiras.

As trincheiras devem medir aproximadamente 0,5-1,0 m de comprimento (no sentido das linhas de semeadura), 0,20-0,25 m largura (sobre as linhas de semeadura) e 0,20 m de profundidade. Devido à distribuição espacial irregular dos corós no solo (reboleiras) e pelo fato da abertura de trincheiras no solo ser bastante trabalhosa e onerosa, recomenda-se que amostras sejam concentradas nas áreas com histórico de ocorrência de corós, complementadas com amostras tomadas nas demais áreas sem registros de ocorrência, para subsidiar a necessidade de controle.

As amostragens de solo são realizadas tanto para quantificar como para identificar as espécies presentes, uma vez que podem ocorrer espécies de corós que não são pragas. O reconhecimento das espécies mais comuns é feito pela presença e disposição de pelos e espinhos no raster, na região anal dos corós (Figura 1). O nível de ação em aveia para produção de grãos é a infestação média de 5 corós rizófagos por metro quadrado.

As outras espécies de pragas associadas ao solo incidem, geralmente, em baixa intensidade e frequência. Entre estas, pode-se citar a broca-da-coroa-do-azevém - Listronotus bonariensis (Kuschel, 1955) (Coleoptera: Curculionidae), a larva-alfinete - Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae) e a broca-do-colo ou lagarta-elasmo - Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1893) (Lepidoptera: Pyralidae). Muito raramente e em níveis que, normalmente, não exigem controle pode ocorrer o pulgão-da-raiz - Rhopalosiphum rufiabdominalis (Sasaki, 1899) e a larva-arame - Conoderus scalaris (Germar, 1824) (Coleoptera: Elateridae).

A broca-da-coroa é um inseto que ataca diversas gramíneas. Na aveia, o ataque inicia com a oviposição e raspagens insignificantes por parte do adulto (pequeno gorgulho), nas folhas. A larva broqueia a região da coroa e adjacências provocando a morte de afilhos, prejudicando a circulação da seiva e o desenvolvimento da planta.

Os adultos de larva-alfinete atacam as folhas da aveia e ovipositam no solo, próximo ao sistema radicial. As larvas consomem raízes e broqueiam a região da coroa, danificando-a, debilitando a planta. Assim como a broca-da-coroa, abre galerias que facilitam a infecção da planta por fitopatógenos.

A lagarta-elasmo é uma lepidobroca cuja presença na aveia decorre das posturas feitas principalmente na palhada e no solo pelas pequenas mariposas. A ocorrência desta praga está claramente relacionada a condições ambientes que lhes sejam favoráveis, como solo seco e arenoso e temperatura relativamente elevada. A lagarta vive no solo, dentro de um abrigo que constrói reunindo fezes e partículas de solo com fios de seda, preso ao colo da planta. Neste local, para se alimentar, faz uma galeria ascendente provocando o a morte das folhas centrais (coração morto) e, posteriormente, da própria planta.

Nas decisões de controle de pragas iniciais da aveia, considera-se o conjunto das espécies presentes e potenciais, principalmente para a escolha do modo de ação dos inseticidas aplicados via tratamento de sementes. Sem dúvida, na semeadura, os corós estão entre as pragas que merecem maiores cuidados para evitar que provoquem perdas significativas na aveia. As demais espécies de pragas associadas ao solo, geralmente, ocorrem com baixa intensidade e frequência, todavia devem ser devidamente computadas quando medidas de controle são tomadas preventivamente. O método de aplicação de inseticidas mais empregado para o controle de pragas iniciais associadas ao solo, assim como de afídeos e percevejos de início de ciclo (vide item “Pragas sugadoras da parte aérea”), é o tratamento de sementes.

Pragas mastigadoras da parte aérea Este grupo contempla as pragas desfolhadoras e as que atacam as panículas da aveia, como as lagartas e as vaquinhas. Estas últimas, principalmente D. speciosa (já citada como praga associada ao solo na fase larval) sempre ocorrem na cultura da aveia, mas devido ao pequeno potencial de dano dificilmente exigem controle.

Lagartas (Lepidoptera: Noctuidae) podem ocorrer na parte aérea das plantas desde a emergência até o final do ciclo. As mais importantes e mais frequentes são a lagarta-militar ou lagarta-do-cartucho-do-milho - Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) e a lagarta-do-trigo – Pseudaletia sequax (Franclemont, 1951).


A lagarta-militar alimenta-se a qualquer hora do dia e a lagarta-do-trigo é mais ativa à noite e em dias nublados. Ambas costumam se proteger no solo, embaixo da palhada ou enterradas. A infestação é proveniente dos ovos colocados pelas mariposas na própria aveia, mas também, embora seja menos comum, pode resultar de lagartas que já estavam presentes na área por ocasião da semeadura ou que migraram de áreas vizinhas.

A ocorrência da lagarta-militar é mais comum como praga de início de ciclo da cultura especialmente em plantios do cedo, logo após a cultura de verão, geralmente feitos para fins de pastoreio ou cobertura do solo. O dano é causado pelo ataque nas folhas e corte das plântulas ao nível do solo, provocando, em casos mais severos, redução do estande (Figura 2). Já a lagarta-do-trigo é mais comum no período reprodutivo da aveia, atacando folhas e panículas. Por esta razão, pode assumir grande importância como praga de milho semeado sobre aveia dessecada ou rolada (Figura 2).

Em ambos os casos, pelo fato das mariposas colocarem um grande número de ovos por postura, aglomerados, os ataques se caracterizam por serem, inicialmente, em reboleiras, que vão se expandindo à medida que as lagartas crescem e se dispersam na área. O monitoramento de lagartas na cultura da aveia deve realizado em, no mínimo, 10 pontos de um metro quadrado por hectare, contando-se diretamente as lagartas presentes no solo, nas horas mais amenas do dia, desde a emergência das plantas. Os melhores resultados de controle são obtidos quando este é feito no início da infestação e com as lagartas ainda pequenas.

O controle de ambas as espécies de lagartas é feito com a pulverização de inseticidas químicos ou biológicos, na parte aérea das plantas. O controle biológico também pode ser feito com o parasitoide de ovos Trichogramma pretiosum, que é registrado para tanto e está disponível no mercado.

Pragas sugadoras da parte aérea Neste grupo, são considerados os pulgões (afídeos), os percevejos e os tripes que, possuidores de aparelho bucal picador-sugador, danificam as plantas pela sucção do alimento líquido e, adicionalmente, como ocorre com algumas espécies, injetando toxinas e transmitindo fitopatógenos.

Os pulgões (Hemiptera: Aphididae) (Figura 3) são as pragas mais importantes da cultura da aveia, ocorrendo desde a emergência até a maturação, sugando praticamente todos os órgãos das plantas, provocando danos diretos e indiretos. Atualmente, as espécies de pulgões mais frequentes são o pulgão-da-aveia ou do colmo-do-trigo - Rhopalosiphum padi (Linnaeus, 1758), o pulgão-verde-dos-cereais - Schizaphis graminum (Rondani, 1852) e o pulgão-da-espiga-do-trigo - Sitobion avenae (Fabricius, 1794). Mais esporadicamente, podem ocorrer o pulgão-da-folha-do-trigo - Metopolophium dirhodum (Walker, 1849) e o pulgão-do-milho - Rhopalosiphum maidis (Fitch, 1856), além do pulgão-da-raiz – R. rufiabdominalis já mencionado como praga de solo.

Os pulgões causam danos tanto pela sucção da seiva e injeção de toxinas salivares, como pela transmissão dos vírus Barley Yellow Dwarf Virus (BYDV) e Cereal yellow dwarf vírus (CYDV), causadores da virose do nanismo-amarelo (Figura 3), doença que provoca grande prejuízo afetando a produção de grãos e de massa seca.

Geralmente, as primeiras ocorrências de pulgões são registradas logo após a emergência da cultura, principalmente nos plantios de outono. Períodos de temperatura amena e com pouca chuva favorecem a multiplicação e a sobrevivência dos pulgões e, em consequência, o crescimento populacional. É comum, em infestações precoces e elevadas, que a aveia apresente sintomas severos, caracterizados pela alteração na cor e pelo déficit de crescimento das plantas. As folhas podem se apresentar amareladas e também adquirir a coloração púrpura (Figura 3). A combinação da sucção da seiva com o efeito fitotóxico da saliva dos pulgões pode provocar a morte de plântulas, especialmente nas infestações por S. graminum,. Os sintomas do ataque de pulgões manifestam-se, inicialmente, em reboleiras e evoluem gradativamente para áreas maiores.

Embora um expressivo nível de controle biológico dos pulgões ocorra naturalmente, pela ação de micro-himenópteros parasitoides, a aplicação complementar de inseticidas pode ser necessária. O monitoramento de pulgões para estimar o nível médio de infestação e subsidiar as decisões de controle com inseticidas deve ser realizado por meio da avaliação direta nas plantas em, no mínimo, 10 pontos por hectare. Os níveis de ação variam com o estádio fenológico da cultura: 10% das plantas infestadas da emergência ao emborrachamento e 10 pulgões/afilho ou panícula desde a formação da panícula até a fase de grão em massa. A aplicação de inseticidas para o controle dos pulgões da aveia pode ser feita com produtos sistêmicos em tratamento de sementes e/ou em pulverização na parte aérea das plantas.

Os percevejos representam o segundo grupo de importância entre os insetos sugadores que ocorrem na aveia, incluindo espécies de duas famílias.
A espécie mais comum e que causa injúrias mais evidentes na cultura é o percevejo-raspador ou percevejo-dos-capins – Collaria scenica (Stal, 1859) (Hemiptera: Miridae) (Figura 4). De tamanho pequeno e morfologicamente muito diferente dos percevejos mais conhecidos (fede-fedes), geralmente, não é visto como um inseto sugador. Também contribui para isso o fato de ter um aparelho bucal curto que, ao sugar superficialmente as folhas e outras partes da planta, provoca o aparecimento de sintomas confundidos com raspagens. Na verdade, o que se vê é o resultado da sucção do conteúdo de várias células adjacentes, cujo esvaziamento origina manchas esbranquiçadas, mas sem a remoção do tecido sólido superficial. A ocorrência estacional e a própria atividade ao longo do dia estão associadas a períodos mais quentes. Estão mais presentes nos campos, não só na aveia, mas também em outras gramíneas cultivadas ou não, durante o outono e, depois, a partir do final do inverno.

As várias espécies de percevejos pentatomídeos (Hemiptera: Pentatomidae) associadas à soja são, na verdade, polífagas e utilizam várias outras espécies vegetais, incluindo poáceas e brássicas, como fonte alimentar e de água. Desta forma, cultivos em sucessão e a presença de cobertura vegetal morta (palhada) no solo têm favorecido a sobrevivência e a permanência destes percevejos na área, os quais se tornaram pragas sistêmicas, com potencial para danificar também a aveia. Existem poucos estudos a respeito da relevância desses insetos em aveia. Se por um lado, temperaturas mais baixas parecem limitar a incidência na cultura, por outro, a larga amplitude do período em que é cultivada faz dela uma hospedeira alternativa para alimentação e refúgio, para estes insetos. Nesse sentido, espécies como o percevejo-verde - Nezara viridula (L., 1758), o percevejo-verde-pequeno - Piezodurus guildinii (Westwood, 1837), o percevejo-marrom - Euschistus heros (Fabr., 1794) e os percevejos barriga-verde - Dichelops melacanthus (Dallas, 1851) e Dichelops furcatus (Fabr., 1775) podem ser pragas ocasionais da aveia.

A exemplo do que ocorre em trigo, os percevejos barriga-verde (Figura 4) merecem uma maior atenção pelo potencial de danos tanto na fase vegetativa como na reprodutiva dos cereais de inverno. Em aveia, parecem ter maior importância como pragas iniciais provocando estrangulamentos, pontuações descoloridas e deformações nas folhas. Mais tarde, podem ser encontrados sugando as plantas na fase reprodutiva.

Os tripes (Thysanoptera: Thripidae) são insetos de tamanho diminuto, mas visíveis a olho nu, que se alimentam das plantas, através do aparelho bucal sugador denominado cone bucal. As asas franjadas são características destes insetos. Geralmente são polífagos e desenvolvem colônias na face inferior das folhas. As picadas, porém, devido às dimensões também pequenas do cone bucal, que abriga três estiletes, são relativamente superficiais, esvaziando praticamente célula a célula. As injúrias provocadas nas plantas são manchas esbranquiçadas, indevidamente denominadas de raspagens, semelhante ao que ocorre com o percevejo-raspador.

Existe um grande número de espécies de tripes associadas aos mais variados tipos de plantas hospedeiras. Nos sistemas de produção de grãos que envolvem cereais de inverno, sucedidos por de soja ou milho no verão, a ocorrência de tripes tem sido mais comum em soja. No entanto, quando o inverno não é rigoroso e, principalmente, em anos de chuva escassa, os tripes se multiplicam mais e mais rapidamente podendo causar problemas em trigo, cevada e aveia. Na cevada, é conhecido o problema de esterilidade de espigas causada por tripes. Especificamente em aveia, tem-se observado os danos característicos nas folhas, diminuindo a área fotossintética. A grande preocupação é quando, nestas condições ambientais muito favoráveis, além do prejuízo às culturas de inverno, os tripes passam a infestar as culturas de primavera-verão, especialmente a soja, logo após a emergência (Figura 4). Os tripes também se multiplicam em plantas daninhas.

O ciclo de vida dos tripes é curto, passando pelas fases de ovo, ninfa, pseudo-pupa e adulta. Danos são causados pelas ninfas (ápteras) e pelos adultos (alados) e podem ocorrer quando a população se torna numerosa. Para ficarem adultas, as ninfas passam por um período imóvel, denominado de pseudo-pupa que, normalmente, ocorre no solo, na palhada ou nas partes mais baixas das plantas. Acredita-se que, em condições de estiagem, a sobrevivência dos insetos nesta fase, quando ocorre a transformação para adulto, é mais bem-sucedida.

Não está bem definido quais são as espécies de tripes que ocorrem em cereais de inverno. Caliothrips phaseoli (Hood, 1912) é mencionada em trigo e em cevada. Em milho, é citada a ocorrência de Frankliniella williamsi Hood, 1915. A espécie mais frequentemente encontrada em aveia tem sido o tripes-carijó - Caliothrips brasiliensis (Morgan, 1929), a mesma que predomina em soja. O adulto tem aproximadamente 1mm de comprimento é de cor escura, quase preta, com duas manchas transversais brancas, aspecto que justifica o nome comum (Figura 4). As ninfas são menores, de coloração branca-amarelada (Figura 4). Os adultos são muito ágeis e voam rapidamente quando perturbados, como por exemplo, quando se examina as plantas.