Na sociedade cresce a percepção de valor dos recursos naturais, da necessidade de preservação e a demanda por produtos com origem conhecida e com benefícios à natureza. A Comunidade Européia, por exemplo, estabeleceu legislação que determina esforços da indústria para maior eficiência no consumo de combustíveis, com benefícios fiscais equivalentes a três mil euros na aquisição do automóvel com a produção menor do que 160g de CO2/km rodado.
Nos metrôs de alguns países europeus são exibidos cálculos sobre a redução de emissão de CO2 produzidos por automóveis, para diferentes distâncias, como estimulo ao uso de transportes coletivos movidos à energia elétrica. A produção de energia eólica também encontra-se amplamente difundida. O contraste entre a Europa e a América do Sul está na evolução da Agricultura. Os europeus continuam com a mentalidade de domínio da terra com o uso da força da máquina.
A potência do trator e o trabalho de preparar o solo ainda são as preocupações principais dos agricultores. Solos arados, desnudos e erodidos chocam o visitante sul-americano que pratica o plantio direto. No Brasil, a evolução na eficiência do uso de recursos naturais na agricultura foi voluntária, por iniciativa de grupos de inovadores, que se organizaram em Clubes Amigos da Terra ou Clubes do Plantio Direto.
A origem dessa consciência ambiental foi por necessidade de reduzir os prejuízos causados pela erosão de solos, pelos custos elevados de combustíveis e de reposição de fertilizantes. Isso, associado com o perfil dos agricultores inovadores, que entendem ser necessário produzir com maior responsabilidade ambiental e social. Entre os parâmetros que podem ser usados para quantificar a eficiência do agricultor que adota práticas conservacionistas e o plantio direto, destaca-se o consumo de combustível e de água.
Em arroz, no passado, com o intenso preparo de solo com arados e niveladoras, a construção de taipas para reter água e o uso de grades para controle de plantas daninhas, o consumo de combustível chegava a 189 litros de diesel e a produção de 3600 kg de grãos/ ha. Resultando no consumo de 53 ml de diesel por kg de arroz. Nos últimos anos, com a evolução nas práticas de manejo, cultivares mais produtivas, sistematização de áreas, taipas mais baixas, cultivo mínimo e plantio direto, o consumo de diesel é de 62 litros e a produção média chega a 7000 kg de grãos por hectare.
O consumo de diesel baixou de 53 ml para 9 ml por kg de arroz. A soja, até 1990, com o plantio convencional, incluindo a aração, as gradagens e a reforma de terraços, produzia em torno de 1500 kg/ha de grãos consumindo 60 litros de diesel/ha. Nos últimos anos, com a evolução do plantio direto, o melhoramento genético e a eficiência nos processos de manejo, a produção média de soja chega 2400 kg/ha e consumo de combustíveis é de 22 litros de diesel/ha. Portanto, para a produção de 1 kg de soja houve a redução de consumo de 40 ml para 9 ml diesel.
Em milho as práticas de semeadura e preparação de solo são semelhantes às da soja e a redução no consumo de diesel foi de 30 ml para 6 ml por kg de grãos produzidos. Os produtores mais eficientes na produção de milho (9 t/ha), soja (4 t/ha) e arroz (10 t/ha) produzem 1 kg de grãos com o consumo de 2,4 a 6,2 ml de diesel. Esse agricultor está adotando práticas mais eficientes e atendendo as demandas da sociedade para uma agricultura sustentável, com alimentos de qualidade e eficiência no uso de recursos naturais.
Em arroz, ainda pode ser calculado o consumo de água na irrigação. Nos últimos anos (2006 a 2010), com a redução no preparo de solos, sistematização de lavouras, taipas rebaixadas, plantio direto e cultivo mínimo, o consumo de água baixou para 8 a 10 mil m3/ha. No passado, o consumo de água para produzir 1 kg de arroz foi de 3900 litros. Hoje, o consumo de água é de 1300 litros por kg de grãos de arroz. A eficiência no uso de água triplicou com a adoção de boas práticas agrícolas. Um mérito do orizicultor brasileiro e do sistema de geração e transferência de conhecimentos.