Perguntas & Respostas


Autores:

Equipe Editorial Revista Plantio Direto

Publicado em: 30/06/2020

O uso de microrganismos para controle biológico de pragas ou doenças pode causar um desequilíbrio biológico no solo?

Por ser um assunto antigo, mas muito atual, há estudos sendo desenvolvidos para identificar se seria possível e como esse desequilíbrio ocorreria. Porém, podemos fazer um cálculo simplificado em duas etapas para entender porque isso seria improvável de acontecer em condições normais:

1) A concentração padrão de células de microrganismos em produtos biológicos pode variar de 10 milhões de células/mL ou g, até 100 bilhões de células/mL ou g. Vamos pensar em uma situação hipotética, com um produto biológico com concentração de 1 bilhão de células por mL.

1 mL de produto biológico = 1.000.000.000 microrganismos

As dosagens desse tipo de produto por área podem variar de 0,1 L/ ha até 2 L/ha. Considerando um valor intermediário de 1 L/ha, podemos considerar que estaríamos aplicando em um hectare a quantidade de 1 trilhão de células.

1 L de produto biológico por hectare = 1.000.000.000.000 microrganismos por hectare

2) Porém, devemos comparar com a quantidade de microrganismos já presente no solo: Sabe-se que cada grama de solo pode possuir entre 10 milhões até 1 bilhão de microrganismos.

1 g de solo = 100.000.000 microrganismos

Considerando os primeiros 10 cm de solo de um hectare, e considerando uma densidade do solo de 1 g/cm³ (para simplificar o cálculo), podemos dizer que temos aproximadamente 1 milhão de kg de solo.

1 hectare (profundidade de 10 cm) = 1.000.000 kg de solo

Dessa forma, podemos dizer que esse solo teria aproximadamente 100 quatrilhões de células por hectare.

1 hectare (profundidade de 10 cm) = 100.000.000.000.000.000 de microrganismos

Relação entre população presente e população adicionada=1017/1012 Relação entre população presente e população adicionada=105 Conclusão: Comparado com a quantidade de 1 trilhão de células que adicionamos no solo via produto biológico, é muito improvável que venha a ocorrer um desequilíbrio, dado o tamanho da população total de microrganismos, que nesse exemplo seria cerca de cem mil vezes maior.

Com a possível proibição do Paraquat para uso em lavouras, quais outros herbicidas poderiam ser usados como substitutos na dessecação?

Com a iminente proibição do herbicida Paraquat, os produtores que necessitam realizar operações de dessecação podem se ver em dúvida de quais ingredientes ativos podem servir como substitutos, mesmo que parcialmente. Existem herbicidas que podem auxiliar nesse sentido, porém sempre há pontos negativos. Algumas das opções mais conhecidas e utilizadas incluem:

Diquat – Ponto negativo principal: Não apresenta controle eficiente em gramíneas.

Glufosinato de amônio - Ponto negativo principal: Não apresenta controle eficiente em gramíneas; Não apresenta controle eficiente em plantas adultas; indicado apenas para plantas com 3 a 4 folhas, ou antes da fase de perfilhamento em gramíneas.

Saflufenacil (Heat®) - Ponto negativo principal: Não apresenta controle em gramíneas; deixa residual que pode afetar a culturas dicotiledôneas (como soja, feijoeiro, folhas largas em geral), sendo necessário aguardar 10 a 15 dias antes de semear esse grupo de culturas.

2.4-D e Glifosato - Ponto negativo principal: Herbicidas sistêmicos, que não afetam as plantas antes de alguns dias após a aplicação.

Além desses pontos a serem considerados, há também a questão de que alguns desses herbicidas têm um preço superior ou muito superior ao do Paraquat, tornando as operações mais custosas do que eram anteriormente. É recomendado que se avalie a necessidade de cada talhão, considerando a quantidade de massa verde da área (plantas de cobertura e/ou espécies daninhas), o estádio de desenvolvimento das plantas, a cultura que será implantada na sequência e o tipo de solo da área.