Agricultores que não conhecem arado ou terraços


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Publicado em: 31/08/2011

A agricultura é fortemente influenciada pelas projeções de clima e preços de mercado. Em 2010, no momento do agricultor decidir a semeadura de trigo, os indicativos de especialistas da área econômica eram de preços baixos para o produto. Como conseqüência houve redução da área semeada e também nos investimentos na lavoura de trigo.

Plantou trigo aquele agricultor com melhor tecnologia e planejamento de sistemas de produção, que combina práticas de rotação para manejo de plantas daninhas, pragas e doenças e processos para o aumento na produtividade da lavoura. A pouca ocorrência de chuvas a partir de agosto, favoreceu a cultura do trigo, que obteve as melhores produções históricas, acima de quatro toneladas por hectare, mais do que o dobro da média brasileira.

Nesse período, ocorreu na Federação Russa a maior seca em mais de 100 anos, causando desabastecimento do cereal no mercado mundial. Os preços obtidos em determinados momentos da colheita, foram consideradas muito bons. Na safra passada a área semeada com trigo reduziu. Porém, a combinação de eventos climáticos favoráveis resultaram nas melhores produções históricas. Os preços reagiram positivamente e em quatro meses o cenário foi de euforia, completamente diferente do período de semeadura.

O milho teve cenário semelhante com projeções de preços baixos e prognóstico negativo de La Niña, com déficit hídrico e chuvas com distribuição irregular. Por isso a área semeada também reduziu. Como o desembolso para a cultura ocorre em agosto e setembro, com a compra de sementes, herbicidas e fertilizantes, os prognósticos de preços baixos e estiagem definiram o cenário de redução da área plantada.

No entanto, o milho contou com uma distribuição regular de chuvas, contrariando as previsões e também teve as melhores produções históricas. A lavoura de soja teve menores investimentos, aumento na população de sementes, devido ao prognóstico de estiagens e perspectiva de preços baixos. Contudo, as chuvas foram bem distribuídas, houve menor severidade de doenças e os preços ficaram até 45% acima dos projetados, resultando em boas condições para a colheita e otimismo para os sojicultores brasileiros.

Infelizmente, a decisão do volume de área e tipo de cultura a ser plantada, assim como os investimentos destinados para cada safra, normalmente é tomada com base em prognósticos climáticos e de mercado. Isso induz a perdas cíclicas de rentabilidade e a um desgastante aprendizado na busca pela eficiência nos processos de produção.

Essa decisão deve ser complementada pela a racionalidade de um manejo eficiente que indica a importância de semear trigo e milho, dentro do sistema de produção de soja, para o controle efetivo e seguro de plantas daninhas, o manejo de pragas e doenças, para a formação de cobertura abundante sobre o solo e otimização no uso de máquinas e mãode-obra da propriedade. Os prognósticos de clima e mercado são elaborados com base no passado e, raramente, se repetem.

Eles devem fazer parte do planejamento da atividade, mas com um peso menor na decisão de área cultivada e de investimentos. É importante decidir com base no estabelecimento de um sistema de produção, metas de aumento e estabilidade dos rendimentos. O agricultor deve focar em fatores que estão sob seu domínio, investindo em conhecimento, informação e uso de tecnologias que resultem em aumentos na produção e na rentabilidade da sua lavoura.

Esse é o momento de planejar, argumentar e definir a área, as culturas e os processos de manejo para altos rendimentos do próximo ano. O planejamento de lavouras deve levar em conta o registro de preços, rendimentos, manejo e análise de sistemas integrados de produção. A eficiência e o alcance dos resultados positivos dependem de pessoas com sabedoria, que decidem e orientam com base em informação e no conhecimento do histórico das lavouras, que pode ser levantado com o apoio de anotações realizadas regularmente.

Para atingir a máxima rentabilidade, o agricultor não deve se concentrar apenas na redução de custos, mas investir em recursos humanos, conhecimento e na implantação de processos com objetivo de aumentar a produção e a rentabilidade por unidade de área.