Perguntas e Respostas


Autores:

Equipe Editorial Revista Plantio Direto

Publicado em: 30/04/2020

Do ponto de vista da fisiologia das plantas, qual a indicação de horário para realizar irrigação através de pivô central em cultivos de grãos?

De maneira geral, o grande fator que define o horário do uso da irrigação é uma questão técnico-financeira. Do viés financeiro a utilização da irrigação noturna definirá o custo da realização dessa operação, pois diferentes horários do dia possuem diferentes custos de uso da energia elétrica. Dessa forma, o agricultor costuma utilizar a irrigação em horários que não sejam de “pico”, ou seja, em um horário com menor custo de eletricidade. Esse é normalmente o principal fator que estimula o agricultor a realizar irrigação à noite.

Do ponto de vista técnico, podemos considerar que a irrigação noturna é mais eficiente do ponto de vista de evitar perdas. Em geral a velocidade do vento à noite tende a ser menor e não há radiação solar resultando em uma demanda evaporativa é menor. Se a demanda evaporativa é menor, passa-se a ter uma menor perda de água por evaporação e transpiração das plantas resultando em uma eficiência do uso da água maior.

Do ponto de vista do funcionamento da planta, a água pode ser utilizada como uma maneira de reduzir a temperatura das plantas. Ao reduzirmos a temperatura diurna de plantas de soja por exemplo, reduzimos o custo energético das mesmas (respiração) e um processo de proteção pelo excesso de energia que é a fotorrespiração (específico de plantas com o mecanismo fotossintético C3 como a soja). Já no período noturno influenciamos somente a redução da respiração. Neste sentido a irrigação durante o dia, principalmente em períodos muito quentes, pode ser benéfico para a produtividade da lavoura.

Desta forma, todos estes aspectos devem ser ponderados, custo da energia, eficiência do uso da água da irrigação e demandas dos reflexos sobre a fisiologia das plantas.

 

Em solos com baixa Capacidade de Troca de Cátions (CTC), em que momento deve ser feita a aplicação de potássio em soja?

Solos com baixa CTC caracterizam-se normalmente por possuir alto teor de areia e baixo de matéria orgânica, sendo solos mais pobres em relação a nutrientes e que sofrem mais com a lixiviação. Quando a CTC do solo é baixa, menos cargas negativas no solo estão disponíveis para os nutrientes serem adsorvidos, fazendo assim com que o mesmo seja perdido por lixiviação quando ocorrem chuvas mais intensas. Pensando em um solo com baixa CTC, aplicações pesadas de potássio (K) na semeadura não se mostram benéficas, visto que grande parte desse nutriente não ficará adsorvido aos coloides do solo, podendo ser perdido facilmente pela água das chuvas, além de que fertilizantes com potássio tendem a ser muito salinos, podendo prejudicar a germinação. Nesse sentido, para aproveitar ao máximo o nutriente, ou seja, para que seja disponibilizado para planta, a aplicação potássica na linha de semeadura, para o desenvolvimento inicial da cultura, juntamente com uma adubação de cobertura, são uma opção viável, desde que aplicada no momento e forma certa.

A soja em todo seu ciclo, necessita de uma grande quantidade de K para seu desenvolvimento, sendo essencial para obtenção de uma boa produção. O potássio se caracteriza por ser absorvido em grande quantidade até o estádio R5.5, enchimento do grão. Levando em consideração a realidade de um solo com baixa CTC, quando o mesmo necessita de aplicações de potássio maiores que 50 kg/ha, o ideal a ser realizado é o parcelamento da aplicação, realizando a 1/3 da dose na semeadura, e 2/3 em cobertura, entre 30 a 40 dias após a semeadura, de preferência após o controle das plantas daninhas para que essas não utilizem o mesmo para seu próprio desenvolvimento. O gráfico ilustra a porcentagem de acumulo do nutriente K ao longo do ciclo da soja (considerando um ciclo de aproximadamente 120 dias após emergência).