Perguntas e Respostas


Autores: Equipe Editorial Revista Plantio Direto
Publicado em: 31/10/2019

Como trabalhar com nabo forrageiro em áreas com histórico de mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum)?

Não é recomendado utilizar o nabo forrageiro (e nem outras espécies das famílias das Brassicas e Leguminosas) em áreas com histórico do fungo causador do mofo branco, em função dessas espécies serem hospedeiras do fungo. Pensando no objetivo de erradicação (que é tarefa extremamente difícil) e redução do inóculo de Sclerotinia a níveis pouco significantes, o ideal é não utilizar nenhuma espécie hospedeira ao longo de várias safras (incluindo girassol, feijão, soja, nabo forrageiro, ervilha, ervilhaca, tremoço, entre outros). Às vezes tal tática não é possível em função da rentabilidade das áreas (excluir soja da área por várias safras não é viável), então nesse sentido busca-se ao menos minimizar e manter o talhão com histórico da doença por pelo menos um ano inteiro sem hospedeiros. Caso seja imprescindível o uso do nabo como planta de cobertura, deve-se realizar o manejo da cultura (rolagem/dessecação) antes do florescimento, que é o momento preferencial para infecção do fungo e também evita que sementes de nabo contaminadas com o mofo retornem ao banco de sementes do solo. No caso de utilizar o nabo em áreas com mofo branco, a consorciação com espécies gramíneas é o mais recomendado. Em áreas que a safra anterior teve incidência média/elevada da doença (incidência acima de 25%), o ideal é mantê-las apenas com espécies gramíneas (trigo, aveias, centeio, milho, etc.) ao longo do ano, buscando reduzir o inóculo. A utilização de controle biológico com organismos do gênero Trichoderma e Bacillus podem auxiliar na redução do inóculo durante a entressafra, buscando minimizar danos em safras futuras.

O que quer dizer quando um corretivo possui PRNT maior do que 100%? Quais as vantagens e impactos na dose utilizada?

O PRNT refere-se ao Poder Relativo de Neutralização Total, e é um indicador do poder de correção do solo de um determinado corretivo (ou seja, a qualidade daquele insumo como corretivo). O PRNT é composto de dois fatores: o PN (poder de neutralização) e RE (reatividade das partículas). O PN é o quanto o corretivo usado tem de equivalência ao Carbonato de Cálcio (CaCO3) puro, que é a substância padrão utilizada para corrigir a acidez do solo. Esse PN é apresentado em porcentagem.

Exemplo: O corretivo X possui 75% de PN, ou seja, possui 75% da capacidade de neutralização do CaCO3.

A outra parte que compõe a medida do PRNT é o RE (reatividade das partículas), que é o quão finamente moído está aquele corretivo. Isso se dá pois quanto mais fino é o calcário, mais facilmente e rapidamente ele irá reagir. O cálculo do RE é baseado na porcentagem de corretivo que fica retido em peneiras de diferentes tamanhos, e também se apresenta em porcentagem.

O PRNT se dá pela seguinte fórmula:

PRNT = (PN x RE) / 100

Em um exemplo prático, podemos imaginar que um determinado corretivo XYZ tem 75% de PN, e 82% de RE.
Aplicando isso na fórmula:

PRNT = (75 x 82) / 100

Nesse caso, teremos um PRNT de 61,5%.

Um PRNT maior do que 100% indica que o corretivo tem uma granulometria muito fina e/ou ele é composto por substâncias com alta capacidade de neutralização de acidez. A vantagem de corretivos com PRNT maior do que 100% é que é necessária uma dose menor do insumo por área para realizar a mesma correção, além do efeito de neutralização geralmente ser mais rápido. Considerar o PRNT do corretivo no momento da decisão é muito importante, pois tendo a informação do PRNT do produto, é possível calcular o custo real do corretivo, para uma comparação mais eficaz entre os produtos oferecidos. Para calcular o quanto realmente se está pagando por determinado corretivo, deve-se dividir o custo pelo PRNT, da seguinte forma:

Custo real = Custo / (PRNT / 100)

Exemplo: A tonelada do calcário A está com custo de R$ 850,00, e possui PRNT de 65%, enquanto que a tonelada do calcário B está com custo de R$ 1.050,00, e possui PRNT de 82%.

Comparando ambas:

Custo real Calcário
A = R$ 850,00 / (65 / 100)
Custo real Calcário
A = R$ 850,00 / 0,65
Custo real Calcário
A = R$ 1.307,69 por tonelada

Enquanto que:
Custo real Calcário
B = R$ 1.050,00 / (82 / 100)
Custo real Calcário
B = R$ 1.050,00 / 0,82
Custo real Calcário
B = R$ 1.280,48 por tonelada

Perceba que o Calcário A, apesar de mais barato, por ter um PRNT mais baixo, terá uma eficiência menor, e você precisará aplicar uma quantidade maior do produto para compensar esse PRNT menor. É possível que às vezes esse seja o caso no momento de comparar dois ou mais corretivos, e, portanto, é importante ter essa questão em mente.