Rafael Moreira Soares, Cláudia Vieira Godoy, Claudine Dinali Santos Seixas, Maurício Conrado Meyer, Leila Maria Costamilan, Fernanda Carvalho Lopes de Medeiros, Edson Pereira Borges, Hércules Diniz Campos, Mônica Anghinoni Müller, Octavio Augusto Queiroz, Mônica Cagnin Martins
As doenças na cultura da soja são um dos principais fatores fitossanitários na diminuição do potencial produtivo da cultura. A ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) tem sido a principal doença em relação ao custo econômico para o produtor, embora outras doenças, dependendo da região e das condições ambientes em determinada safra, também possam se destacar.
Buscando descrever o que ocorreu na safra 2020/2021 em relação a ocorrência da ferrugem-asiática, outras doenças e os fatores de produção relacionados ao tema, esse artigo reuniu informações de especialistas das principais regiões de cultivo da oleaginosa no Brasil.
Região Sul
Rio Grande do Sul
A situação da ferrugem-asiática no Rio Grande do Sul foi tranquila, não sendo observadas elevadas perdas em função da doença. A primeira ocorrência no estado foi registrada em 15 de novembro de 2020, mas apenas um foco isolado, sendo que novas ocorrências voltaram a ser registradas a partir de 16 de janeiro de 2021 (Consórcio Antiferrugem – www.consorcioantiferrugem.net) com a retomada das chuvas em janeiro, pois outubro e novembro de 2020 foram meses muito secos, deslocando a janela de semeadura para meados de novembro e para dezembro.
Entretanto, fevereiro e março voltaram a ser meses mais secos que o normal, não favorecendo o desenvolvimento da epidemia. As aplicações de fungicidas foram facilitadas pelo clima, não havendo perdas por problemas de aplicação.
O número médio de aplicações variou entre 3 e 4. Outras doenças relatadas foram mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), oídio (Erysiphe diffusa) e podridão de carvão da raiz (Macrophomina phaseolina). Podemos dizer que as doenças de soja não causaram perdas significativas no rendimento final da cultura no RS, o que se reflete na segunda melhor safra de soja do Estado, em 2021.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, a primeira ocorrência de ferrugem-asiática foi registrada no dia 04 de janeiro de 2021 (Tabela 1). Houve atraso na semeadura devido à estiagem nos meses de setembro e outubro, e severidade baixa da doença, proporcionando um controle adequado do fungo.
A exemplo do que o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) já faz há alguns anos, a Epagri lançou seu programa de monitoramento da ferrugem, disponibilizando coletores de esporos para os produtores e um site para a divulgação das informações (ciram.epagri.sc.gov.br/agroconnect). A ocorrência de chuvas volumosas no mês de janeiro proporcionou o aparecimento de mofo-branco em algumas lavouras.
Paraná
No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento estima uma redução média de 4% na produção de soja esperada inicialmente para a safra 2020/21. A redução se deveu principalmente a precipitação abaixo da média que ocorreu durante toda a safra (com exceção do mês de janeiro).
A baixa precipitação influenciou a safra desde o início, atrasando o início das semeaduras em quase todas as regiões do estado e estreitando o período de semeadura, fator positivo em relação ao controle da ferrugem-asiática, pois cultivos muito precoces podem ser fonte de inóculo do fungo para os cultivos mais tardios. Segundo os registros do site do Consórcio Antiferrugem, a primeira ocorrência da doença foi no dia 10 de dezembro de 2020 no município de Castro, uma semana mais tarde que na safra anterior.
A partir desse momento, o registro de novas ocorrências evoluiu de forma gradativa até o dia 25 de janeiro quando, refletindo a intensificação das chuvas no mês, passou a haver aumento acentuado de casos até o dia 12 de fevereiro. A partir daí, em razão da diminuição da precipitação e a intensificação da colheita, a frequência do registro de ocorrências diminuiu.
Assim como nas safras anteriores, a ocorrência da ferrugem-asiática, de forma geral, não foi severa, ocorrendo de forma localizada nas áreas semeadas mais tarde e no final de ciclo. Outras doenças predominaram nas lavouras como a mancha-alvo (Corynespora cassiicola), em cultivares suscetíveis e o mofo-branco, em regiões mais altas, sendo ambas doenças favorecidas pelas chuvas de janeiro.
O Deral estima que o Paraná semeou 38,7 mil hectares de soja safrinha em 2021, sendo que essa semeadura sofreu forte estiagem entre os meses de fevereiro e março, prejudicando o desenvolvimento das plantas, mas desfavorecendo a ocorrência da ferrugem-asiática. Com 10% da área colhida, a produtividade média está em 2.104 kg/ha, contra 3.545 kg/ha da safra principal.
Também ocorreram problemas de queda de vagens e apodrecimento de grãos, que parecem terem sido causados pela associação de diversos fatores como: estresses climáticos, sensibilidade de cultivares, deficiência nutricional e patógenos oportunistas.
Região Sudeste
Minas Gerais
No sul de Minas Gerais o clima na safra 2020/21 foi de déficit hídrico com chuvas irregulares durante todo o mês de setembro e de outubro, com temperaturas altas, o que em algumas regiões atrasou a semeadura da soja. No começo de novembro as condições de chuva foram um pouco mais positivas, mas ainda abaixo do ideal e em dezembro as chuvas se normalizaram.
Já no mês de janeiro o déficit hídrico foi muito acentuado e as temperaturas elevadas propiciaram o surgimento de oídio em muitas lavouras de soja. A ferrugem-asiática apareceu nas lavouras comerciais na segunda semana de fevereiro e progrediu rapidamente devido ao clima propício para a disseminação da doença em fevereiro e março, o que aliado a semeadura atrasada, acarretou perdas principalmente nas áreas semeadas em novembro e dezembro.
O clima também foi propício para o mofo-branco, chegando a ter mais de 80% de plantas com incidência da doença em parcelas controle de ensaio em área comercial. A antracnose (Colletotrichum truncatum) e a mancha-geográfica (Phomopsis sojae) também ocorreram em algumas áreas.
O número médio de aplicações de fungicidas nessa safra foi de 3 a 4, começando em V6 a V8 (principalmente para o controle de DFCs - Cercospora e Septoria), com intervalos entre aplicações de aproximadamente 15 dias. Os produtos mais utilizados na região foram as misturas de carboxamidas com triazois e estrobilurinas, em sua maioria associados a um fungicida multissítio (mancozeb ou clorotalonil).
O triangulo mineiro teve condições climáticas semelhantes ao sul do estado e, embora a ferrugem-asiática tenha sido detectada ainda em dezembro (15/12/20 em Uberlândia), a doença evoluiu lentamente e, de forma geral, foi bem controlada durante a safra.
São Paulo
Em São Paulo, nas regiões sul e sudoeste as lavouras semeadas mais precocemente sofreram com a estiagem em outubro e novembro, contudo, após o retorno das chuvas regulares em meados de dezembro e janeiro, a situação melhorou. A primeira ocorrência de ferrugem-asiática foi registrada no site do Consórcio Antiferrugem no dia 04/12/20 no município de Itaberá, mas a evolução foi lenta em razão das condições climáticas e não houveram registros de perdas de controle da doença.
Região Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul
O Mato Grosso do Sul (MS) teve um clima com pouca possibilidade de semeadura em setembro e de veranico no início de outubro, levando os produtores a interrompê-la, retomando as atividades em meados de outubro e seguindo por novembro adentro, em especial nas regiões do norte ao sul. Para a região dos chapadões (leste do estado) houve pouca variação na normalidade.
A soja teve um comportamento perto do esperado, com produtividade média de 58,6 sacas/ha (Boletim Siga MS). A ferrugem-asiática apresentou ocorrência tardia e índice de severidade muito baixo comparado com anos anteriores.
Por outro lado, houve um crescimento na ocorrência de mancha-alvo, certamente relacionado com a janela de semeadura ultimamente adotada (semeadura mais cedo), bem como as alterações climáticas (instabilidade de chuvas em outubro, temperatura altas em novembro e dezembro, janeiro intercalando com excesso de chuva e dias nublados) e ciclo das cultivares (em torno de 100 a 118 dias). Sob estas condições estão cerca de 70-80 % das áreas semeadas e os outros 20-30 % tem utilizado cultivares com ciclo de até 130 dias no máximo.
Segundo informações da empresa Desafios Agro, a ocorrência de doenças na soja foi da seguinte forma: em todas as regiões a mancha-alvo foi a principal doença, a ferrugem-asiática e o crestamento foliar de Cercospora (Cercospora kikuchii) apareceram em focos isolados e tardiamente, com baixos índices de severidade; na região sul também houve leve ocorrência de mancha-parda (Septoria glycines) (entre V4 e V6) e de antracnose (C. truncatum) (entre V6 a R4); na região central houve leve ocorrência de mancha-parda (entre V4 a V6); na região dos chapadões, também leve ocorrência de mancha-parda (entre V4 a V6 e se estendeu até o final do ciclo da soja).
Outras doenças de ocorrência relevante no MS foram a podridão de carvão da raiz (M. phaseolina), a podridão vermelha da haste (Fusarium spp.) e a seca da haste e da vagem (Phomopsis spp.).
Em relação ao controle químico com fungicidas, os produtores realizaram entre 2 e 3 aplicações para as cultivares de ciclo precoce, e entre 3 e 4 aplicações para as cultivares de ciclo mais longo. Assim, em média foram realizadas 3 aplicações na maioria das lavouras, com programas específicos para mancha-alvo nas cultivares de ciclo precoce e um programa para a ferrugem-asiática nas de ciclo mais longo ou tardias.
Em todos os programas por parte dos técnicos/consultores há um consenso da recomendação de fungicidas multissítios associados aos produtos sítio específicos, porém na prática nem todos os produtores tem realizado essa associação em todas as aplicações.
Goiás
No estado de Goiás o período de semeadura foi antecipado em seis dias, iniciando em 25 de setembro e finalizando em 31 de dezembro de 2020. No Sudoeste do estado, normalmente o pico da semeadura ocorre na primeira semana de novembro, mas em função dos baixos índices pluviométricos nos meses de setembro e principalmente em outubro, que ficaram abaixo de 70% da média histórica, a janela de semeadura se estendeu até final de dezembro.
Essa situação também foi observada nas demais regiões do estado. Já nos meses de janeiro e fevereiro de 2021 os índices pluviométricos acumulados superaram a média histórica, favorecendo o desenvolvimento das plantas e, consequentemente, contribuindo para a evolução das doenças.
Várias instituições do Estado (universidades, sindicatos, Agrodefesa, consultorias técnicas, cooperativas, entre outras) estiveram empenhadas no monitoramento das lavouras junto aos produtores. A primeira ocorrência da ferrugem-asiática no Estado foi em 29 de dezembro de 2020, em uma unidade de alerta no município de Montividiu, no estádio fenológico R5.5.
Em área comercial ocorreu no dia 06 de janeiro de 2021, no município de Caiapônia, também no estádio R5.5. Na segunda quinzena de janeiro deu-se o início da colheita de algumas lavouras no sudoeste, mas em 15 de fevereiro muitas lavouras ainda se encontravam na fase final de enchimento de grãos, e a partir desse momento a ferrugem-asiática passou a ser encontrada facilmente em muitas áreas comerciais, porém em baixa severidade, sem danos significativos.
Na primeira aplicação de fungicidas, caracterizada como aplicação no estádio vegetativo, entre 25 e 35 dias da emergência, os principais fungicidas utilizados continham triazol (principalmente formulações contendo difenoconazol) ou triazol + estrobilurina, de menor custo. Com essa primeira aplicação, os produtores visaram o controle de doenças como mancha-parda e antracnose.
Os fungicidas mais utilizados a partir da segunda aplicação (início do estádio reprodutivo), foram os de sítio específicos como triazol + estrobilurina + carboxamida; carboxamida + estrobilurina; triazol + estrobilurina + multissítio e triazol + estrobilurina associado a multissítio. Na safra 2020/2021, houve maior adoção dos multissítios associados aos de sítio específicos pelos produtores goianos, a partir da segunda pulverização. O número médio de aplicações de fungicidas variou entre 2,5 e 3,0 aplicações.
Outras doenças de parte aérea que apresentaram ocorrências significativas e causaram redução de produtividades em muitas lavouras foram as DFCs (mancha-parda e crestamento foliar por Cercospora), o mofo-branco e a mancha-alvo. As podridões radiculares (M. phaseolina, Fusarium spp. e Phomopsis longicolla) e as nematoses (Heterodera glycines, Pratylenchus brachyurus e Meloidogyne spp.), já vem causando prejuízos nas safras anteriores e, em 2020/2021, os danos foram extremamente severos em algumas lavouras.
Mato Grosso
No estado de Mato Grosso, a safra de soja foi marcada pela baixa precipitação entre os meses de setembro e novembro de 2020, que ocasionou atrasos no início da semeadura. Apesar do atraso, a evolução da área semeada foi rápida, sendo que 70% da semeadura ficou adensada no período entre 16 de outubro e 06 de novembro.
Por outro lado, as chuvas e a luminosidade presentes no mês de dezembro permitiram às áreas mais tardias (maior parte das áreas) chegar ao final do ciclo com bom ou ótimo potencial produtivo. Em algumas localidades a chuva em excesso no final do ciclo, atrelada ao apodrecimento de grãos ocasionados por uma anomalia nas vagens, resultou em danos principalmente na região norte e médio-norte do estado.
As principais doenças foliares observadas na última safra, foram o crestamento foliar de Cercospora, a mancha-alvo e a ferrugem-asiática. O crestamento de Cercospora tomou a frente das principais manchas foliares em abrangência, incidindo em todas as regiões e na maioria das cultivares, mesmo em localidades em que a mancha-alvo era o principal desafio nas safras anteriores (áreas de sucessão soja/algodão).
Apesar da abrangência, os danos causados por C. kikuchii nas áreas experimentais da Fundação MT afetaram no máximo 6% da produtividade, enquanto que em cultivares altamente sensíveis à mancha-alvo, a redução máxima observada foi de 20% para a safra de 2020/21.
A ferrugem-asiática chegou mais cedo no estado nesta safra, pois nos últimos anos apenas cultivos tardios semeados a partir de meados de novembro, apresentavam alto risco de ocorrência da doença.
A ferrugem foi detectada no dia 14 de dezembro de 2020 em área comercial em Campo Verde, região sudeste, em uma área de pivô semeada em setembro de 2020. Na mesma localidade a doença havia sido detectada no dia 06 de janeiro de 2020 na safra anterior. O estabelecimento precoce da doença, combinado com período de maior precipitação e a semeadura tardia, levou a disseminação para áreas em início do enchimento de grãos, avançando para outros municípios da região sudeste, que juntamente com a região sul, foram as mais afetadas pela doença nas áreas tardias.
Para o controle químico, o número médio de aplicações de fungicidas no MT é de 3,5 aplicações, porém os produtores relatam que quando há incidência de ferrugem na lavoura, o intervalo entre as aplicações cai em média de 15 para 7 dias.
Nesta safra, o produtor atrasou o início das aplicações dos programas de fungicidas devido à baixa umidade, mas quando as chuvas normalizaram, as doenças se estabeleceram e as aplicações muitas vezes tiveram efeito curativo e não preventivo, como recomendado.
Além do controle químico, o escape da época mais favorável à doença, devido a semeadura antecipada (até meados de outubro) para implantar uma cultura subsequente à soja, vem sendo um fator que tem contribuído amplamente para que a doença não afete várias regiões.
Ao final da safra, devido à alta umidade no período da colheita, parte da soja foi perdida na operação de colheita, fazendo com que posteriormente essa soja germinasse no campo em parte das lavouras de milho e principalmente em lavouras de algodão. Essas plantas de soja voluntária apresentam lesões ativas de ferrugem-asiática e caso não sejam eliminadas, poderão servir como fonte de inóculo de P. pachyrhizi para a safra de soja 2021/22.
Região Nordeste
Maranhão e Piauí
A safra 2020/21, em grande parte das regiões produtoras do Maranhão e do Piauí (MAPI), foi caracterizada pelo início de precipitações e semeadura a partir da segunda quinzena de outubro. Foram utilizadas cultivares de ciclo precoce a tardio (100 a 125 dias). A janela de semeadura foi prolongada em virtude de falta de precipitações no mês de dezembro, quando algumas regiões apresentaram precipitações acumuladas de apenas 40 mm.
Dessa maneira, houve atraso na conclusão da semeadura, principalmente no estado do Piauí, onde a semeadura finalizou na segunda quinzena de dezembro. O monitoramento de incidência da ferrugem-asiática foi realizado semanalmente nas áreas assistidas pela Evoterra Consultoria. As safras 2018/19 e 2020/21 foram caracterizadas pela maior severidade da doença na região, com os primeiros focos identificados com cerca de 30 dias de antecedência em relação à média histórica de notificação.
As pulverizações de fungicidas foram realizadas a partir do estádio fenológico V4/V5. A segunda pulverização foi realizada no pré-fechamento de linha da cultura (aproximadamente 10 dias antes de R1). Foram utilizados fungicidas dos grupos das estrobilurinas + triazóis ou estrobilurinas + triazóis + carboxamidas, sempre associadas com fungicidas multissítios. O número médio de pulverizações foi de 3 em cultivares de ciclo precoces e 5 para cultivares de ciclo médio/tardio.
A ocorrência de mancha-alvo e crestamento foliar de Cercospora (C. kikuchii ou C. flagelaris - ainda sob análise) tem despertado atenção e manejo específico nas últimas duas safras na região do MAPI.
Bahia
Na região oeste da Bahia a semeadura da soja teve início nas áreas irrigadas no dia 01 de outubro, conforme a Portaria nº41, da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), que antecipou esta operação em uma semana. No entanto, a data final da janela de semeadura não foi alterada, e pode ser realizada até 31 de dezembro.
Nas áreas de sequeiro, as chuvas regulares e de boa intensidade ocorridas no final de outubro e início de novembro, favoreceram a semeadura na época normal. Aproximadamente 70% da semeadura nestas áreas já havia sido finalizada em meados de novembro, de acordo com informações do Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia- AIBA (ABAPA, 2021).
Nos meses de dezembro e janeiro foram registrados veranicos de curta duração, o que não prejudicou em grande escala a cultura, no entanto, não possibilitou o pleno desenvolvimento das doenças da soja.
A ferrugem-asiática foi detectada pela primeira vez no dia 12 de janeiro de 2021, no município de Luís Eduardo Magalhães, em soja no estádio R6, a qual havia sido semeada na primeira quinzena de outubro.
A doença foi registrada em todos os municípios da região oeste da Bahia, com maior intensidade a partir de fevereiro, quando foram registrados grandes volumes e frequência de dias ininterruptos de chuvas, o que favoreceu o desenvolvimento do fungo e, consequentemente o progresso da doença, que foi intensificado pela dificuldade das aplicações de fungicidas no momento correto.
Apesar desta situação, os produtores ao utilizarem produtos de alta eficiência nas aplicações que antecederam esta condição climática e com o menor volume de chuvas em março, conseguiram controlar a doença. Isso refletiu na maior produtividade de soja obtida nas lavouras da região, média de 67 sacas/ha, sendo considerada a maior do Brasil.
Outras doenças foram registradas na safra 2020/21, como as DFC’s, a mancha-alvo e o oídio. Estas doenças têm ocorrido com maior frequência nas lavouras da região, em algumas situações causando perdas, que muitas vezes não são percebidas e/ou contabilizadas pelos produtores.
Conclusão
As perdas de produtividade por ferrugem-asiática vêm gradativamente diminuindo nas últimas safras, principalmente em decorrência da eficiência das medidas legislativas (vazio sanitário e calendarização de semeadura), atrelado ao escape pelo uso de cultivares de ciclo precoce, semeadas logo no início da janela de semeadura.
Além disso, as variações de distribuição das chuvas em relação às médias históricas, vem promovendo, na maioria dos casos, condições desfavoráveis às epidemias. Desta forma, a percepção de aumento da incidência de outras doenças foliares, como as DFCs, mancha-alvo e oídio, vem sendo uma constante nas opiniões dos técnicos nas diversas regiões do país.
A demanda por informações de estratégias específicas de controle destas doenças também aumentou consideravelmente, motivando a realização de protocolos específicos de experimentos em rede para este fim.
Apesar dessa condição aparentemente favorável ao sistema de produção de soja no Brasil, é importante não subestimarmos o poder de destruição da ferrugem-asiática e a capacidade de adaptação do patógeno às adversidades, devendo-se, portanto, manter ativas todas as estratégias de manejo vigentes além do monitoramento constante das ocorrências e do comportamento da P. pachyrhizi.